Democracia, pão e circo...
Não restam dúvidas, a bestialidade humana repete-se ao longo da nossa história, escravizando a liberdade de pensamento dos menos poderosos e dando asas à ganância e à vaidade do poder. Por este motivo a civilização sofre tantos recuos indevidos, por este motivo existem depressões e revoluções que se poderiam evitar.
Portugal vive no momento actual uma crise gerada pelo retrocesso económico e político, mas acima de tudo uma crise social gerada pela falta de valores éticos e morais, que é de tal ordem grave, que acaba por afectar todas as classes, a todos os níveis.
Na educação tradicional, ensina-se que “o exemplo vem de cima”. Na actualidade, não se aprendem conceitos éticos por uma razão muito simples, porque a prática de tudo o que em teoria se possa defender, cai por terra nas acções degradantes com que a nossa sociedade se confronta. O exemplo não vem dos governantes, o exemplo não vem dos políticos, o exemplo não vem das religiões, o exemplo não vem das instituições, o exemplo não vem dos patrões, nem dos professores, nem da família, em suma: já não existe como dar exemplo.
Hoje, a tarefa mais difícil que se nos coloca é educar uma criança ou um jovem, porque eles não conseguem identificar nos adultos nem na construção do mundo que os rodeia, os valores que pretendemos transmitir. A educação transforma-se num diálogo de surdos, quando o que queremos ensinar se torna defender o indefensável.
Se viver em democracia significa conviver com corrupção todos os dias, se viver em democracia significa “salve-se quem puder”, se viver em democracia representa um país que se “alimenta de pão e circo”, se viver em democracia se torna mais e mais redutor, como ensinar aos nossos filhos que apesar de tudo isso… a democracia é o melhor dos regimes que até hoje se conseguiu encontrar?