quarta-feira, agosto 31, 2005

Democracia, pão e circo...

Entristece-me viver num país em que a classe política predominante continua a actuar como se o seu público-alvo fosse eternamente ignorante, e como se com papas e bolos se enganassem os tolos, esquecendo que já não é o tempo dos romanos, nem da inquisição, nem de Salazar.

Não restam dúvidas, a bestialidade humana repete-se ao longo da nossa história, escravizando a liberdade de pensamento dos menos poderosos e dando asas à ganância e à vaidade do poder. Por este motivo a civilização sofre tantos recuos indevidos, por este motivo existem depressões e revoluções que se poderiam evitar.

Portugal vive no momento actual uma crise gerada pelo retrocesso económico e político, mas acima de tudo uma crise social gerada pela falta de valores éticos e morais, que é de tal ordem grave, que acaba por afectar todas as classes, a todos os níveis.

Na educação tradicional, ensina-se que “o exemplo vem de cima”. Na actualidade, não se aprendem conceitos éticos por uma razão muito simples, porque a prática de tudo o que em teoria se possa defender, cai por terra nas acções degradantes com que a nossa sociedade se confronta. O exemplo não vem dos governantes, o exemplo não vem dos políticos, o exemplo não vem das religiões, o exemplo não vem das instituições, o exemplo não vem dos patrões, nem dos professores, nem da família, em suma: já não existe como dar exemplo.

Hoje, a tarefa mais difícil que se nos coloca é educar uma criança ou um jovem, porque eles não conseguem identificar nos adultos nem na construção do mundo que os rodeia, os valores que pretendemos transmitir. A educação transforma-se num diálogo de surdos, quando o que queremos ensinar se torna defender o indefensável.

Se viver em democracia significa conviver com corrupção todos os dias, se viver em democracia significa “salve-se quem puder”, se viver em democracia representa um país que se “alimenta de pão e circo”, se viver em democracia se torna mais e mais redutor, como ensinar aos nossos filhos que apesar de tudo isso… a democracia é o melhor dos regimes que até hoje se conseguiu encontrar?
(A publicar no Democracia Liberal)
(A publicar no Diário de Aveiro)

terça-feira, agosto 30, 2005

A roupa de luz


"Mestre, a lua clara e tranquila brilha tão alto no céu!
- Sim, ela está muito longe!
- Mestre, ajude-me a elevar até ela.
- Porquê? Não vem ela até ti?"

Os Melhores Contos Zen

domingo, agosto 28, 2005

Alta tensão

Nos fios tensos
Da pauta de metal,
As andorinhas gritam
Por falta de uma clave de sol.

António Nobre

Cinanima - 2005

A edição de 2005 do Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho (Cinanima) é a mais concorrida da sua história, com cerca de 700 filmes a concurso. Participam trabalhos cinematográficos oriundos de 48 países e o país com maior presença no Cinanima é a França com 95 filmes, seguindo-se o Reino Unido com 78 e Portugal com 61. Apesar da esmagadora maioria dos filmes a concurso serem de curta e média dimensão, o festival conta com a presença de dez longas-metragens, anunciou a organização do evento.
Caberá agora ao júri de selecção, escolher os filmes que participarão efectivamente nas secções competitivas do único festival de cinema de animação realizado em Portugal, que decorrerá de 7 a 13 de Novembro.

sábado, agosto 27, 2005

Campeonato da Europa de Bodyboard Feminino

Decorre na Praia da Barra, em Ílhavo, nos próximos dias 29, 30 e 31 de Agosto.
A Associação de Surf de Aveiro de Aveiro (ASA), à imagem do que tem habituado os amantes desta modalidade desportiva na organização de eventos internacionais, levará a cabo uma prova da European Surfing Federation, a Miss Sumol Cup.
Trata-se de uma etapa do Circuito Europeu de Bodyboard Feminino e contará com a presença, segundo avançou a organização, das «mais brilhantes estrelas do bodyboard feminino mundial, que durante três dias irão desfrutar das excelentes ondas da Praia da Barra». Desta forma, a ASA consegue garantir a presença de cerca de cinquenta bodyboarders de todo o mundo, que lutarão pela conquista de pontos para o ranking final do circuito mundial da modalidade.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Amanhecer sobre a Bahia

Na Bahia

...
Aqui ressoam os atabaques, os berimbaus, os ganzás, os agogôs, os pandeiros, os adufes, os caxixis, as cabaças: os instrumentos pobres tão ricos de ritmo e de melodia. Nesse território popular nasceram a música e a dança:
«Camaradinho ê Camaradinho, camará.»

in Tenda dos Milagres
Jorge Amado

Para que serve o Presidente da República Portuguesa?

Nos dois últimos meses o Dr. Jorge Sampaio fez duas fugazes aparições à Nação… Será porque é altura crise, de incêndios, ou simplesmente de férias?

Mas, dois meses de férias são muito tempo, digo eu. Ou dependendo da perspectiva, talvez o não seja para quem vive de salário e reformas acumulados! Para quem no entanto vive no país real, ainda chamado Portugal, no momento actual, dois meses são uma eternidade, na realidade.

E é sempre muito tempo, o tempo em que um país se afunda em crise profunda, e de nada servindo a pouca água ou a rotunda, para o país salvar.

Com a serenidade que convém e por mais uma temporada, vá-se lá saber até quando, se recolheu o Sr. Presidente da República. Será que desta vez para árduas tarefas de preparação e aconselhamento do seu próximo sucessor? Não, não creio. Até porque o seu natural sucessor do momento, e por ironia do destino, já foi Presidente da República e por certo e também conveniente não aceitará ser preparado por um companheiro a quem já ele preparou.

Perguntamos então: que fará o Presidente da República Portuguesa?

- Se ele não aparece ao país para apontar caminhos, se ele não aparece ao povo para encorajar um rumo, se ele não está presente às vítimas para uma ajuda sincera, se ele não apresenta reprimendas aos criminosos e aos corruptos, se ele não aconselha o Governo a salvar Portugal, então nada faz e tudo vai mal.

Para cortes de fitas, para entrega de medalhas e honrarias, para visitas de cortesia, para engrossar o caudal de custos e mordomias, não poderá continuar a suportar a Nação tamanha afronta.

É tempo de repensar a postura de um Presidente que tão pouco é Rei. É tempo de questionar mais um voto para outra figura alegórica. È tempo de mensurar gastos descomedidos. É tempo de tudo e a todos poupar e finalmente pensar num “regime Presidencialista”. Recuperando custos, evitando duplicação de despesas, ganhando capacidade de agir, partilhando poderes e concentrando decisões, melhoraria o país, ganharíamos todos!

(publicado no Democracia Liberal)

(publicado no Diário de Aveiro)

quarta-feira, agosto 24, 2005

Verdade

«A culpa foi tua, mãe. Antes de me ensinares o medo aos lobos,
habituaste-me a dizer sempre a verdade»
Manuel da Costa e Melo
in "Memórias Cívicas 1913 - 1983"

Sorriso forçado

"A Expressividade do Sorriso - Estudo de um caso em jornais portugueses"

É o título de um estudo inédito a nível mundial, realizado pelo psicólogo e professor Armindo Freitas Magalhães, que analisou mais de 100 mil fotografias em todos os jornais diários. «A principal conclusão é que entre 2003 e 2005 tem vindo a diminuir a exibição do sorriso nas fotografias dos jornais, o que poderá ter a ver com a situação que o país atravessa», afirmou.
Este trabalho teve início em Dezembro de 2003 e deverá estar concluído apenas no final deste ano. Contudo, o especialista afirma que a partir das mais de 100 mil fotografias analisadas em todos os jornais diários foi possível retirar já alguns indicadores importantes, que serão apresentados na IIª Conferência Europeia da Expressão Facial, que se realizará em Inglaterra de13 a 16 de Setembro.
Nestes dois anos, as mais fotografadas foram pessoas entre os 35 e os 50 anos, que exibiam quase sempre um sorriso fechado e superior. As de mais idade foram as menos fotografadas e as menos sorridentes. Em contrapartida é nas fotografias de crianças que mais se vê o sorriso aberto «o que vem confirmar dados de estudos anteriores que indicam que quanto mais jovem se é, mais frequentemente se sorri e mais espontâneo e verdadeiro é o sorriso».
«O sorriso largo, que quase nunca é exibido nas fotografias de adultos, é que mais se aproxima da emoção felicidade», afirma o psicólogo, acrescentando que «quanto mais diminui, mais se aproxima da emoção tristeza». Freitas de Magalhães salientou ainda que em determinadas fotografias aparecem os «sorrisos falsos», aqueles que são forçados quando o protagonista percebe que vai ser fotografado. No entanto, trabalhando as fotografias em laboratório «percebe-se perfeitamente quando se está perante um sorrriso falso», porque ao forçar os músculos para sorrir, o rosto fica assimétrico.
«Sorriso falso é o que normalmente acontece quando se está a posar para uma fotografia», explicou, adiantando que esse foi, aliás, um dos motivos porque as chamadas revistas cor-de-rosa não foram utilizadas na investigação.
O estudo aponta ainda uma diferença significaiva entre os géneros: neste panorama de poucos sorrisos, confirma-se mais uma vez que apesar de tudo «as mulheres sorriem mais do que os homens».
in Suplemento Semanal Saúde, DA

Lamento

Pátria sem rumo, minha voz parada
Diante do futuro!
Em que rosa-dos-ventos há um caminho
Português?
Um brumoso caminho
De inédita aventura,
Que o poeta, adivinho,
Veja com nitidez
Da gávea da loucura?

Ah, Camões, que não sou, afortunado!
Também desiludido,
Mas ainda lembrado da epopeia...
Ah, meu povo traído,
Mansa colmeia
a que ninguém colhe o mel!...
Ah meu pobre corcel
Impaciente,
Alado
E condenado
A choutar nesta praia do Ocidente...

Miguel Torga

terça-feira, agosto 23, 2005

Incendiados


Incendiados
de fumo e de raiva.
Desespero sem esperança,
transferência ,
de uma dor imensa.
Para um futuro,
desacreditados.

Agosto 2005

domingo, agosto 21, 2005

Palheiro José Estevão

Palheiro de José Estevão Coelho de Magalhães, ainda existente na Costa Nova.
Reprodução de uma zincogravura incluída na obra Eça em Verdemilho e a sua vida, página 267, da autoria de António Lebre, Aveiro, 1962.

Costa Nova

Entre a Ria de Aveiro e o Mar fica uma península, e aqui se encontra a Costa Nova, com as suas casas com riscas coloridas derivadas das originais casas de pescadores. Estas casas de madeira são designadas "Os Palheiros" e constituem património a preservar por serem cada vez mais raras.

Costa Nova - Os Palheiros (I)

Costa Nova - Os Palheiros (II)

sábado, agosto 20, 2005

Costa Nova - Os Palheiros (III)

sexta-feira, agosto 19, 2005

Sófocles

Sófocles, um dos maiores génios da literatura grega e universal, nasceu por volta de 496 a.C. e morreu em 405 a.C.
Tinha apenas 28 anos quando as suas peças começaram a ser representadas. Deve ter escrito mais de 100 obras, mas delas apenas nos ficaram 7, que a antiguidade seleccionou como as melhores.
Édipo Rei, por muitos considerada a mais perfeita obra de teatro de todas as literaturas, apresenta um episódio da trágica existência de Édipo.
Filho de Laio e de Jocasta, rei de Tebas, Édipo nasceu marcado por um destino inexorável. O oráculo profetizara que ele viria a matar o pai e a casar com a mãe. Tomaram-se medidas para evitar a desgraça. Mas, vítima de uma esmagadora fatalidade e num caminhar necessário para a catástrofe, Édipo acaba mesmo por assassinar o pai e desposar a mãe, ignorando a sua verdadeira identidade.
Quando a verdade se lhe revela em toda a sua monstruosidade, Édipo, que entretanto ocupara o trono de Tebas, pune-se a si próprio vazando os olhos e partindo para o exílio.

Sublime

«Não há tarefa mais gloriosa para um homem, do que pôr a sua ciência e o seu poder ao serviço dos outros homens»
Sófocles

Édipo Rei

Édipo:

Ó Tirésias, tu que compreendes todas as coisas, as lícitas e as ilícitas, as do céu e as da terra, bem sabes, embora privado da luz dos olhos, de que mal sofre a cidade; e só a ti encontrámos para nos proteger e nos salvar. Com efeito, Febo - e já talvez estes to tivessem dito - respondeu aos nossos enviados que a única maneira de nos livrarmos da doença era matar os assassinos de Laio ou exilá-los na cidade. Não nos recuses os augúrios das aves nem as outras adivinhações; salva a cidade, salva-te a ti próprio e a mim; lava esta impureza que ficou pela morte do homem que mataram. De ti depende a nossa salvação; não há tarefa mais gloriosa para um homem, do que pôr a sua ciência e o seu poder ao serviço dos outros homens.
...

Sófocles, Édipo Rei

quinta-feira, agosto 18, 2005

A Ponte para a Eternidade

«Para trazer qualquer coisa à sua vida, imagine que já está lá»
Richard Bach

Palheiros Únicos - Costa Nova

Autárquicas e Contra-Senso

16 de Agosto, foi o último dia do prazo para a entrega das listas concorrentes às Eleições Autárquicas de 2005. Constituiu também mais um marco possível para o refrescamento democrático do poder local em Portugal. Mas será que esta oportunidade vai ter o aproveitamento que com urgência se exige?

Infelizmente, a avaliar pelo ambiente que se viveu um pouco por todo o país nesta temporada de apresentação de candidatos, tudo leva a crer que vamos viver mais do mesmo nos próximos tempos, ou seja, promessas fúteis, interesses pessoais acima dos interesses colectivos, elogios baratos, ataques destrutivos, pobreza de espírito e acima de tudo falta de ideias inovadoras e de apresentação de soluções para os lugares a que se concorre.

É pena que assim seja. É pena que assim se constate. Mas não o podemos ignorar. O rotineiro e gasto ambiente do “lavar de roupa suja”, que se repetiu como palco para um momento que se pretendia de mudança, de novos rumos, de apresentação de novas caras e de ideias mais limpas e de bom senso.

Nós, na NovaDemocracia, já demos a prova que não embarcamos nessa Nau. É pública a nossa renúncia a trocas de interesses, a pactos contra-natura e de contra-senso. Somos fiéis ao que nos propomos e tal como defendemos na nossa última Convenção de Abril em Aveiro, as Eleições Autárquicas não constituem para nós um princípio nem um fim, mas apenas mais uma etapa de um caminho que muito mais terá para percorrer.

Com um ano e meio de existência, não temos a veleidade nem a vontade de nos querermos comparar com máquinas partidárias de 30 anos, nem temos tão pouco a intenção de entrar nesta corrida a qualquer preço, sem olhar a meios para alcançar os fins. Para este efeito, as opções são claras para quem as quiser tomar e residem nos partidos e nas coligações do velho sistema, bem sustentado em camadas de alternância à espera de “vez” para entrar, em prol da entrada para alterar.

A NovaDemocracia concorrerá nas Eleições Autárquicas, onde se propicie a possibilidade de construir algo de verdadeiramente novo, com caras verdadeiramente novas e propostas verdadeiramente alternativas. Essa será a nossa postura nas próximas eleições, onde nos for possível ir por diante sem adulterarmos os nossos objectivos, sem pressas nem atropelos. No distrito de Aveiro, incorporaremos soluções nos concelhos de Aveiro, Espinho, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Sever do Vouga.
(Publicado no Democracia Liberal)
(A publicar no Diário de Aveiro)

NovaDemocracia estará presente nas Eleições Autárquicas em 6 Concelhos do Distrito de Aveiro

O Círculo Eleitoral de Aveiro apresentou candidatos às próximas Eleições Autárquicas, nos Concelhos de Aveiro, Espinho, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Sever do Vouga.

Em Aveiro, a lista apresentada da NovaDemocracia foi pela Assembeleia de Freguesia de Cacia, encabeçada por Diamantino Carlos Mendonça, Conselheiro Geral da ND e Coordenador Concelhio de Aveiro.

Em Espinho, Paulo Jesus, Coordenador Concelhio da ND e Drª Lia Amaral militante da ND, incorporaram o Movimento Independente "Força Espinho", respectivamente no 3º lugar à Assembeleia Municipal de Espinho e 4º lugar à Câmara Municipal de Espinho.

Em Oliveira de Azeméis, foi apresentada lista da NovaDemocracia à Câmara Municipal, encabeçada por Miguel Monteiro, Conselheiro Geral da ND e Coordenador Concelhio de Oliveira de Azeméis, tendo assumido o 2º lugar da lista, Susana Barbosa, Coordenadora da Direcção do Círculo Eleitoral de Aveiro e membro da Direcção Nacional da ND.

Em Santa Maria da Feira, a lista apresentada da NovaDemocracia foi pela Assembeleia de Freguesia de São Tiago de Lobão, encabeçada por Mário Jorge, tendo assumido o 2º lugar da lista, Fernando Almeida, Conselheiro Geral da Nova Democracia.

Em São João da Madeira, a lista apresentada da NovaDemocracia foi pela Assembeleia de Freguesia de São João da Madeira, encabeçada por José Maria Soares, Conselheiro Geral da ND e Coordenador Concelhio de São João da Madeira.

Em Sever do Vouga, a lista apresentada foi pela Assembeleia de Freguesia de Cedrim do Vouga como Lista Independente de Cedrim do Vouga, encabeçada por Edgar Jorge Silva, Conselheiro Geral da ND e Coordenador Concelhio de Sever do Vouga.

sexta-feira, agosto 12, 2005

O Progresso do Conhecimento

São maus os navegantes
que pensam
que não existe a terra,
quando não podem ver
mais que o mar.

Francis Bacon

quarta-feira, agosto 10, 2005

O Flagelo dos Incêndios

Choveu um pouco por todo o distrito de Aveiro. Nada de mais divino poderia hoje aqui acontecer, do que podermos sentir o cheiro de terra molhada.

Só mesmo com a ajuda da natureza, poderíamos entrar na fase de rescaldo dos intermináveis incêndios. Já não era sem tempo. Os bombeiros vão-se retirando, na esperança de enfim poderem ter algum merecido descanso. Creio que sem essas almas corajosas, persistentes, solidárias, resistentes e determinadas, denominadas bombeiros, não sobraria no nosso distrito, qualquer mancha de floresta verde, que tanto necessitamos para purificar os poluídos ares que nos rodeiam.

Com a ausência do Sr. Primeiro-ministro para férias, espero bem que os restantes membros do Governo responsáveis pela administração interna e ordenamento do território, ambiente e agricultura, lhe façam chegar em devida coerência e pormenores necessários, relatórios das calamidades vividas neste distrito em particular porque aqui resido, assim como de todos os outros que não foram poupados a tal castigo.

Vimos arder a Serra do Arestal, a mais alta do concelho de Sever do Vouga, pérola das suas gentes, motivo de tantos hinos e cantares. Vimos arder a Serra da Freita, considerada uma das mais exóticas de Portugal, onde se podem encontrar as tão famosas pedras parideiras que constituem fenómeno raro na Europa e no Mundo. Vimos arder tantas outras Serras e mais Serras, todas tão belas e igualmente únicas. Vimos arder casas, vimos morrer animais e assistimos ao profundo desespero e desalento das pessoas que sem culpa viram arder os haveres de uma vida.

Um pouco por todo o país este cenário repetiu-se, desde Trás-os-Montes à Serra da Estrela, de Piódão ao Algarve… E este cenário repete-se ano após ano, sem que cortina alguma coloque um fim a esta miserável ameaça, que sempre retorna, que persiste em nos não abandonar porque o que se lamenta é pouco, para o muito que haveria seriamente que fazer.

Nós na Nova Democracia, não cruzaremos os braços à espera de mais uma safra de incêndios. Iniciámos o trabalho em Julho saindo para o terreno, auscultando responsáveis e Instituições que se pronunciaram sobre os meios e a falta deles, para combate aos incêndios. O Dr. Manuel Monteiro e a equipa responsável por esta dinâmica, não ficarão por aqui.

O estudo sobre esta triste realidade que a todos os portugueses afecta, irá continuar com a intenção de ir mais longe e para além das constatações e problemas inerentes que já conhecemos, pretende formular propostas e soluções num relatório a apresentar nos Ministérios competentes para um debate frontal, sério e responsável de uma matéria que deve ocupar o interesse de resolução ao longo de todo o ano pela prevenção, e não apenas no decurso de uns meses mais quentes, em plena devastação.

(A publicar no Democracia Liberal)

(A publicar no Diário de Aveiro)

terça-feira, agosto 09, 2005

Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas,
Pensem nas meninas
Cegas inexatas,
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas,
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas.
Mas, oh não se esqueçam
Da rosa da rosa,
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária,
A rosa radioactiva
Estúpida e inválida,
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica,
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

"Secos & Molhados"
(Gerson Conrad - Vinicius de Moraes)

Na política também não...

«Na vida nunca se deveria cometer duas vezes o mesmo erro: há bastante por onde escolher.»
Bertrand Russell

segunda-feira, agosto 08, 2005

Intimação

Abre em nome da lei.
Em nome de que lei?
Acaso lei sem nome?
Em nome de que nome
cujo agora me some
se em sonho o soletrei?
Abre em nome do rei.

Em nome de que rei
é a porta arrombada
para entrar o aguazil
que na destra um papel
sinistramente branco
traz, e ao ombro o fuzil?

Abre em nome de til.
Abre em nome de abrir,
em nome de poderes
cujo vago pseudónimo
não é de conferir:
cifra oblíqua na bula
ou dobra na cogula
de inexistente frei.

Abre em nome da lei.
Abre sem nome e lei.
Abre mesmo sem rei.
Abre sózinho ou grei.
Não, não abras; à força
de intimar-te repara:
eu já te desventrei.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, agosto 06, 2005

Meditação

... O teu pensamento é como um elefante selvagem, disse o velho mestre ao discípulo. Fica com medo, salta em todas as direcções, e urra aos quatro ventos. A tua "atenção" é a corda, e o "objecto escolhido da tua meditação", o poste enterrado no chão. Acalma o teu pensamento, captura-o, domestica-o, e conhecerás o segredo da verdadeira liberdade.
Meditação
O poste
A respiração: Inspira, expira, sem mudar o que quer que seja, tu és esta respiração que vem e vai, que sobe, desce, sem pausas, sem entraves, que vem e que vai...
A corda
A atenção: Observas, sem impaciência, sem cólera, sem julgamento, segues com um olhar interior, indulgente e neutro, esta respiração que vem e que vai. Se tens vontade de te agitar, de espezinhar, de gritar, de "urrar", contemplas os teus pensamentos, as tuas emoções que te abalam, te arrastam, e não te implicas, deixas vir, deixas ir. E todas as cóleras, todas as impaciências se dissipam como o fumo. E observas de novo a respiração que vem, e que vai...
Os melhores contos Zen

sexta-feira, agosto 05, 2005

Incêndios


Inferno,
Angústia,
Dor,
Calamidade,
Solidariedade,
Desalento,
Revolta,
Impotência,
Consternação,
Luto.

quinta-feira, agosto 04, 2005

FARAV - XXVI Feira de Artesanato de Aveiro

Entre os dias 06 e 14 de Agosto, terá lugar no Parque de Exposições de Aveiro, a 26ª edição da Feira de Artesanato da Região de Aveiro (FARAV), uma das principais feiras de artesanato da região, que tão bem traduz a alegre e criativa forma de vida das suas gentes.
Este ano, na FARAV vão estar presentes cerca de duas centenas de artesãos e a grande maioria estará a trabalhar ao vivo. Para além de várias associações e representações oficiais, estarão ainda representados países estrangeiros como Angola, Brasil, China (incluindo Hong Kong), Egipto, Equador, Gana, Índia, Mali, Marrocos, Perú, Quénia, Rússia, Senegal e Zimbabwe.
A FARAV organiza anualmente o Concurso "A Melhor Peça de Artesanato", uma iniciativa que tem como objectivo a dinamização e produção do artesanato português. Até ao momento já estão inscritas cerca de duas dezenas de peças de artesanato, que estarão a concurso nas vertentes Artesanato Tradicional ou Artesanato Criativo.
No mesmo recinto de Exposições da FARAV, decorre ainda a 10ª Feira Regional de Gastronomia, onde os visitantes poderão encontrar dez restaurantes típicos e cerca de vinte stands a vender produtos tradicionais, numa oferta destinada a proporcionar-lhes as melhores especialidades e petiscos regionais. Nesta mostra pode ser apreciada a caldeirada de enguias, variadas confecções de lampreia e bacalhau, as carnes autóctones arouquesa e marinhoa, as chanfanas e o leitão. E tudo isto na excelente companhia dos doces regionais e conventuais que associam história e qualidade como os os ovos moles de Aveiro, o pão-de-ló de Ovar, a tradicional doçaria de Arouca, os pastéis de Águeda, entre outros.
A FARAV, este ano pela primeira vez promovida pela Aveiro Expo, empresa municipal responsável pelo Parque de Feiras e Exposições, conta com animação todas as noites, prevendo-se que possa receber ao longo dos nove dias, mais de 50 000 visitantes.

quarta-feira, agosto 03, 2005

IRC, por conta de quê?

Como se já não bastassem os adiantamentos de IVA ao Estado, que as empresas são obrigadas a efectuar, ainda existe a obrigatoriedade de se fazerem “adiantamentos por conta” de IRC. Pergunto, por conta de quê?

Julho, Setembro e Dezembro de cada ano, são os meses em que obrigatoriamente as empresas têm que depositar nos cofres do Estado português, pagamentos por conta, que são calculados com base na colecta apurada no exercício anterior. Para agravar a situação, são devidos juros compensatórios em caso de incumprimento, à taxa de 4%, contados desde a data em que cada entrega deverá ser efectuada, até ao momento em que a falta venha a ser suprimida.

Já alguém imaginou quanto aumentaria o défice, se todas as empresas que têm dívidas do Estado, resolvessem cobrar 4% de juros durante os prazos de incumprimento?

É que o Estado paga tarde e a más horas aos seus credores, mas não tolera um dia que seja de atraso, aos contribuintes devedores. Mais uma vez, não existe equidade de princípios.

Para além do gravoso estado, da justiça do Estado quando resolve aumentar o IVA para 21%, depois das promessas de campanha do “não aumento de impostos”, temos agora a continuidade da prepotência coerciva, mesmo sabendo nós, dos incumprimentos escandalosos do próprio Estado.

Todos os meses as empresas com contabilidade organizada, são obrigadas a pagar IVA ao Estado, mesmo sem o terem recebido dos seus clientes. E têm que pagar, ainda que esse mesmo IVA, não tenha sido recebido do Estado, quando existem facturações ao próprio Estado. Trata-se de um adiantamento sem juros!

Agora, numa situação de crise profunda das empresas e da economia em geral, teremos de continuar a pagar “IRC por conta” de lucros previsíveis, calculados na base do rendimento do ano anterior… Faria sentido as empresas solicitarem adiantamentos aos seus clientes, por conta do que por hipótese eles haverão de comprar até ao final do ano?

Num momento em que os volumes de negócios decrescem todos os dias, que sentido faz financiarmos o Estado com adiantamentos sem juros, sobre aquilo que nem sequer é certo de vir a acontecer? Incongruências que doem tanto mais, quanto maiores são as provas que tiramos das acções de um Estado, que constatamos a cada passo que não é pessoa de bem.
(a publicar no Democacia Liberal)
(a publicar no Diário de Aveiro)

segunda-feira, agosto 01, 2005

Atma

Atma, ou atman, é uma palavra sânscrito, que designa o Absoluto, O Infinito, o Ilimitado, o Eterno, a única Realidade.

Será que isto existe?

Nostalgia

Nesse País de lenda, que me encanta,
Ficaram meus brocados, que despi,
E as jóias que plas aias reparti
Como outras rosas de Rainha Santa!

Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta!
Foi por lá que as semeei e que as perdi...
Mostrem-me esse País onde eu nasci!
Mostrem-me o reino de que eu sou Infanta!

Ó meu País de sonho e de ansiedade,
Não sei se esta quimera que me assombra,
É feita de mentira ou de verdade!

Quero voltar! Não sei por onde vim...
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!

Florbela Espanca