quarta-feira, janeiro 31, 2007

As razões porque voto «Não» ao Aborto

Porque a vida é o bem mais precioso do ser humano. Porque nunca concordei com a ideia de convocar este referendo. Porque não concordo com a forma como nos é colocada a questão neste referendo. Porque considero que votando “sim” estamos a pactuar com o oportunismo político português e com um embuste do sistema que leva os cidadãos a transformarem uma questão de índole pessoal e moral numa questão meramente política. Porque o caminho do “sim” é irreversível e não deixa lugar a uma sociedade onde se pesam os princípios e os valores. Porque votar “sim” é apelar ao facilitismo e à desresponsabilização e é colocar de parte a reflexão e a procura de outras soluções para o problema.

Este referendo é inoportuno e está a servir bem os interesses de quem muito mal nos tem governado. Por uns tempos esquece-se o caos da economia, do desemprego e da insegurança, e até esquecemos que ocupamos os últimos lugares em que sempre somos classificados na cauda da Europa, para nesta questão, e apenas nesta questão do aborto, nos querermos colocar ao lado de países considerados mais desenvolvidos que até liberalizam o aborto. Pena é que o governo apenas se preocupe em estar a par com países considerados desenvolvidos quando toca a liberalizações e não se incomode por não estar a par com esses mesmos países, quando se trata de comparar indicadores económicos, de desenvolvimento humano, de saúde, de segurança ou de educação.

A pergunta do referendo tal como nos é colocada, abordando «a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado» constitui em si própria vários contra-sensos. À partida, a palavra «aborto» foi de forma subtil substituída por interrupção voluntária da gravidez (IVG) e certamente que não foi por acaso. «Aborto» apesar de ser o termo correcto, é para muitos preconceito e é um termo mais pesado e agressivo que conduziria a mais “nãos”. «Por opção da mulher», é omitir e por consequência desresponsabilizar o homem na concepção de uma criança, o que é um erro grave. Se o pai tem de assumir responsabilidades com o nascimento de uma criança, não pode ser demitido do direito de decidir dar-lhe vida, uma vez que representa uma das partes activas da geração da mesma. Para além da intervenção óbvia e exigível do homem nesta questão, pode e deve existir o papel do médico de família e do planeamento familiar, que este sim, se deveria reclamar com garantia de melhores condições de trabalho e de acção social, actuando eficazmente na instrução e divulgação dos meios contraceptivos existentes para a prevenção ao aborto, no apoio ao planeamento familiar e na gravidez pela positiva.

A questão do «Aborto» deve ser encarada como uma questão de princípios morais e não de princípios políticos e pela importância extrema que representa para a Vida, não deve ser banalizada nem alvo de discussões fúteis. Encarar esta questão sem preconceitos, com frontalidade e humanidade, não deve ser encerrar este processo dizendo “Sim” apenas porque é a forma mais fácil de resolver o problema. Dizer “Sim” é o mesmo que fugir à preocupação de nos envolvermos todos, enquanto representantes do próprio estado, cidadãos, homens ou mulheres, no empenho de uma sociedade mais participativa, mais preventiva, mais solidária e mais justa. Dizer “Sim”, é o caminho mais fácil, mas é pactuar com o egoísmo individual e com a desresponsabilização de todos.

Dizer “Não” é repensar caminhos e encontrar soluções. Dizer “Não” é continuar a lutar por condições de planeamento familiar mais ajustadas aos dias de hoje; é exigir responsabilidades às famílias, às empresas, às instituições e ao Estado na educação e no trabalho, nomeadamente no estímulo e nas compensações que poderão ser atribuídas às mães e aos pais que o queiram assumir; é pensar que devem ser agilizados os mecanismos de adopção em Portugal; é pensar que cada vez que evitamos uma criança, estamos a contribuir para o maior envelhecimento da nossa população e que no nosso caso nacional e na Europa em geral, estamos a pôr em risco a qualidade de vida das gerações vindouras.
(Publicado na edição de hoje do Democracia Liberal e na edição de 01/02 do Diário de Aveiro)

domingo, janeiro 28, 2007

As Botas (II)

sábado, janeiro 27, 2007

Razão

«O último esforço da razão é reconhecer que existe uma infinidade de coisas que a ultrapassam»
Blaise Pascal
França[1623-1662]-
Filósofo, Matemático

Silêncio ou Corrupção?

«A verdade é que o célebre pacto faz silêncio sobre o assunto. O que pode significar duas coisas. Uma, que há discordância entre PS e PSD sobre o combate à corrupção. Outra, que nenhum deles está interessado em pôr as mãos no lume.»
in "Importa-se de repetir?", por Jorge Ferreira, no Aveiro

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Prenda

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei,
nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.

Pablo Neruda

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Portugal gira ao contrário (II)

Portugal é dos países da União Europeia que menos benefícios económicos tem retirado da imigração. Portugal é dos países da zona euro «onde as finanças públicas serão das mais penalizadas pelo aumento da esperança média de vida e pela queda da fertilidade, que são os dois factores que determinam o envelhecimento natural da população».
Num estudo divulgado na passada semana no boletim mensal, o Banco Central Europeu (BCE) dá-nos conta que a entrada de pessoas precedentes de países exteriores ao espaço comunitário deveria à partida “contribuir para impulsionar a oferta de trabalho da zona euro, ajudando a compensar alguns efeitos negativos das alterações demográficas». No entanto, Portugal como apresenta deficientes condições de acolhimento aos imigrantes que recebe, não retira proporcionais vantagens económicas qualitativas, relativamente à quantidade de pessoas que entram no nosso país para aqui trabalharem.
Se por um lado constatamos que em Portugal se iniciou um novo ciclo de emigração, mesmo de mão-de-obra altamente qualificada, por outro lado somos confrontados com o encerramento de embaixadas no estrangeiro. Se ainda assim, permitimos a entrada de cidadãos que legitimamente procuram trabalho para melhorar o seu nível de vida, mas em contrapartida não lhes oferecemos condições plausíveis para se instalarem no nosso país, sabendo que muitas das vezes estas pessoas acabam por cair na prostituição, na droga e na miséria, porque é que os alternados governos deste país continuam a teimar nesta inversão de caminhos?
Não se compreende que se continuem a tolerar políticas que arruínam a economia portuguesa e que nos empurram para a cauda da Europa. Não podemos continuar a contribuir para um país que não sabe gerir vantagens da sua massa humana, que não cria estímulos para os trabalhadores nacionais, nem cria condições para os imigrantes que de forma displicente vai continuando a receber.
Desta forma, Portugal gira ao contrário, em vez de riqueza, gera pobreza. Esta realidade é uma ameaça cujas consequências são infelizmente conhecidas. Entramos num beco sem saída e o colapso das finanças públicas não deverá tardar na falência da Segurança Social e dos subsistemas da saúde. O Estado não reflecte na sociedade medidas sérias para a renovação populacional . Com o aumento da esperança média de vida, tornam-se emergentes medidas de apoio à natalidade.
Em tempo de tanta reflexão sobre o aborto, seria bem mais importante reflectir sobre a vida. Em vez da liberalização, deveria incentivar-se a prevenção. Se queremos pensar em apoiar mulheres que querem abortar, deveríamos pensar em primeiro lugar, em apoiar mulheres que necessitam de tratamentos para poder gerar uma nova vida, enquanto é tempo!
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

terça-feira, janeiro 23, 2007

As Botas

Vincent Van Gogh

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O Tempo e o Espírito

O tempo, embora faça desabrochar e definhar animais e plantas com assombrosa pontualidade, não tem sobre a alma do homem efeitos tão simples. A alma do homem, aliás, age de forma igualmente estranha sobre o corpo do tempo. Uma hora, alojada no bizarro elemento do espírito humano, pode valer cinquenta ou cem vezes mais que a sua duração medida pelo relógio; em contrapartida, uma hora pode ser fielmente representada no mostrador do espírito por um segundo.
Virginia Woolf, in "Orlando"

Mas que maçada...

Cheguei e continuo sem conseguir entrar em blogs da blogspot. Agora não consigo mesmo entrar em nenhum! Só a Margarida me disse que também lhe aconteceu... alguém sabe se a Blogger continua em alterações?

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Homem

«Não queiras saber tudo. Deixa um espaço livre para te saberes a ti»

Vergílio Ferreira
[1916-1996]

Mas afinal o que é que se passa?

Já estou a ficar irritada, não consigo entrar na maior parte das páginas que visito diariamente da blogspot.
Ultimamente tem-me acontecido... a vocês também?

Os deputados contam cada vez menos

Se os deputados não estivessem tão preocupados em manter os seus lugares e assegurar uma eventual reeleição, manifestar-se-iam a favor da dignificação do seu estatuto e função. E nesse caso não se comportariam como se comportam.
Continue a ler, por Manuel Monteiro, no Democracia Liberal

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mau Ambiente em Aveiro

No recente «ranking» das melhores cidades para se viver em 2007 em Portugal, que foi divulgado no âmbito de um estudo efectuado e publicado pela revista «Única» do semanário Expresso, Aveiro foi considerada a quarta melhor cidade, o que não seria nada mau, se o facto que prejudicou esta classificação não fosse a «poluição visível das águas que serpenteiam pelo centro urbano».
Aveiro surgiu em 4º lugar, depois de Lisboa (1º), Guimarães (2º) e Évora e Porto (ambas em 3º lugar), sendo garantido nesse estudo que na cidade de Aveiro «a relação com a água é uma das suas principais valias» e que dentro de um conjunto dos vinte critérios tidos em conta, o destaque, a nível nacional, reside na «Relação com a Água e a Paisagem».
É pois de lamentar, que sendo Aveiro reconhecida como a «Veneza portuguesa» e após esforço feitos para melhoramento dos espaços públicos que ladeiam os seus belíssimos canais, as águas continuem poluídas à vista desarmada e não se continuem a encetar esforços para combater esta triste realidade.
Infelizmente não é só no centro da cidade que se constatam problemas de mau ambiente, e há que pensar que para além do bem-estar da população local, fica também afectado o Turismo, uma das principais fontes de receita da região. Os percursos deslumbrantes que se fazem de Moliceiro pela Ria de Aveiro, tornam-se muitas vezes desagradáveis pelo mau cheiro das águas e pela falta de transparência das mesmas por quantidades imensas de óleos que as envolvem.
Também por fora da cidade e um pouco por todo o distrito, o combate ao mau ambiente deve ser uma das principais preocupações das entidades competentes. Em primeira linha, neste distrito do nosso litoral, atravessado pelos magníficos braços da Ria de Aveiro e pela beleza do rio Vouga, está sempre presente a Água e portanto, não há desculpas nem descontos para a prejudicial imagem que deixamos através dos rastos da poluição, a todos quantos nos visitam.
O combate à erosão do nosso litoral também não pode parar e principalmente as praias da Torreira e do Furadouro não podem continuar a sofrer os riscos que mais uma vez neste Inverno se voltam a verificar. As dunas das praias da Barra e da Costa Nova, depois de recuperadas, não podem deixar-se ao abandono, permitindo consecutivamente os lixos acumularem-se durante o Verão.
A norte do distrito, em concelhos tão desenvolvidos como Oliveira de Azeméis e Santa Maria da Feira, continuam a existir focos de esgotos a céu aberto e a verificarem-se deficientes abastecimentos de águas e défice de saneamento das águas residuais.
A Água, é um bem universal que deve ser preservado. O urgente entendimento desta questão e a elevação do grau de prioridades das preocupações locais e nacionais sobre esta matéria é mais do que evidente. Caberá, pois, às entidades competentes, perceber que o investimento na melhoria do ambiente, mais do que ajudar a própria economia, nos ajudará a todos a sobreviver e a ser o garante da qualidade de vida das gerações vindouras.
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

Conversas de Café - cappuccino eclético

Vale a pena ler

no KONTRASTES 2.0, pela Margarida Pardal do Eclético

A Falsa Direita

O presidente do Partido da Nova Democracia (PND) , Manuel Monteiro, acusou hoje o PSD e o CDS-PP de serem uma "falsa direita", que se deixa "comprar pela esquerda para estar calada". "A falsa direita é comprada pela esquerda para estar calada", disse Manuel Monteiro à agência Lusa, no Porto, à margem da sua intervenção no ciclo de debates sobre o espaço não socialista em Portugal, promovido pelo Clube Via Norte.

Com a devida vénia à Lusa (via Democracia Liberal)
Manuel Monteiro afirmou que há um "grupo dominante dentro do PSD e do CDS" que "alinha" com o PS num "rotativismo simpático", que permite que "os piores ministros tenham como prémio serem administradores de empresas públicas ou semi-públicas".
"É uma direita falsa, porque enriquecem alguns dos seus membros", o mesmo acontecendo com alguma "pretensa esquerda". "Hoje não temos alternativa no poder, temos alternância entre os mesmos partidos", salientou o líder do PND.
Manuel Monteiro criticou também que "um conjunto de cidadãos" tenha um "alvará de direita", assumindo-se como detentores desta área política e acusando de "radicais" todos os que queiram ocupar o mesmo espaço. Para mudar o espectro político que, em sua opinião, resulta ainda do acordo Movimento das Forças Armadas-partidos, de 1974, Manuel Monteiro defendeu que Portugal deve adoptar um regime presidencialista e devem acabar as reformas e privilégios exclusivos dos políticos.
O ex-presidente do CDS-PP propôs ainda que os cargos políticos sejam exercidos por um máximo de dois mandatos consecutivos, aumentados para cinco anos, no caso da Assembleia da República e das autarquias, e para seis anos, no caso do Presidente da República.
Manuel Monteiro defendeu ainda a introdução de uma taxa fiscal única, um regime especial de isenções de impostos para quem invista na recuperação de zonas urbanas antigas e "a garantia para quem compra um apartamento que, em 20 anos, a área envolvente não sofre alterações".

terça-feira, janeiro 16, 2007

O Presente Inexistente

Nunca nos detemos no momento presente. Antecipamos o futuro que nos tarda, como para lhe apressar o curso; ou evocamos o passado que nos foge, como para o deter: tão imprudentes, que andamos errando nos tempos que não são nossos, e não pensamos no único que nos pertence; e tão vãos, que pensamos naqueles que não são nada, e deixamos escapar sem reflexão o único que subsiste. É que o presente, em geral, fere-nos. Escondemo-lo à nossa vista porque nos aflige; e se nos é agradável, lamentamos vê-lo fugir. Tentamos segurá-lo pelo futuro, e pensamos em dispor as coisas que não estão na nossa mão, para um tempo a que não temos garantia alguma de chegar.
Examine cada um os seus pensamentos, e há-de encontrá-los todos ocupados no passado ou no futuro. Quase não pensamos no presente; e, se pensamos, é apenas para à luz dele dispormos o futuro. Nunca o presente é o nosso fim: o passado e o presente são meios, o fim é o futuro. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver; e, preparando-nos sempre para ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos.
Blaise Pascal, in 'Pensamentos'
França[1623-1662]Filósofo, Matemático

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Há "pica-paus" em todo o lado!

http://photos1.blogger.com/blogger/4362/218/400/filho_da_puta.0.jpg

Cavacas no São Gonçalinho

A Beira Mar está em festa até à próxima segunda feira, em honra do patrono do bairro, São Gonçalinho, naquela que é uma das mais características manifestações de fé do país. Até segunda-feira, dia em que o ramo sai à rua em cortejo ao som da banda, o religioso e o profano vão de braço dado na romaria que toma conta das vielas estreitas. Porque «é assim à Beira-Mar».

São Gonçalinho

A Imagem

A Câmara Municipal de Aveiro tomou uma decisão. O facto em si mesmo, é notícia, sabendo-se como decidir é um dos principais problemas deste Executivo CDS/PSD/PEM. Decidir parece ser coisa que custa fazer. Tudo demora muito tempo em Aveiro. Por isso o atraso se vai acentuando e os problemas que compete à autarquia resolver se vão arrastando.
Mas, enfim, chegou uma decisão. Aveiro passou a ter uma imagem de marca. Excelente ideia. A Câmara adoptou uma nova imagem de marca, que passa a figurar na comunicação da autarquia, antecedendo a apresentação pública oficial na Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorre entre os dias 24 e 28 deste mês de Janeiro.
A Marca Aveiro apresenta Aveiro como um município da água, da luz, cor, o moliceiro, a inovação. Acompanhada com nova imagem, a Câmara arranca com a nova Marca na BTL onde irá promover as «salas e equipamento de qualidade que aqui existem, em particular o Centro de Congressos de Aveiro».
A nova marca resulta de um estudo técnico científico, por Hugo Magalhães, incluída numa tese final de licenciatura do Departamento de Economia da Universidade de Aveiro e a imagem visual foi desenvolvida no Gabinete de Design da Câmara, por João Portugal.Até aqui, nada a opor. O problema é que a imagem das instituições hoje depende de muitos e variados factores, que entram directamente na vida dos cidadãos no seu dia-a-dia e por muito bons desenhos que se façam, nenhum deles resiste a uma realidade adversa. Por outras palavras, não existe bom marketing de mau produto.E aqui, Aveiro tem problemas graves, que compete à Câmara nuns casos evitar, noutros resolver. E nem nuns nem noutros os exemplos são bons.
Esta semana, assistimos à continuação do concurso público de adivinhação do montante da dívida municipal, com um autarca do PSD a avançar para os 300 milhões. Entendam-se lá na maioria, por favor. Deixem é de brincar à tabuada. Não há pior imagem de marca do que mostrar que nem a nossa casa se conhece. E quem não conhece a sua não pode almejar a governar a vida dos outros.
A Câmara decidiu reduzir o número de sessões mensais. Outra decisão. Mas má. Parece existir uma vertigem de segredo em Aveiro. A maioria CDS/PSD/PEM faz em Aveiro o que o Governo do PS faz a nível nacional. Tenta a todo o custo silenciar as oposições, convive mal com o contraditório e detesta ter de dar explicações sobre o que faz e o que não faz. O Plano de Urbanização, que se arrasta há anos, vai continuar a arrastar-se.Ora, não há emblema gráfico que resista a tanto mau exemplo. A marca de Aveiro não é hoje, infelizmente, a que devia e podia ser.
Por Jorge Ferreira, no Aveiro

quinta-feira, janeiro 11, 2007

O Segredo

O segredo está no amor,
é evidente,
mas também em sabermos
afastar do nosso convívio
o que não presta.
Só quem se libertou
do medíocre e do vazio
poderá ser feliz.

Torquato da Luz, no Ofício Diário

terça-feira, janeiro 09, 2007

Portugal gira ao contrário

O endividamento das famílias ocupou o lugar das poupanças, o endividamento das empresas ocupou o lugar do investimento, o endividamento do estado ocupou o lugar do bom senso e da arte de bem governar.
Apesar de termos conhecimento de que as famílias portuguesas já atingiram limites de endividamento nunca antes imaginados, na passada época festiva, foi no entanto notícia o facto de os portugueses terem batido o seu recorde no valor total de compras adquiridas durante as festas. Parece um contra-senso mas é verdade, a irresponsabilidade dos portugueses começa a ser uma constante.
Por sua vez as empresas demonstram-se também com um endividamento cada vez maior. Os custos e os juros bancários devidos desse endividamento asfixiam principalmente as pequenas e médias empresas que sem recursos nem apoios se vêm sem grandes possibilidades de gerar novos investimentos, restando-lhes apenas a arte e o engenho da criatividade para a procura de novas soluções. Mas o caminho não é fácil e os resultados estão à vista desarmada, as falências do dia-a-dia não nos deixam tranquilos nem nos deixam esquecer esta realidade.
O Estado não foge à regra nem dá o exemplo em matéria de endividamento. No último Semanário Económico, foi-nos dado a conhecer que o Estado e as autarquias devem mais de 2000 milhões de euros às empresas. Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz, Guarda, Maia e Vila do Conde, são autarquias com um prazo médio de pagamentos que já atinge os 13 meses e, em casos limite, atingem mesmo os dois anos. Vítor Bento, Presidente da SIBS, afirmou a semana passada que «Portugal é um caso preocupante em termos de défice externo» e considerou mesmo que «se trata em termos relativos, do maior défice externo do mundo. O país só não corre o risco de catástrofe porque está no euro. Mas a situação terá consequências, uma das quais poderá ser a perda do domínio da economia portuguesa».
E neste Inverno sem fim, assim vai Portugal. Quando o Estado dá o mau exemplo, não pode atribuir culpas à sociedade civil de fazer o mesmo que o próprio Estado, e vice-versa. O país gira num interminável círculo vicioso de endividamento que se estende desde o governo e das instituições, até às empresas e às famílias. O incumprimento tornou-se lugar comum e a desresponsabilização passou a ser uma atitude e uma forma de estar que não olha a meios para atingir fins.
Todos sem excepção, queremos que em Portugal se viva melhor, mas neste momento, para que tal aconteça, não é possível alcançar melhorias sem passar primeiro por grandes sacrifícios. E é desta realidade que os governantes, as instituições, os empresários e as famílias, decididamente não se conformam. Tudo tem um fim, pena será, é que se para pôr um ponto final ao caos a que se chegou, se tenha de atingir extremos e se torne necessário “actuar à força”!
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Sobre os Homens (1)

Os da pior espécie, são desleais, não têm amigos nem amores, mas apenas interesses.

Sobre os Homens (2)

Os da melhor espécie, são leais, são sinceros na amizade e conseguem amar com verdade.
Claro está que fazem parte de uma espécie em extinção!

domingo, janeiro 07, 2007

As Subtilezas da Alma

Tal como o corpo assimila coisas de toda a natureza - vulgares, poluídas ou purificadas por um padre ou por uma visão - e as converte em destreza ou força, músculo ou suavidade de linhas, curvas e cor do cabelo, dos lábios e dos olhos, assim também a Alma, por sua vez, tem as suas funções assimiladoras e pode transformar em nobres pensamentos e elevadas paixões o que em si mesmo é baixo, cruel e degradante; mais ainda, pode encontrar nestas a maneira mais digna de afirmação. E muitas vezes pode revelar-se a si mesma de um modo mais perfeito através daquilo que estava destinado a destruí-la ou a profaná-la.
Oscar Wilde, in 'De Profundis'

Sobre as Petições

Ainda as Perdições Parlamentares, por Jorge Ferreira, no Tomar Partido
Fantochada, por Gabriel Silva, no Blasfémias

Cantigas de São Gonçalinho

Enquanto no mundo houver
Quem troque beijos de amor,
Cantigas se hão-de fazer,
Com mais ou menos sabor...


Numa trova cabe um beijo,
Cabe um abraço e um sorriso,
Cabe o amor, cabe o desejo,
Cabe o inferno e o paraíso!

Se não for o coração
A pedir, a dar os beijos,
De amor os beijos não são
- São indício de desejos.

João Sarabando
(Jornalista Aveirense)

Quando a Contabilidade é poesia

Provavelmente Élio Maia não tem consciência do triste espectáculo que a Câmara de Aveiro está a dar ao país. Provavelmente, é pessoa de contas certas e ideias seguras. Provavelmente é bem intencionado e devoto das aventuras do espírito. Tudo isto ao mesmo tempo. Assim se perceberá que ao mesmo tempo que numa louvável iniciativa cultural a Câmara Municipal de Aveiro tenha criado o Prémio de Poesia Nuno Júdice, não consiga alcançar uma coisa simples, que é calcular decentemente uma dívida. O Prémio de poesia será pago em dinheiro. Serão as contas municipais um poema?
Ora aí está: em Aveiro, também a contabilidade é poesia. Aliás, sabe-se como o emérito exército dos Poetas está cheio de soldados contabilistas, bastando por todos citar o caso universal de Fernando Pessoa. A contabilidade é por certo ciência árida e sem encanto para lá dos números. E já Jesus Cristo não percebia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca. A ciência do deve e do haver pode perfeitamente navegar em mar alto, à vista, ou pelo litoral, ao sabor dos ventos, dos dias e da inspiração dos contadores, dos auditores, dos vereadores.
Continue a ler, por Jorge Ferreira, no Aveiro

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Nova Democracia na Assembleia da República

PRIMEIRA GRANDE VITÓRIA DA NOVA DEMOCRACIA
Hoje, pelas 10h00, a Assembleia da República discutirá em Plenário, a eventual não construção do aeroporto da OTA. Este é verdadeiramente um momento histórico para o país! Pela primeira vez um partido sem representação parlamentar, a Nova Democracia, e pela voz do Povo, leva a que o seu Parlamento discuta uma decisão tão fundamental para Portugal.
Foram cerca de 4500 assinaturas entregues pela Nova Democracia na Assembleia da República contra a construção do Aeroporto da OTA no passado dia 12 de Dezembro de 2005.

Estamos todos esclarecidos!

Cartoon de Pedro Afonso

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Ano Novo, Dívidas Antigas?

Aveiro entrou no Ano Novo sem luz, sem alegria, sem projectos, sem dinheiro e pior que tudo sem esperança.

Volvido um ano sob a governação de Élio Maia, um independente totalmente dependente da coligação que representa, Aveiro viu a sua dívida aumentada em cerca de 100 milhões de euros sem saber porquê. A dívida da autarquia acumulada pelo anterior executivo socialista em cerca de 150 milhões de euros, foi situada no final do ano de 2006 pelo próprio Presidente da Câmara Élio Maia, em cerca de 250 milhões de euros, na última Assembleia Municipal do passado dia 27 de Dezembro, quando se referia à situação financeira do município.

Ora se as obras no “velhinho Mário Duarte” nem se vislumbram ao fundo do túnel…, ora se a “vergonha” do viaduto que deveria fazer a ligação de Esgueira a Mataduços lá continua…, ora se os buracos nas estradas são cada vez mais… alguém pode explicar aos aveirenses como é que a dívida municipal pode aumentar apenas num ano, em 100 milhões de euros?

Ou será de crer que se continue a atribuir as culpas de tudo o que vai mal aos erros do passado? E se assim for, porque não são chamados os culpados a depor? Porque não se levantam as vozes contra o que deva ser julgado publicamente? É que pelo menos no anterior executivo, constatou-se a dívida, mas também a obra feita, agora um aumento brutal da dívida sem que os aveirenses identifiquem os seus gastos, só poderá por enquanto tal não seja esclarecido, determinar-se por má gestão ou esbanjamento.

Os aveirenses que tanto orgulho demonstram pela sua cidade, não têm motivos para se orgulharem por quem a governa. Aveiro, belíssima por natureza, com tantas potencialidades para o turismo em todas as épocas do ano, vê desperdiçados os seus encantos. Na passagem de mais um ano, Aveiro foi uma cidade cada vez mais apagada, sem iluminação, nem festas na rua. O cais da Fonte Nova lá permaneceu vazio, sem vida, sem o fogo que outrora atraiu milhares de visitantes que prometiam multiplicar-se pelos anos vindouros.

Na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, escura e fria a caminho da Nova Estação, infelizmente só as “permitidas lojas chinesas” animaram o ambiente, abertas dia e noite, nos locais que foram antes privilégio do comércio tradicional, mas agora sem regras, nem mesmo respeito pelo feriado de Natal ou de Ano Novo! De resto, tudo apagado e muitas lojas em saldos antecipados e outras tantas forradas a papéis velhos para trespasse.

Aveiro continua linda, mas envergonhada, endividada e sem projectos para o futuro. Srs. Autarcas, façam favor de ser criativos enquanto é tempo, mãos à obra e demonstrem que por Aveiro vale a pena. Mas por favor, antes de continuarem, falem com verdade aos aveirenses e corrijam o que vai mal, como sabem Aveiro merece melhor!
(Publicado no Democracia Liberal e no Diário de Aveiro)