quinta-feira, agosto 27, 2009

Mais falências no Verão, maior desemprego no Outono

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Os estudos efectuados pela Coface Portugal, e publicadas esta semana no Jornal de Notícias (JN) revelam que em Julho deste ano faliram mais 28 empresas do que em igual período de 2008 (mais 28%) e que entraram mais 100 pedidos de insolvência (pelos próprios, apresentada; ou por terceiros, requerida). Instala-se o receio efectivo de que muitas empresas não abram depois das férias de Verão e uma insegurança atroz assola os portugueses.

Só em Julho, contabilizaram-se 128 falências e 308 pedidos de insolvência. Esta tendência infelizmente não é nova, e tem vindo a agravar-se de ano para ano, mas agora, e dada a conjuntura que Portugal atravessa, muitos especialistas económicos e muitos analistas políticos, já temem o pior.

O economista Luís Bento afirmou ao JN que estava convicto que «muitas empresas que nos últimos meses tentaram sobreviver, endividando-se e reestruturando pessoal, vão verificar que vão ter que fechar as portas, porque se mantêm os problemas de tesouraria, com clientes que não pagam e com a banca a não dar apoio».

Para o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco van Zeller, «os sectores que mais sofrem com os atritos da concorrência, também terão sérias dificuldades», e explica que em alguns casos «são as micro empresas que podem reabrir» mas, noutros, como o segmento dos componentes automóveis, «se fecharem o caso será muito mais sério».

Os números anunciados pelo estudo da Coface Portugal, confirmam que é o no sector da indústria transformadora que se registam mais insolvências (39), logo seguido pelo sector da construção (27), e pelo comércio a retalho (17). Tendo em conta estes três sectores, e os últimos cinco anos, verifica-se que estas são áreas recorrentes, onde se registam mais falências nos meses de Verão, desde o ano de 2004. Já no que diz respeito a “pedidos” de insolvência, entra em contabilidade um quarto sector, os serviços, que registaram um total de 40 pedidos de insolvência.

O economista Luís Bento, acrescentou ainda ao JN um outro dado, já verificável em Agosto, «o encerramento de micro empresas de turismo, que nem esperam pelo fim de Agosto, nota-se no Algarve e percebe-se com o aumento do desemprego na Madeira».

Mas o país não é todo igual e há distritos que se destacam no número de insolvências declaradas (que corresponde ao início do processo, podendo ditar ou não o fecho da empresa). É o caso do Porto, que em Julho já registava 31 falências, mais 21 do que em período homólogo, e que nos últimos cinco anos foi mesmo o distrito que mais falências apresentou, num total de 92, para o mesmo espaço temporal. Segue-se Braga com 29 falências declaradas (mais 12) e depois Lisboa num total de 16 insolvências.

Apesar de muitas campanhas políticas nos quererem fazer crer que a recessão estará a chegar ao fim, estas não passam de meras campanhas panfletárias, de um sistema político gasto e falacioso, que vive de mentiras e enganos fabricados para períodos de ilusões eleitoralistas.

Ainda que muito indicadores económicos sejam propositadamente inibidos e mascarados, o desemprego é uma realidade que vem engrossando o caudal da precariedade de vida dos trabalhadores portugueses, e acreditamos que corremos riscos de um Outono mais revolto e melancólico pelo cair doloroso da esperança, do que pelo cair natural das folhas.

Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quarta-feira, agosto 12, 2009

Que rica banca!

"O escândalo assume assim maior dimensão, quando os números divulgados pelo Banco de Portugal confirmam o facto da banca garantir lucros cada vez mais elevados"
Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
«Os lucros semestrais dos cinco grandes bancos do mercado português, BES, BCP, BPI, CGD e Santander Totta, subiram 24 por cento, em termos homólogos, para 1.067 milhões de euros, ou seja, quase seis milhões de euros por dia. A média combinada do resultado líquido dos maiores bancos do mercado português fixou-se em 213 milhões de euros no semestre, quase mais 53 milhões de euros por instituição do que em igual período de 2008. Em termos diários, entre Janeiro e Junho, os lucros das cinco instituições financeiras ascenderam a 5,9 milhões de euros, isto é, mais de um milhão de euros (1,2 milhões) de lucros por dia para cada uma delas.»
Extraordinário panorama, sem dúvida! Os resultados dos lucros do primeiro semestre da banca portuguesa, foram anunciados na passada segunda feira, e por momentos chegámos a equacionar se não estaríamos de férias da crise.
É caso para perguntar: Crise? Qual crise?
Estará por certo contida nestes números, a fonte de inspiração que tem feito os nossos governantes delirarem sobre o “fim da crise”. É que no meio de tantos encerramentos de empresas, despedimentos em catadupa, desemprego em alta, e perspectivas de recessão até 2010, não há quem entenda que governantes com responsabilidades na administração deste “mísero rectângulo”, ainda nos queiram convencer que estamos prestes a chegar ao fim da crise. Realmente só se for para eles próprios, a quem a crise nunca chegou a acontecer.
Consideramos um escândalo, os números dos lucros anunciados, ainda mais numa altura em que todos sabemos que têm vindo a ser diminuídos os impostos sobre os lucros da banca, que desde 1994 baixaram da taxa de 27,5% de acordo com a Lei, para os 12,5% nos últimos anos atribuídos pelas governações “chuchialistas”!
Há muito tempo que vimos chamando à atenção, para o capitalismo ultra-radical a que o povo português tem sido submetido. As políticas sociais e económico-financeiras dos últimos anos, estão a levar Portugal à ruína, acentuando de forma gravíssima o fosso entre ricos e pobres e aumentando sem quaisquer princípios nem escrúpulos, as desigualdades latentes entre alguns que se julgam cidadãos de primeira classe, e a maioria dos portugueses que são tratados como cidadãos inferiores, desprotegidos e humilhados. Enquanto a banca, tal como já vem acontecendo nos últimos anos, obtém sucessivamente em cada semestre os maiores lucros de sempre, o endividamento das famílias e das empresas não financeiras, principalmente as micro, pequenas e médias empresas, não pára de subir atingindo nesta altura os níveis mais altos de sempre.
Entendemos pois, que o sistema fiscal português não corresponde ao objectivo constitucional, hoje apenas “para inglês ver”, de obter uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza, mas antes de promover as desigualdades, como se pode constatar no facto de 60% das famílias portuguesas suportarem uma taxa de tributação entre 24 e 34% sobre o seu rendimento, e a banca pagar hoje, uma taxa que chega a ser inferior a 12,5% sobre os seus lucros.
Concluímos que o sistema fiscal português é desequilibrado e socialmente injusto. O escândalo assume assim maior dimensão, quando os números divulgados pelo Banco de Portugal confirmam o facto da banca garantir lucros cada vez mais elevados, e simultaneamente se afastar cada vez mais, no valor que paga ao Estado dos impostos sobre os seus lucros.
Às portas de novas eleições, se vingar a agenda do PS e do seu governo na prossecução dos seus objectivos, e na continuidade de apoio ao capitalismo financeiro, aos grandes grupos económicos, e às grandes obras públicas, Portugal deixará definitivamente de ser um país livre, para ser apenas uma colónia escrava do capitalismo ultra-radical desta era da dita “nova modernidade”!
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quinta-feira, agosto 06, 2009

Coragem

«É a esta força que mantém sempre a opinião justa e legítima sobre o que é necessário temer e não temer, que chamo e defino coragem»
Platão
in A República