quinta-feira, setembro 24, 2009

Uma nova direita versus esta velha direita

É triste verificar que as intenções de voto dos portugueses continuem a dar a maioria aos partidos da esquerda. É revoltante perceber que o PS depois de um mandato desastroso, mentiroso e definitivamente corrosivo para o desenvolvimento do país, continue a receber votos para talvez voltar a eleger José Sócrates como Primeiro-ministro de Portugal.

Em circunstâncias normais, o que o actual governo fez, e simultaneamente deixou de fazer, ao país, era mais do que motivo suficiente para, não só perder a maioria, como para deixar, evidentemente, e sem margem de dúvida, de ser governo.

E porque é que tal não está a acontecer de forma clara?

Tal não acontece, porque a direita portuguesa está fragilizada e sem força para agarrar a oportunidade. A direita portuguesa está gasta, dividida, e sem alternativas ao sistema. Aliás, a velha direita é o sistema em si própria, composta por carreiristas sem ideologia e sem alma. A alternância de poder em Portugal é uma realidade. Uma realidade tão dura e profunda, que se torna difícil de “desentranhar”. Os actuais políticos do PS, PSD e CDS são, ou já foram sistema. Os vícios que transportam do poder, acumulam-se e repetem-se em cada mandato, onde importam mais os interesses pessoais e partidários que os interesses do país.

Quem já esqueceu o que fez Ferreira Leite à frente dos destinos da Nação quando teve a seu cargo a Educação? E então, como ministra das Finanças? E agora, porque escolhe Maria José Nogueira Pinto? E quem já esqueceu o ex-ministro, Luís Nobre Guedes, e os seus malabarismos com os sobreiros, enquanto foi ministro do Ambiente? Para já nem falar de Paulo Portas e dos escândalos associados com a Universidade Moderna, ou dos estranhos negócios com os submarinos enquanto ministro da Defesa!

Também o actual Presidente da República, já foi ministro, e até Primeiro-ministro… (nessa altura designado como o “ministro do cimento e do alcatrão” pelas vozes do próprio Paulo Portas e da famosa Manuela Moura Guedes). E o que aprendeu Cavaco Silva com os seus erros, para os não repetir? Ao que parece, a avaliar pelos episódios ocorridos nos últimos dias em Belém, muito pouco.

Infelizmente já todos têm provas dadas, e ao que se sabe não deram os melhores exemplos. A democracia portuguesa cai assim em “saco roto”, ainda jovem, e já viciada e decadente. E os mesmos, sempre os mesmos, lá estão dentro do sistema ou à porta dele, à espera de poder voltar a entrar. São os profissionais da política, activos, de tempos a tempos inactivos, ou activos em outras “bandas largas de luxo”, reformados, ou até os “muito na moda”, pós-reformados.

Infelizmente, os pequenos novos partidos que por aí andam, nada trazem de novo a este deplorável cenário. Com ideias coladas ao designado “centrão político”, são constituídos por homens saídos do sistema, ou apenas com ambição de nele entrar, por si só, por si próprios!

Portugal, esse, o país, ficará de novo um país adiado, porque sejam quais forem os resultados das próximas eleições legislativas, não acreditamos que algo venha a mudar verdadeiramente.

Urge a coragem de ser diferente, sendo iguais a nós próprios, na defesa dos interesses nacionais, e em tudo que ao bem de todos diz respeito, pela igualdade de oportunidades sem igualitarismos.

Urge a necessidade de pessoas trabalhadoras, activas na sociedade mas não profissionais da política, assumirem responsabilidades cívicas, e tomarem por mérito o lugar dos falsos profissionais da política, imbuídas de espírito de sacrifício, mas numa liberdade responsável, sem receios e sem preconceitos.

Urge erguer a força da vontade, para uma mudança séria e efectiva, que levante uma nova direita nacional e democrata, uma nova direita ideológica, trabalhadora e com valores, capaz de enfrentar o sistema, capaz de enfrentar a ditadura de esquerda em que nos encontramos. Urge a coragem de ser radical com tudo o que vai mal. Nós já caminhamos numa luta que vai ao seu encontro, e você, não quer lutar connosco?
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade

sexta-feira, setembro 04, 2009

Dar menos às crianças, é criar adultos mais pobres e infelizes

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
«Portugal dá menos aos mais novos que a maioria da OCDE», foi a conclusão retirada do relatório “Childhood Decides”, analisado esta semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), do qual se conclui que, regra geral, a qualidade de vida dos menores no nosso País está muito abaixo da média do mundo desenvolvido.

O relatório realça que Portugal se encontra entre os países desenvolvidos que menos investem nas crianças dos zero aos cinco anos e refere ainda que os menores de 18 anos têm uma qualidade de vida abaixo da média da OCDE, devido a factores como a pobreza e os fracos níveis de ensino.

É vergonhoso que os portugueses vejam aprovados no Parlamento orçamentos para grandes obras públicas como o TGV ou o novo aeroporto, entre muitas outras, e, simultaneamente, Portugal seja um dos países da OCDE que menos investimentos públicos canaliza para as crianças até aos cinco anos.

No referido estudo, foram analisadas três grandes áreas – Padrões de Vida, Educação e Protecção – e nestas, foram também considerados aspectos como os valores dos abonos de família, e os incentivos fiscais às famílias, nos quais os avanços portugueses têm ficado muito aquém na comparação com a maioria dos países da OCDE.

Não é possível continuarmos a querer ser desenvolvidos, tendo em vista a ilusão das “aparências”, quando não salvaguardamos o que de mais sagrado devemos preservar para um futuro melhor. Sem crianças bem cuidadas, jamais poderemos almejar homens mais justos e mais felizes, mas antes contribuir para uma sociedade selvagem como aquela com que nos deparamos todos os dias, cada vez mais destituída de valores e de princípios, onde os interesses de uns poucos, não olham a meios para passar por cima da liberdade e do bem estar da maioria.

Não podemos ser livres se não somos responsáveis pelos nossos actos. Não somos responsáveis se negligenciamos as nossas crianças. Não podemos ter esperança num mundo melhor se não trabalharmos para investir na qualidade de vida da infância e juventude.

São tão básicas, quanto fundamentais, as regras que os nossos políticos ignoram para a arte de bem governar. Não lembraria ao diabo a criatividade de investir milhões na transcendente “tecnologia de ponta” dos “Magalhães”, quando uma em cada cinco crianças portuguesas (20%), se encontra exposta ao risco de pobreza, segundo o relatório publicado em 2008 pela Comissão Europeia sobre a protecção social e inclusão social, e adoptado tão timidamente pelo Conselho de Ministros do Emprego e da Segurança Social, que, até hoje, nada mudou.

Continuaremos a conviver com a pobreza, na infância, na juventude e na idade adulta, e continuaremos a ter políticos com mentes deformadas, enquanto não se reivindicarem mudanças radicais. Já nada se endireita com “reformazinhas” na educação, na economia, ou na justiça, enquanto os nossos políticos não virem ameaçadas as suas próprias reformas!

Terão de existir mudanças profundas no sistema, para que se operem mudanças significativas na qualidade de vida dos portugueses. Enquanto o não conseguirmos, temos por certo, que seremos um povo cada vez menos livre, cada vez mais pobre, e cada vez mais infeliz.

Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

Partido da Liberdade