quinta-feira, novembro 30, 2006

Sons em Trânsito

V Festival Sons em Trânsito decorre em Aveiro até ao próximo dia 2

O certame, que decorre até 2 de Dezembro, oferece na sua edição de 2006 um programa «muito mais ocidental e mais próximo da nossa cultura e linguagem musical», afirmou o director artístico, Vasco Sacramento. Ainda assim, é possível ao público ouvir músicos oriundos da Índia ou do Mali. O maliano Ballaké Sissoko é, de resto, uma das sugestões da organização – a cargo da empresa Sons em Trânsito e do Teatro Aveirense – para o dia inaugural do festival. Após a actuação de Cristobal Repetto, que promete ser a «grande atracção» do evento, sobem ao palco o artista do Mali juntamente com o italiano Ludovico Einaudi, «dois instrumentistas do melhor que há» que, segundo Vasco Sacramento, vão apresentar um «espectáculo muito bonito». «São dois mundos diferentes que se completam muito bem», acrescentou.

Continue a ler na edição de ontem do Diário de Aveiro

quarta-feira, novembro 29, 2006

Convicções

As convicções são, como sabemos, muito distintas dos sentimentos. As convicções permanecem no tempo, mesmo quando os sentimentos nos abandonam ou mudam. As circunstâncias, essas, estão sempre a mudar e, de certa forma, condicionam os sentimentos. Mas não as convicções.
Laurinda Alves

terça-feira, novembro 28, 2006

Despersonalização da Sociedade

A grande dimensão das estruturas económicas ou sociais nem sempre é sinónimo de qualidade e de bom atendimento aos clientes. Hoje em dia, deparamo-nos com um problema de comunicação com as estruturas de serviços que se torna tanto mais grave, quanto maior é o distanciamento entre o fornecedor e o cliente.

As famosas “linhas de atendimento ao cliente”, onde comunicamos com vozes gravadas que só nos fazem perder tempo, dinheiro e paciência, tomaram o lugar ao atendimento personalizado a que durante anos nos habituamos. A relação com o consumidor tornou-se fria e incompetente.

A passada semana tive de tratar de um pedido de liquidação a uma empresa de leasing que não tem sede em Aveiro. Habituada há muitos anos a tratar destes assuntos com determinada pessoa responsável, qual o meu espanto quando à partida, depois de um primeiro telefonema me encaminharam para uma linha de atendimento ao cliente. Aqui começou o caos. Dependente deste atendimento para obter o número de fax para endereçar o meu pedido, as horas passavam sem que eu conseguisse ser atendida.

É revoltante o que nos fazem passar. Provavelmente a liquidação de contratos não lhes interessará, uma vez que a política das financeiras se encontra vocacionada para o alargamento de prazos de contratos e não para o cancelamento dos mesmos. A sociedade comercial gira de tal forma em volta de interesses imediatos que a médio prazo poderá vir a sofrer de estrangulamento por falta de perspectivas.

A despersonalização é de tal ordem, que empresas de serviços como aquela que aqui registei se dão ao luxo de deixarem os nossos pedidos em lista de espera, sem nos poderem tão pouco oferecer uma data prevista de resolução. Por último, fazendo eu referência à urgência do pedido por motivo de negócios, pude ainda ouvir que a única solução seria dirigir-me pessoalmente a uma das suas sedes do Porto ou Lisboa.

E estamos nós na era do avanço tecnológico. Incompreensivelmente, nem o correio electrónico resolve ainda problemas desta natureza. No fundo a sociedade começa a sofrer de desajustamentos graves. Se por um lado se quer fazer querer que tudo está no caminho do desenvolvimento da tecnologia, por outro lado essa tecnologia não serve os interesses da sociedade e em termos práticos torna-se ineficaz e desumana.

Numa sociedade desenvolvida, a personalização tem que caminhar a passo com o avanço tecnológico, sob pena de nos tornarmos numa sociedade sem valores e sem respeito pelo homem enquanto centralidade dessa mesma sociedade. O avanço tecnológico tem que ser orientado para as necessidades do homem, servindo-o o melhor possível, sem o tornar escravo desse mesmo tipo de desenvolvimento, sem desconsiderar as relações humanas latentes entre todas as estruturas comerciais ou entidades estatais.

Não podemos permitir que as gerações futuras para além de nascerem endividadas, tenham também de nascer reféns da robotização.
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

segunda-feira, novembro 27, 2006

Sobre nós (1)

O que mais admiro: a Coragem

O que mais abomino: a cobardia

domingo, novembro 26, 2006

Mário Cesariny

Pintura de Mário Cesariny, no Ministério das Finanças

Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!

Supor o que dirá

Tua boca velada

É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor

Do que o dirias.

O que és não vem à flor

Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor!

Do que tu.

Não digas nada.

Sê Alma do corpo nu

Que do espelho se vê.

Morreu Mário Cesariny de Vasconcelos

sexta-feira, novembro 24, 2006

Estio entre as chuvas

Tanta chuva traz-me nostalgia. À memória assolam-me pensamentos penosos. A violência das torrentes fatiga e entristece.

Mas agora mesmo, o cinzento do céu clareou. A chuva parou. A acalmia do estio faz-me sentir a frescura dos passeios limpos. A pureza da terra lavada.

Encontro em mim uma força para continuar. Mesmo que chova daqui a pouco outra vez.

O combate à corrupção

O combate à corrupção foi o tema central do discurso do Chefe de Estado, nas recentes comemorações do 5 de Outubro e o facto não terá sido alheio ao novo Procurador – Geral da República que na cerimónia de posse abordou, quase que em exclusivo, o assunto.
De então para cá a matéria não mais tem saído dos jornais, sendo de destacar a meritória iniciativa do deputado João Cravinho que fazendo jus à sua condição de homem livre, apresentou um conjunto de projectos – lei visando dar luta aos corruptos. Creio que devemos aplaudir todas estes passos esperando todavia que as palavras, ao menos desta vez, tenham tradução prática. Compreenderão os leitores, assim o desejo, as razões de algum cepticismo, em primeiro lugar porque o problema não é novo e em segundo lugar, porque quantos ousaram no passado levantá-lo foram quase crucificados na praça pública.
Continue a ler, por Manuel Monteiro, no Jornal de Espinho, via Democracia Liberal

Notícias da moeda boa e da moeda má

a ler, por Jorge Ferreira, no TomarPartido

TLEBS

Sim, eu sei, só o nome assusta. Alguém no Ministério da Educação teve a peregrina ideia de alterar o ensino das funções da linguagem, esquecendo que antes de alguém poder manipular a linguagem precisa de saber falar, escrever e entender a língua com que se expressa.
Um monstrinho chamado Terminologia Linguística para os Ensino Básico e Secundário concebido nas catacumbas burocráticas daquele ameaçador Ministério, ameaça a sanidade mental de alunos, professores e famílias. Quem lida com jovens estudantes do ensino superior e com a sua deficientíssima preparação para lidar com a língua portuguesa só pode temer o pior desta TLEBS.
Parece que existe alguém que quer mesmo impedir que nos entendamos uns com os outros, baralhando a nossa comunicação.
Continue a ler, por Jorge Ferreira no Aveiro

quinta-feira, novembro 23, 2006

Os parceiros do mesmo jogo

Com estabilidade, sem crispações e jogando para ganhar o mesmo jogo, se encontram Cavaco Silva e José Sócrates. E se assim se constata, porque”não corre sobre rodas” este país? Será que por aqui reina a estabilidade, ou apenas o comodismo dos nossos governantes?
No passado Conselho para a Globalização que ocorreu em Sintra, à chegada, Cavaco Silva alertou para a urgência de empresários, políticos, sindicatos, investidores e «sociedade em geral» começarem a «pensar global e agir global» para Portugal não «ficar para trás» num mundo globalizado.
Por sua vez, José Sócrates não se cansa de apelar aos incentivos às novas tecnologias, à modernidade do nosso Portugal, ao investimento no nosso país de empresas com parcerias globais e dinamizadoras da nossa economia.
Como é possível continuarem a pensar à boa maneira medieval, que “com papa e bolos se enganam os tolos”, enquanto que sentados na cadeira no poder os senhores do reino apenas se preocupam com a cobrança de mais impostos?
Na realidade, em vez de mais investimentos em Portugal observamos mais deslocalização de empresas para outros países, em vez de crescimento económico verificamos mais desemprego e menos poder de compra, em vez de desenvolvimento temos agravamento do défice e aumento das dívidas sociais. A visão ilusionista da parceria Sócrates/Cavaco encaminha o país para os piores rumos, e a apologia da estabilidade política apregoada na última grande entrevista de Cavaco Silva não convence ninguém enquanto o insucesso e a falta de confiança continuar no lugar da melhoria da qualidade de vida dos portugueses.
Por vezes dou comigo a interrogar-me se na verdade viveremos, nós o povo, no mesmo rectângulo à beira-mar plantado que os nossos governantes. São extraordinárias as diferenças entre o que nos querem fazer crer que existe e o que é na realidade. Quando é que esta parceria do Governo/Presidente da República dará conta que as políticas que em conjunto defendem estão erradas e só estão a acentuar a crise?
O «pensar global e agir global» e o «choque tecnológico» são necessários e até mesmo urgentes a Portugal, sim, mas a par disso não podemos deixar de olhar em primeiro lugar para o país real. Aquele onde vivemos um dia-a-dia de pessoas que não têm dinheiro para pagar as taxas de saúde, onde as escolas e as maternidades são encerradas, onde existem crianças e idosos maltratados, onde as empresas encerram e o desalento é diário, onde a criminalidade aumenta e a prostituição se desenvolve, onde as pessoas voltam a emigrar em busca de melhores dias…
De que servirá o “pensar global”e o “pensar alta tecnologia” se continuarmos a exportar “quem assim consegue pensar” e a conviver cá dentro de portas com quem ainda se depara com “a chuva que escorre pelas paredes de casa” ou com quem está mais preocupado com a “conta dos medicamentos na farmácia por pagar”?
(publicado nas edições de ontem do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

segunda-feira, novembro 20, 2006

Luto por um amigo

Até sempre Elpídio!
Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de Outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...
José Gomes Ferreira

Cheguei

Foi assim, de repente... sem aviso nem demora, sem contar! outras paragens tomaram conta de mim... inspirar outros ares por vezes faz-nos tanto bem.
Até logo

quinta-feira, novembro 16, 2006

Democracia

«Um dos custos do unanimismo é a erosão da democracia. A democracia não é unanimista. »
Vicente Jorge Silva
Diário de Notícias

terça-feira, novembro 14, 2006

A anestesia do poder

“A perda da ressonância afectiva às noções de bem e de mal”: foi aquilo que eu senti no que pude acompanhar durante o passado fim-de-semana, relativamente ao Congresso do Partido Socialista.

Senão vejamos:
1) Como é possível ser José Sócrates reeleito com 97,2% dos votos dos militantes socialistas?
2) Como pude eu reconhecer professores meus amigos com assento no Congresso, que sei que ainda há dias rumaram a Lisboa para participar nas manifestações de protesto contra as actuais políticas da Ministra da Educação?
3) Como pude eu reconhecer tantos médicos conceituados com assento no Congresso, que no passado mês de Outubro, na Convenção da Ordem dos Médicos que se realizou no Centro Cultural e de Congressos em Aveiro, se indignaram duramente contra as actuais políticas da saúde, e inclusivamente o manifestaram na presença de Correia de Campos, actual Ministro da Saúde?
4) Mediante a decorrência dos dois anteriores pontos, como é possível que a moção de José Sócrates tenha ganho com apenas 1 voto contra de Helena Roseta, e apenas 6 abstenções?
5) Porque se ausentavam da sala as vozes gritantes da discórdia, dentro do seio do PS, sempre que havia lugar a votações?
6) Porque é que em três dias de Congresso, Manuel Alegre só apareceu para recusar o convite que lhe foi feito por José Sócrates para a Comissão Nacional do Partido Socialista, e resolveu dar a graça da sua presença apenas num só dia?
7) Porque é que os militantes em Congresso tudo aplaudiam, apesar das suas convicções contrárias fora daquela sala, e das suas adversidades políticas públicas com o próprio rumo que José Sócrates vai impondo no Governo, que como constatamos são radicalmente diferentes daquilo que o Partido Socialista a todos os portugueses prometeu nas últimas Eleições Legislativas?
As sete questões enunciadas anteriormente, são mais do que suficientes para percebermos que temos um Partido Socialista anestesiado pelo seu líder, que mesmo navegando nos caminhos da mentira, ilude e deslumbra nas teias hiper calculistas do marketing e inebria os militantes pela sua posse do poder num governo com maioria socialista.
Pois… claro está que o “Poder” conta tudo! A cobardia dos instalados no poder pesa mais do que o risco que seria afirmarem-se por aquilo que verdadeiramente pensam ideologicamente ou aquilo que sentem no seus mais íntimos princípios.
É pena que a massa humana seja tão frágil, tão dependente, tão pouco corajosa, tão deslumbrada com o bem-estar do poder. Ficou a perder o partido socialista, que com toda a certeza continuará a viver os seus dias numa podre unanimidade. Ficou a perder o país, que continuará a viver num vazio de protestos, de inconformismos, de lutas inglórias, enfim, de mais sofrimentos.
Mas nós sabemos que o “engano também é como o azeite, mais tarde ou mais cedo virá acima” e que a verdade, essa impõe-se naturalmente à ilusão, e nessa altura vermos o que realmente vencerá. Tal como já dizia António Aleixo: «Vós que de lá do vosso império prometeis um mundo novo, calai-vos que pode o povo querer um mundo novo a sério».
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Nova Democracia prepara eleições

O Partido da Nova Democracia (PND) marcou para Março os "Estados Gerais da Direita". O debate vai realizar-se em Lisboa e pretende definir e "clarificar espaços" da Direita na política portuguesa.

A decisão foi tomada em S. João da Madeira, num encontro que juntou o presidente do PND, Manuel Monteiro, alguns membros da direcção, o secretário-geral e os secretários-gerais adjuntos do partido, explicou à Lusa Sandro Neves (na foto).


Com a devida vénia ao Jornal de Notícias

A lista de possíveis candidatos às legislativas de 2009 também foi discutida. Manuel Monteiro considera essas eleições decisivas para relançar ou fechar o PND. "Ainda não ficou decidido por onde é que Manuel Monteiro se vai candidatar. Há uma luta interna no partido. Os distritos de Braga, Porto, Aveiro e Lisboa querem-no como cabeça-de-lista", disse Sandro Neves, adiantando que "se tiver condições, Monteiro avançará por Braga".

Assaltos à luz de cada dia

Autor: Pedro Afonso

sábado, novembro 11, 2006

Hoje

Hoje rendo-me
à sabedoria da tua espera,
que só de um rei

Hoje rendo-me
à dignidade da tua persistência,
que só de um verdadeiro lutador

Hoje rendo-me
à coragem sem fronteiras,
que só tu sabes ter

Hoje rendo-me
à alma de paixão sem limites,
que só em ti é possível

Hoje
conquistas-me, convences-me
que ontem lá vai
e amanhã... só Deus sabe

Augusta Almeida

Direita, Esquerda e Corrupção

A corrupção foi um dos temas escolhidos pela Nova Democracia para o seu III Congresso, que decorreu no passado fim de semana em Lisboa. O tema e a sua oportunidade revelaram-se indiscutíveis. Para o efeito, convidou Maria José Morgado e João Cravinho. Do muito e bom que foi dito, ficaram duas ideias na memória. A primeira afirmou que a direita é mais sensível à corrupção que "a esquerda, que tem uma dependência crónica do aparelho do Estado e das suas funções sociais". O segundo afirmou que ou se faz alguma coisa ou o país fica à beira da italianização, o que traduzindo para linguagem corrente, significa a necessidade de uma operação “Mãos Limpas”.
Estou de acordo com ambas as afirmações, se bem que seja necessário fazer duas prevenções. A primeira é que a corrupção em si mesma não é de direita nem de esquerda. Pode haver políticos de direita corruptos e há-os certamente e pode haver políticos de esquerda corruptos e há-os certamente. A seriedade tem a ver com o carácter e não com a ideologia. Embora possa haver ideologia que favoreça a corrupção. Quanto mais e maiores forem os negócios de Estados mais a corrupção vê terreno para medrar e actuar. A segunda é que quando no poder, já tivemos provas de que a direita, a geométrica, pode ser tão indiferente à corrupção como a esquerda. Não existe por assim dizer uma superioridade moral de esquerda ou de direita neste domínio.
Continue a ler, por Jorge Ferreira, no Aveiro

sexta-feira, novembro 10, 2006

Saber

A minha mão direita sabe muito mais do que eu.

Salete Tavares
via hfm

quinta-feira, novembro 09, 2006

A Mais Cruel das Torturas

Seria difícil conceber castigo mais demoníaco, pudesse uma tal coisa ser posta em prática, do que abandonar uma pessoa à deriva na sociedade por forma a passar despercebida a todos os seus membros. Se ninguém se voltasse para nós ao ver-nos entrar em casa, se ninguém nos respondesse quando nós falássemos, ou se preocupasse com o que nós fizéssemos, mas se toda a gente que conhecêssemos nos «desligasse do mundo» e agisse como se fôssemos entidades inexistentes, não tardaríamos a ser tomados de uma espécie de desespero de raiva e impotência, de que a mais cruel das torturas corporais seria um alívio.
William James
in 'The Principles of Psychology'
Estados Unidos[1842-1910]Filósofo/Psicólogo

quarta-feira, novembro 08, 2006

Em Congresso

Por Manuel Costa Brás, no Democracia Liberal
Uma vez definidas (ou redefinidas) as traves mestras da Direita – que os partidos que a dizem representar esqueceram, se é que alguma vez as conheceram, ou ignoram por completo – chegou agora a vez de, em coerência com esse ideário, lançar um programa político, que devemos reconhecer ambicioso.
Devemos gratidão ao Dr. Manuel Monteiro por ter impulsionado todo este movimento de ideias e de acção política para a refundação da Direita. Embora este trabalho já fosse necessário há décadas, foram muitos aqueles que em 2005 reclamaram a refundação da Direita, nas ideias e na acção política. No espectro partidário só o Dr. Manuel Monteiro se atreveu a tomar a iniciativa. Os ocupantes do centro e da direita que a esquerda criou, bem se deixaram ficar sossegados a comer as migalhas que o sistema lhes oferece. O Dr. Manuel Monteiro convidou-os a realizar um Congresso, uns Estados Gerais para ver o que há em comum, para “acertar baterias”. Qual Congresso, quais Estados Gerais! Ninguém se atreveu. Está tudo satisfeito com a morte das ideias.
Não mexeram uma palha, mas criticam e denigrem aqueles que têm iniciativa e apresentam aos portugueses alternativas de Direita à muito democrática ditadura cultural e política que a esquerda impõe há mais de 40 anos, na qual eles se sentem como “peixes na água”. Não admira pois que os Prof. Marcelos e Vascos Pulidos Valentes que por aí fazem a opinião publicada se sintam mal e reajam de forma intolerante sem, sequer, debater ideias.
Se perguntássemos hoje quais são as diferenças ideológicas entre CDS e PSD, entre PSD e PS, entre a direita e a esquerda do sistema, se perguntássemos ao Dr. Marques Mendes o que entende por social-democracia, ao Engº Sócrates e ao Dr. Louçã o que entendem por esquerda e socialismo, seguramente teríamos muito que nos rir. É óbvio que a Direita encarna a razão e a arte de um entendimento de Homem, de sociedade, de organização temporal, e que o combate de ideias iniciado tem que continuar, nunca estará concluído. Há um grande trabalho intelectual de elucidação dos espíritos pela frente. O tempo e os homens passam, mas as ideias e os valores permanecem, e só a vida dos homens pode chegar a ofuscar essas ideias e esses valores. Foi o que sucedeu nas últimas décadas.
Mas a política não é só ideias. Precisa de acção, de presença no terreno, de contacto com as populações e de disponibilidade para isso.Por isso, ninguém está a mais. Todos fazem falta porque todos podem ajudar de alguma forma: uns com palavras e ideias, mais à rectaguarda, outros com acção, no terreno, a mobilizar a população, outros com meios financeiros, que também fazem falta.
Não há nenhuma tarefa de implantação de ideias que seja fácil e imediata. Isto leva o seu tempo. É preciso combater e trabalhar pacientemente, marcando as diferenças, sem desistir.Os que mais resistirem, são os que vencem.

terça-feira, novembro 07, 2006

A Nova Direita

Num tempo de indefinições e de confusões ideológicas, em que o PSD e o CDS optaram por seguir, parecendo ocasionalmente negá-lo, os trilhos da governação socialista, – não têm sido quase todos os projectos do governo aprovados com os votos destes dois partidos? – há quem recuse esses caminhos e continue a porfiar pela implantação das ideias e dos valores tradicionalmente associados à Direita.
Há uma Nova Direita, chamemos-lhe assim para a distinguir das contrafacções ideológicas e dos arquétipos bolorentos, que, embora dirigindo a sua mensagem e as suas propostas a todas as áreas não socialistas, não se define como sendo a Direita que não é esquerda, mas sim, como a Direita que é Direita, que não é estrábica, e que quer implantar no país um conjunto de políticas muito diferentes das que, com mais ou menos música de valsa e com mais ou menos cosmética, têm sido propostas e, para descontentamento de todos, desde há 30 anos o voto popular tem permitido que continuem a ser levadas à prática.
Essa Nova Direita, sendo uma Direita moderna, não sofre no entanto dos complexos modernistas que caracterizam a mascarada política que vem desfilando no país, intermitentemente mais garrida ou mais lustrosa mas sempre sem grandes variações, e que se pode resumir na evidência chocante de continuamente se espremer o país com mais impostos, em nome de mais igualdade e de mais progresso, mas de que resultou um país com cada vez mais desigualdades e com problemas agravados nos mais diversos domínios, onde a corrupção é uma flor infestante que o regime permite, e que, em última análise, vai crescendo com a rega proporcionada por uma grande fatia dos impostos que quase todos têm que pagar, sempre, e sempre em maior grau.
Há aspectos essenciais que distinguem a Nova Direita, da dita Direita parlamentar, que dizendo-se diferente da esquerda tudo tem feito para com ela coincidir nos mais diversos domínios.
Entre eles estão a separação clara e sem confusões, das esferas do público e do privado, recusando a mixórdia em que o país tem vivido, onde os interesses só são privados enquanto são rentáveis, mas que passam a ser públicos ou subsidiados pelas contas públicas, mal as desventuras do mercado ou a inépcia da gestão ameaçam começar a fazer empalidecer a folha de resultados.
Continue a ler, por António Torres, no Democracia Liberal

III Congresso da Nova Democracia

Saiba tudo, todas as conclusões, no Democracia Liberal

segunda-feira, novembro 06, 2006

A Direita e a Corrupção no III Congresso da Nova Democracia

no Diário de Notícias, via TomarPartido

Maria José Morgado, procuradora-geral adjunta do Tribunal da Relação de Lisboa, tem "a sensação" de que a "direita é muito mais sensível" ao combate à corrupção do que "a esquerda, que tem uma dependência crónica do aparelho do Estado e das suas funções sociais". O combate à corrupção, para a direita, está "associado à autoridade do Estado e à defesa da ordem e da lei".
A magistrada arrancou com estas palavras um coro de palmas no III Congresso do Partido da Nova Democracia, que se iniciou ontem no Hotel Altis, em Lisboa. O deputado socialista João Cravinho, que já foi ministro das Obras Públicas, também convidado pelo PND a dissertar sobre o mesmo tema, não quis refutar a ideia de Morgado.
Tanto mais que ambos, moderados pelo dirigente do PND Jorge Ferreira, foram coincidentes nas análise do tema. Utilizaram palavras diferentes, mas defenderam que "os portugueses têm hoje consciência de que o fenómeno da corrupção é grave", que é um problema de sistema que "corrompe a democracia" nas suas diferentes vertentes.
Maria José Morgado, enunciou os "factores de risco" à escala nacional potenciadoras do fenómeno. Entre eles destacou a "estrutura feudal" de uma sociedade que depende "excessivamente do Estado, a par de uma economia pobre e de um mercado fechado". Não podendo mudar os factores de risco, a magistrada pugnou por uma "cultura de prevenção".
Cultura que, na sua opinião, deveria ser assumida pela Procuradoria-Geral da República, "se se organizasse". Considerou, porém, "admissível" a criação de um órgão pluridisciplinar - constituído, entre outros, por magistrados, forças policiais e agentes económicos - capaz de desempenhar aquela função.
João Cravinho gostou desta sugestão. Tanto mais que um dos seus três projectos já entregues no Parlamento relativos ao combate à corrupção, propõe a criação de uma comissão pluridisciplinar, sob a tutela da AR, nesta missão de prevenir e observar o fenómeno. Trata-se da proposta mais polémica, à qual o próprio PS recusou a bênção.
Segundo o deputado socialista, só se pode impedir a "italianização da vida pública portuguesa" se se conseguir instalar um sistema contra o sistema de corrupção, numa "perseguição implacável ao dinheiro".
Maria José Morgado já tinha dito que as autoridades internacionais alertam os Estados para o facto de a corrupção se associar ao crime organizado, ao branqueamento de capitais e até ao financiamento do terrorismo, numa aproximação ao poder político e capturando as funções sociais do Estado.
"Criminalizar a corrupção" e especializar agentes no seu combate, dotados dos devidos meios financeiros, foram a receita da magistrada. que gostaria de ver exigido ao procurador-geral da República a divulgação semestral ou anual das notificações de operações de branqueamento de capitais e o volume do seu confisco. Cravinho subscreveu a receita e acrescentou-lhe ingredientes: pôr em prática uma cultura de responsabilidade e de responsabilização na administração pública.
Os congressistas do PND aplaudiram os convidados e prosseguiram os trabalhos de uma reunião magna cujo lema é "Em nome da direita".

sexta-feira, novembro 03, 2006

III Congresso da Nova Democracia

4 e 5 de Novembro de 2006

Hotel Altis, R. Castilho, Lisboa

PROGRAMA

A Nova Direita

Começa já amanhã o III Congresso da Nova Democracia. A Nova Democracia foi fundada para construir uma alternativa política ao sistema, a partir da constatação do esgotamento do actual sistema político e partidário. Não é desistindo a meio do caminho que se conseguirá atingir esse objectivo. Desiludam-se os que gostava dessa “boa” notícia.

Os partidos situacionistas, quer o do Governo, quer os da oposição, são incapazes de mudar o sistema. PS, PSD e CDS são uma espécie de tridente de um sistema político caduco, esgotado, corrupto e incapaz de suscitar a mobilização dos portugueses para os desafios do futuro. São prisioneiros de interesses, autores dos defeitos do sistema, serviçais da União Europeia.Perderam a vontade reformadora, conformam-se com o desinteresse do povo, agradecem a indiferença geral para se perpetuarem no poder e na oposição, mas sempre a viverem à sombra dos negócios do Estado e à conta do Orçamento do Estado. A alegada direita com que alguns querem neste momento construir um partido único é uma direita cobarde e inconsequente, que apoia, subscreve e vota as principiais medidas do Governo do PS no Parlamento.

Só quem acredita que é necessário mudar, que é possível mudar e só quem quer participar no esforço de mudança, se sente bem neste partido. Quem apenas gosta de política para a ver sentado no sofá, de chinelos, de quatro em quatro anos, não está no PND a fazer nada. Quem, no fundo, apenas não gosta dos outros partidos por causa do estilo dos seus líderes actuais, mas quer o mesmo para Portugal, também não está no PND a fazer nada. Não será com esses que alguma coisa mudará em Portugal. Para eles, a política é uma passerelle onde desfilam alfaiates, sorrisos e esgares, que não ideias, projectos e compromissos.

Continue a ler, por Jorge Ferreira, no Aveiro

Para onde nos conduz o governo?

Jorge Coelho disse na SIC – Notícias que em Portugal a culpa parece morrer solteira. Referia-se ele ao julgamento a que vários técnicos do Ministério das Obras Públicas foram sujeitos, em consequência da queda da ponte de Entre – os – Rios. Estou inteiramente de acordo, mas tenho de perguntar: o que sugere o Dr. Jorge Coelho? Que outra ou outras pessoas se sentem no banco dos réus? Que o Estado indemnize as famílias das vítimas? Que estas recorram da decisão judicial, até alguém ser declarado culpado?
Precisamos de nos entender sobre esta matéria, porque fazer declarações bombásticas já não leva rigorosamente a nada e ainda por cima quanto proferidas por quem teve, e continua a ter, papel relevante na vida política nacional. É certo que o Dr. Jorge Coelho se demitiu de Ministro, assumindo na noite da tragédia uma atitude digna e de responsabilização política total, mas não é menos certo que os cidadãos em geral e em particular aqueles que perderam os seus familiares têm de acreditar no seu Estado e sentir que ele tem rosto. Este é um dos mais graves e actuais problemas do nosso país. A despeito de milhentas leis proclamando ao mundo sermos uma terra de direitos consagrados, a realidade demonstra que os cidadãos portugueses são os mais indefesos perante a tentacular máquina da Administração. Num Estado de direito democrático constitucional, para utilizar uma expressão de Gomes Canotilho, é inadmissível que quase nunca ninguém dê a cara. Se quando nos apresentamos a sufrágio dizemos sermos os melhores, os mais aptos, os mais capazes, para obter o voto dos eleitores, não nos podemos depois esconder atrás do muro quando nos pedem responsabilidades. E em democracia os primeiros responsáveis são os políticos, pelo que o mau funcionamento, ou o não funcionamento, das estruturas por si dirigidas lhes deve ser num primeiro momento imputada. Se existem pontes abertas ao público que caem, estradas disponíveis para a circulação rodoviária que abrem buracos, transportes públicos que não estão em condições de funcionar e por essa razão têm acidentes, é mais do que razoável exigirmos aos eleitos responsabilização efectiva por esses factos.
Continue a ler, por Manuel Monteiro, no Democracia Liberal

quinta-feira, novembro 02, 2006

Metamorfose

Para a minha alma eu queria uma torre como esta,

assim alta,

assim de névoa acompanhando o rio.

Estou tão longe da margem que as pessoas passam

e as luzes se reflectem na água.

E, contudo, a margem não pertence ao rio

nem o rio está em mim como a torre estaria

se eu a soubesse ter...

uma luz desce o rio

gente passa e não sabe

que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem

as nuvens não passem

tão alta tão alta

que a solidão possa tornar-se humana.

Jorge de Sena

Vencer as dúvidas

«As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que muitas vezes poderíamos obter, por medo de tentar.»
William Shakespeare
Inglaterra [1564-1616] Dramaturgo/Poeta/Actor/Compositor

Destaque do mês

Ao excelente Dolo Eventual. Muito bem atribuído, por Jorge Ferreira no TomarPartido

quarta-feira, novembro 01, 2006

O Eterno é a Própria Vida

Segundo a expressão de Lavelle, a morte dá «a todos os acontecimentos que a precederam esta marca do absoluto que nunca possuiriam se não viessem a interromper-se». O absoluto habita em cada uma das nossas empresas, na medida em que cada uma se realiza de uma vez para sempre e não será nunca recomeçada. Entra na nossa vida através da sua própria temporalidade. Assim o eterno torna-se fluido e reflui do fim ao coração da vida. A morte já não é a verdade da vida, a vida já não é a espera do momento em que a nossa essência será alterada. O que há sempre de incoactivo, de incompleto e de constrangedor no presente não é já um sinal de menor realidade.

Mas então a verdade de um ser já não é aquilo em que se tornou no fim ou a sua essência, mas o seu devir activo ou a sua existência. E se, como Lavelle dizia em tempos, nos julgamos mais perto dos mortos que amámos do que dos vivos, é porque já nos não põem em dúvida e daqui para o futuro podemos sonhá-los a nosso gosto. Esta piedade é quase ímpia. A única recordação que lhes diz respeito é a que se refere ao uso que faziam de si próprios e do seu mundo, o acento da sua liberdade na incompletude da vida. O mesmo frágil princípio faz-nos viver e dá ao que fazemos um sentido inesgotável.

Maurice Merleau-Ponty, in 'O Elogio da Filosofia'

França [1908-1961]