domingo, outubro 30, 2005

Homem Cristo

«Sem cultura, sem a consciência nacional que dela havia de porvir (...), a liberdade seria de efeitos meramente negativos. Degenerava facilmente na licença e na alucinação (...). E cairíamos , como caímos, num verdadeiro caos».

Homem Cristo, aveirense ilustre, no seu livro "Pro Patria", em 1905.

Homem Cristo - Um aveirense a recordar


O Dr. Francisco Manuel Homem Cristo nasceu em Aveiro, em 8 de Março de 1860, e aqui faleceu em 25 de Fevereiro de 1943.

ESCRITOR E JORNALISTA
Em 29 de Janeiro de 1882 saiu o primeiro número do semanário “O Povo de Aveiro”, que logo se manifestou de linguagem contundente, violenta, crítica, vigorosa e sarcástica. Jornal de grande tiragem, chegou a ser procurado em todo o país, com especial incidência em Lisboa. Homem Cristo foi seu fundador, proprietário, director e quase redactor. Publicou-se regularmente até Abril de 1941.
A propósito das suas qualidades de publicista — também é autor de diversos livros — o sociólogo Léon Poinsard já em 1910, num artigo da revista “Les Documents du Progrès”, afirmava: «Existem na Europa três grandes panfletários: Clemenceau, na França; Maximiliano Harden, na Alemanha; Homem Cristo, em Portugal.» E João Sarabando, em “O Comércio do Porto” de 7 de Junho de 1969, faria dele a seguinte apreciação: «Gigante do panfletarismo, Homem Cristo, que sucedeu em Aveiro a José Estêvão, génio da oratória (...), ambos lutaram até ao sacrifício pelos mesmos ideais, ambos adoraram a sua terra, ambos se devotaram, num puro e intérmino amor, ao seu país.»

INSTRUÇÃO POPULAR
Homem Cristo, exercendo as funções de capitão no Regimento de Infantaria n.º 14, em Viseu, verificou que, numa Companhia, apenas três soldados sabiam ler e escrever. Em face disto, resolveu ser professor do ensino primário, dentro do quartel, nas horas vagas da instrução militar. Porque o ensino elementar era tido como problema absolutamente secundário, a iniciativa foi vista com indiferença, senão mesmo com manifesta má vontade. Mas Homem Cristo acabaria por ser louvado.
Na batalha da instrução popular, teve de se enfrentar com diversos, mesmo Aquilino Ribeiro, Alfredo Pimenta, Querubim Guimarães. Homem Cristo, no seu jornal, logo rebatia as opiniões contrárias, servindo-se das palavras e do estilo que lhe eram próprios. Foi um dos pioneiros acérrimos do ensino alargado a todos, o futuro dar-lhe-ia razão, mas muito depois da sua morte.

PORTO DE AVEIRO
Homem Cristo foi director da Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro, desde Fevereiro de 1925 até 10 de Dezembro de 1930. Durante esse período, lutou activa e persistentemente pelo melhoramento da nossa barra, em ordem a esta finalidade, pretendia-se a construção de paredes que evitassem o assoreamento do porto. Assim, mercê de grande teimosia, Homem Cristo viu aprovado o projecto das obras pelo Governo Central, em 6 de Outubro de 1930, com base no estudo preliminar apresentado, em 1927, pelo Engenheiro Von Hafe.
A empreitada da execução do plano do porto exterior (paredes até à «meia laranja») foi adjudicada em 5 de Abril de 1931, a inauguração oficial do importante melhoramento seria em 16 de Outubro de 1932, com a presença do Presidente da República. A campanha de Homem Cristo culminava assim num rotundo êxito. Aveiro moderno nasceu da melhoria da sua barra, motivada pelas obras de 1930 (antes e depois), realizadas com o impulso indomável deste grande aveirense.

DIOCESE DE AVEIRO
Por 1930, iniciou-se em Aveiro uma outra campanha, que culminaria na restauração da Diocese de Aveiro, em 1938. Homem Cristo, apesar de se dizer agnóstico e livre-pensador, pôs-se ao lado dos católicos, que suspiravam por ter um bispo em Aveiro. O seu primeiro artigo, em «O Povo de Aveiro», data de 9 de Outubro de 1932.
Sentindo-se profundamente identificado com as aspirações que engrandecessem a nossa terra, nunca lhe poderia ser alheio tal desejo. Pelo contrário, com a restauração da Diocese, Aveiro lucraria mais um pouco na sua importância e autonomia. Criar-se-ia mais um seminário, que seria uma escola de formação e de ensino, os católicos aveirenses continuariam sujeitos ao bispo de Coimbra e o nome de Aveiro repetir-se-ia em dezenas e dezenas de igrejas, na região da nova Diocese.

Homem Cristo teimava com os seus correligionários, refutava quem o contradissesse, explicava-se perante todos, extravasava sobretudo o seu arreigado aveirismo: «uma migalha que se acrescente a Aveiro, mesmo que seja minúscula, é sempre bem-vinda».

Cavaco Silva e o presidencialismo

Artigo de Manuel Monteiro no Expresso. Veja aqui.

sábado, outubro 29, 2005

Analfabetos...

«Os analfabetos deste século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que recusem aprender, reaprender e voltar a aprender.»
Alvin Toffler

O Descrédito do Mandato Político

Por Jorge Ferreira, no tomarpartido

sexta-feira, outubro 28, 2005

Árvore

Estas testemunhas silenciosas possuem tantos significados que vê-las a arder, cada ano, por todo o lado, de brutal maneira, é morrer um pouco. Este vegetal lenhoso que mergulha raízes na terra, revela tronco alto à superfície e ergue ramos ao céu, é o símbolo da vida. Por servir de comunicação entre aqueles três níveis, há quem lhe chame «caminho dos espíritos». Verdadeiro ponto de união entre as mais distintas culturas da Terra, foi ganhando enorme carga simbólica. É que a árvore guarda em si os quatro elementos: água na seiva, terra nas raízes, ar nas folhas, e o fogo que nasce da sua fricção, esse mesmo fogo que vai transformando o escasso manto verde em negro. Tal como não há pintura sem árvores, a nossa paisagem sem árvores é triste. Não somos os mesmos sem árvores.

João Paulo Cotrim

quinta-feira, outubro 27, 2005

4 Municípios de Aveiro vão a votos para GAM-Porto

A Grande Área Metropolitana de Aveiro (GAMA), perdeu também para além de Espinho já plenamente integrado, os Municípios de Arouca, Santa Maria da Feira e São João da Madeira, para a Grande Área Metropolitana do Porto (GAMP). Uma constatação que muitos não desejávamos.

Nas eleições do próximo mês para a presidência da Junta Metropolitana do Porto (JMP), actualmente liderada por Valentim Loureiro, já irão participar os referidos concelhos do distrito de Aveiro, restando-lhes um prémio de consolação pelo facto de não terem de optar entre Valentim Loureiro e outro(s) possível candidato, já que apesar de ainda não serem conhecidos os nomes dos candidatos à liderança da JMP, já é dado como certo que o presidente reeleito à Câmara de Gondomar, não se recandidatará à JMP, o que pelo menos nos traz um certo reconforto, confesso.

A GAMP é constituída por 14 Municípios. Oito liderados pelo PSD (Póvoa do Varzim, Trofa, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Porto, Gaia, Maia e Valongo – nestes quatro últimos em coligação com o CDS/PP), cinco pelo PS (Vila do Conde, Matosinhos, Espinho, Santo Tirso e Arouca) e por um independente (Gondomar).

Os presidentes das Câmaras dos Municípios aveirenses, têm vindo a manifestar-se com entusiasmo e esperança nesta integração plena na GAMP, equacionando um aumento generalizado de apoios aos seus municípios nesta estrutura supramunicipal mais forte. Mas o que acontecerá na hora de defender interesses regionais? Defenderão as suas perspectivas em nome do país, em nome do seu distrito, da sua região, do seu município, ou simplesmente em função dos objectivos traçados pela JMP? E esses objectivos serão tão amplamente definidos e tão ajustados, quanto pretenderá o Presidente da Câmara Municipal de Arouca ou o Presidente da Câmara Municipal da Maia, por exemplo? O que une estes autarcas será mais importante do que aquilo que os separa? Saberão na JMP conciliar interesses tão diferentes como estes?

Desejo que pelo menos seja eleito para a JMP de entre os 14 Presidentes dos municípios que a integram, um Presidente que represente sentido de justiça e liberdade, bom senso e responsabilidade, para que as diferenças entre todos os que integram a GAMP sejam respeitadas e para que possam vir a usufruir das mesmas oportunidades. Aguardemos que estas estruturas não continuem a servir apenas para exibir vaidades e para defender interesses dos mais fortes, porque o país não tem mais tempo a perder, nem mais dinheiro para desperdiçar.
(Para Democracia Liberal e Diário de Aveiro)

quarta-feira, outubro 26, 2005

II Feira de Arte, Antiguidades e Velharias - Aveiro

Decorrerá já nos próximos dias 28, 29 e 30, no Hotel Imperial em Aveiro, com a organização a cargo do coleccionador Luís Bandeira.
Este evento vai reunir um total de 14 antiquários e comerciantes provenientes de todo o país e que trazem a este certame uma vasta variedade de peças de porcelanas europeias e orientais, faianças portuguesas, vidros e cristais, pratas, joalharia, marfins, mobiliário, arte sacra (séc. XVIII a séc. XIX e algumas peças de colecção ou de períodos muito específicos do séc XX, nomeadamente Arte Nova e Arte Deco), e ainda pintura e joalharia contemporâneas, com valores que podem oscilar entre as dezenas e os milhares de euros.
A escolha de Aveiro é justificada por se tratar de uma cidade que está desde há muitos anos na rota das exposições e feiras de antiguidades, e ainda pela sua localização geográfica e pelo nível económico da região em que se insere.
Os interessados podem visitar a feira, dias 28 e 29 entre as 15 e as 23 horas, e no dia 30 das 15 às 20 horas.

Estado Sólido

«Para ensinar há uma formalidade a cumprir - saber.»
Eça de Queirós

Estado Líquido

«A política, para os olhos de muita gente, é um microscópio: transforma pigmeus em gigantes.»
A. Bramão

Estado Gasoso

«O amor é a força mais abstrata e também a mais potente que há no mundo.»
Gandhi

segunda-feira, outubro 24, 2005

A nuvem veio e o sol passou


A nuvem veio e o sol parou.
Foi vento ou ocasião que a trouxe?
Não sei: a luz se nos velou
Como se luz a sombra fosse.

Às vezes, quando a vida passa
Por sobre a alma que é ninguém
A sensação torna-se baça
E pensar é não sentir bem.

Sim, é como isto: pelo céu
Vai um nuvem destroçada
Que é véu, mau véu, ou quase véu
E como tudo, não é nada.

Fernando Pessoa

domingo, outubro 23, 2005

José Estevão

"Os problemas que nos cercam e apertam, ou nos hão-de esmagar ou hão-de ser resolvidos. O terreno é difícil e desconhecido, bem o sabemos. Mas havemos de tentá-lo e estudá-lo por todos os meios; somos levados a obedecer à força que nos impele. Devemos seguir caminho ou morrer (...)"

José Estevão (1809 - 1862) grande tribuno aveirense, in Colectânea Discursos Parlamentares

O Espólio de José Estevão continua por expor!

Passados doze anos sobre a doação do espólio de José Estevão à autarquia, ainda não foi encontrado um local para expor os pertences de uma das mais ilustres figuras de Aveiro. «Uma espada oficial, o bicórnio da farda de gala, a cama de campanha e uma pequena urna de mármore constituem o espólio que as bisnetas de José Estevão doaram à Câmara Municipal de Aveiro». Consta-se que a espada se encontra no Museu da República, enquanto as outras três peças continuam à guarda dos Serviços de Cultura da autarquia.

José Estevão Coelho de Magalhães, ou só José Estevão, como é vulgarmente designado, é considerado por muitos, como o mais ilustre dos políticos aveirenses e o único parlamentar nascido e eleito por Aveiro que tem direito a um busto na Assembeleia da República.

Deixa-se aqui um apelo ao recém eleito Presidente da autarquia Élio Maia, que não deixe por mãos alheias o seu crédito pela cultura, e que mande colocar mãos à obra!

sexta-feira, outubro 21, 2005

Pátria

Serra!
E qualquer coisa dentro de mim se acalma...
Qualquer coisa profunda e dolorida,
Traída,
Feita de terra
E alma.

Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
- Sob a garra dos pés a fraga dura,
E o bico a picar estrelas verdadeiras...

Miguel Torga

A propósito das presidenciais

"Para que serve o Presidente?"
-Estou completamente de acordo com isto.

quinta-feira, outubro 20, 2005

VI Encontro de Teatro do Distrito de Aveiro

É já no próximo sábado, dia 22, que a Associação Cultural de Aradas (ACAD) acolhe mais uma edição deste Festival promovido pela sua Oficina de Expressão Dramática «Ilusões & Limitadas». O Evento tem lugar no Centro Cultural e Social de Aradas, consistindo num Workshop, que decorre ao longo de todo o dia, e um espectáculo de teatro profissional «Clean Clown Serviços de Limpeza», ambos a cargo dos actores Ángel Fragua, Noelia Dominguez e Sérgio Agostinho. O Workshop pretende oferecer aos interessados um esclarecimento sobre as técnicas e o universo do mimo de acção e da pantomima, desenvolvendo a consciência das particularidades da linguagem corporal, ao colocá-la como alternativa ao uso da palavra no decorrer da comunicação.

Portugal ainda tem Ministro da Economia?

A avaliar pela apresentação do Orçamento Geral do Estado, tudo leva a crer que o Governo se esqueceu de consultar Manuel Pinho, o Ministro da Economia, se é que alguém ainda se recorda que ele existe. - Ou será que tirou férias aquando da elaboração do Orçamento? - Ou andará mais preocupado em encontrar “paraísos” onde possa investir as suas conhecidas e avultadas poupanças?

Se pelo menos a resposta se encontrar na segunda questão, devemos então considerar normal a sua postura, já que em Portugal os poucos de detentores de algum capital, com mais não se preocupam nesta altura, do que trabalhar para tentar encontrar formas de o aplicar em outras paragens. Se pelo contrário, a resposta positiva for à primeira questão, então o povo português tem mesmo razão para pensar numa Nova Revolução, porque obrigações de Ministro são deveres, e trabalhar não pode calhar sempre aos mesmos!

Se por fim a resposta estiver onde ninguém compreenda, então teremos mesmo de solicitar a demissão do Ministro da Economia, uma vez que o O.G.E. em discussão é uma vergonha para o país real de quem ainda algo vai produzindo, para todos os trabalhadores, para todas as empresas e enfim para todos os que não podendo continuar a suportar esta situação, se vejam forçados a abandonar a sua terra, a despedir os seus colaboradores, ou a voltar a emigrar.

Mais uma vez, este governo socialista volta a cair nos mesmos erros e defende (?) a economia pelo controle da obsessão do défice e pela cobrança de mais e mais impostos, sem a preocupação de equacionar um único caminho para o aumento da produção, para o controle do endividamento, para o combate ao desemprego, para a inovação. Por este motivo, continua a tomar a palavra o Ministro das Finanças para falar sobre Economia, e se ignora o Ministro da Economia que pura e simplesmente nunca ousa falar sobre coisa nenhuma, nem de Finanças, nem de Economia, nem tão pouco do que tanto apregoou sobre Tecnologia.

Por ironia do destino, enquanto muitos se vão afastando e partindo deste caos, outros tantos vão entrando. Pena é, que sejam espanhóis, brasileiros, chineses ou ucranianos, e que cada vez mais portugueses se encontrem espalhados pelo Mundo porque a sua Pátria a esperança lhes negou.
(Para Democracia Liberal e Diário de Aveiro)

quarta-feira, outubro 19, 2005

Aveiro - Prémio Literário Vasco Branco 2005

A edição do “Prémio Literário Vasco Branco 2005” teve uma excelente adesão por parte do público destinatário, com a apresentação de trinta e seis inéditos a concurso. Instituído pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Aveiro, através da sua Divisão de Biblioteca e Arquivo Municipais, o galardão tem vindo a distinguir, anualmente, inéditos da língua portuguesa que se apresentem a concurso. A exemplo dos anos anteriores, os originais estão agora entregues a um Júri – previamente seleccionado – constituído por representantes da Câmara Municipal de Aveiro, Associação Portuguesa de Escritores, Sociedade Portuguesa de Autores, Universidade de Aveiro, Grupo Poético de Aveiro, Associação da Comunidade Educativa de Aveiro e Casa das Letras.
O “Prémio Literário Vasco Branco” pretende homenagear o escritor Vasco Branco, homem de extraordinária dimensão humana, que se destacou pela sua atitude cívica e expressão literária, tornando-se um valor inquestionável da cultura deste país. Ao distinguir anualmente o autor de um determinado romance inédito, o galardão contribui anda para estimular a produção e divulgação literária assim como o aparecimento de novos autores portugueses.
O “Prémio Literário Vasco Branco” tem uma natureza pecuniária de 5000 Euros que será entregue à obra seleccionada pelo Júri escolhido para o efeito, e posteriormente, editada pela Casa de Letras.

A Nação

A Crónica de Manuel Monteiro no Expresso online. Veja aqui

terça-feira, outubro 18, 2005

2000 Visitas


Arestália, apesar de jovem e humilde, ultrapassou hoje as suas 2000 visitas.
Muito obrigada a todos os que por aqui vão passando, contribuindo e estimulando a construir mais blog.
Com inspiração em Maria Heli, dedico este post a Hermann Hesse, por um livro lido e relido com imenso prazer, Siddhartha.
«Ficarei junto deste rio», pensou Siddhartha. «É o mesmo que atravesssei quando me dirigi para a cidade. Um bom barqueiro atravessou-me. Procurá-lo-ei. O meu caminho conduziu-me, um dia, da sua cabana a uma nova vida, agora velha e morta. Oxalá o meu caminho presente, a minha nova vida, partam de lá!»
in Siddhartha, de Hermann Hesse

segunda-feira, outubro 17, 2005

Verdade

«Creio que a verdade é perfeita para as matemáticas, a química, a filosofia, mas não para a vida. Na vida, a ilusão, a imaginação, o desejo, a esperança contam mais.»

Ernesto Sábato

Post que dexei a um amigo


Se subiremos... se desceremos a escada... ninguém sabe o dia de amanhã.
"Cada um gira na sua sorte"!

sábado, outubro 15, 2005

Viva o Benficaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!


A esperança é a última a morrer...

Após 14 anos...
Grande Nuno Gomes!
Parabéns Grande BENFICA!

Força Benfica!

sexta-feira, outubro 14, 2005

Outono

Tarde pintada,

Por não sei que pintor.

Nunca vi tanta cor

Tão colorida!

Se é de morte ou de vida,

Não é comigo.

Eu simplesmente digo

Que há tanta fantasia

Neste dia,

Que o mundo me parece

Vestido por ciganas adivinhas,

E que gosto de o ver, e me apetece

Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga

Élio Maia - Entrevista

Veja no Diário de Aveiro

Élio Maia, futuro presidente da autarquia aveirense: Vão operar-se «grandes rupturas com os gastos da Câmara».
Depois de 16 anos como presidente da Junta de Freguesia de São Bernardo, Élio Maia, de 50 anos, candidatou-se com sucesso à liderança da Câmara de Aveiro. No passado domingo, este licenciado em Filosofia venceu as eleiçoes com maioria absoluta.
Em destaque: «temos de ser capazes de rentabilizar o que lá está (Parque Desportivo de Aveiro) e de criar condições para que aquilo que neste momento é um elefante branco, não seja um mamute no curto prazo» e «Nos debates houve alguma arte e ficámos todos por saber efectivamente os números reais da dívida da Câmara».

A terceira via em Aveiro

No tomarpartido, por Jorge Ferreira.

O velho dabate - o novo debate

Por Manuel Monteiro no Diário de Notícias, veja aqui.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Sobre os homens

"Mas repara: não tens músculos para abrir a História. Os factos que aconteceram não dependem da tua Vontade, o mundo acorreu já a outros homens, como certos insectos acorrem à tua cabeça. O planeta é enorme, mesmo nos dias em que usas saltos altos (...)"
Gonçalo M. Tavares, no poema "Sobre os Homens". Filho de Aveirenses, foi Medalha de Mérito Cultural do Município de Aveiro 2005

A Travessia do Deserto

É o título que me ocorre para designar os tempos que vivemos em Portugal. De alternância em alternância, sem projecto, sem rumo, sem esperança, e pior que tudo isso, com muita miséria.

No rescaldo de mais umas eleições autárquicas, sinto-me no dever de aqui deixar alguns testemunhos, que mais não serão do que a síntese de muitos momentos vividos ao longo de mais uma campanha eleitoral que no passado fim-de-semana se encerrou.

1. Sente-se nas ruas um povo nervoso, ávido de mudança, que identifica tudo o que não quer, mas que não tem tempo, nem pachorra, nem confiança, para acreditar em ventos de mudança.

2. Sente-se nos bairros, um povo triste e saturado, que preocupado com o pão de cada dia, onde o ter significa sobrevivência, e o ser se adia para mais tarde, naturalmente aceita mais depressa uma festa ou um presente, do que boas ideias que não alimentam a fome, nem resolvem o imediato.

3. Sente-se nas instituições, o desânimo, a falta de reconhecimento, a luta pela manutenção que ocupa o lugar da inovação, do brio profissional e da obrigação.

4. Sente-se nas empresas a desconfiança, a instabilidade, a falta de recursos que geram desmotivação, desemprego, evasão ou mesmo falência.

5. Sente-se nas famílias a descrença num Portugal melhor, o descrédito em tudo e em todos, a revolta pela injustiça do cinto apertado que ao Estado não chega.

Fica assim explicado o valor da abstenção. Fica assim explicado o preço da falta de alteração. Fica assim explicado o retorno à emigração. Fica assim explicado o sintoma da evasão. Fica assim explicado o sindroma da desmotivação.

Enquanto as dívidas se acumularam, os valores gastos em campanhas triplicaram. Enquanto os políticos cantaram vaidades, o país afundou-se. Enquanto houve prendas e festarolas, a ilusão reinou. E agora, quem pagará as contas? E agora quem suportará a “travessia do deserto” de um povo, que à semelhança de quem o vai governando, já não tem modéstia, nem empenho, nem vergonha, nem crença, nem ambição?

(Para Democracia Liberal e Diário de Aveiro)

quarta-feira, outubro 12, 2005

Para quê?

"Para quê complicar inutilmente,
Pensando o que impensado existe?"

Ricardo Reis

A andorinha levantou voo


NovaDemocracia elege 1ºs autarcas, duplica e triplica votação relativamente Legislativas e Europeias, em alguns locais.

Nas eleições autárquicas ontem realizadas, a NovaDemocracia elegeu os seus primeiros autarcas: 3 na Assembleia de Freguesia de Vila Santiago de Lobão, Santa Maria da Feira, Aveiro, 1 na Assembleia de Freguesia de Famalicão, Vila Nova de Famalicão, Braga, 1 na Assembleia de Freguesia de Linhares, Carrazeda de Ansiães, Bragança e 1 na Assembleia de Freguesia de Ponta Garça, Vila Franca do Campo, Açores. Também a lista independente encabeçada por Edgar Jorge Silva, Conselheiro Geral da ND, Coordenador Concelhio de Sever do Vouga e actual Presidente da Junta de Cedrim do Vouga, Sever do Vouga, Aveiro, elegeu 4 elementos, tendo este militante sido reeleito Presidente da Junta. Outro presidente de Junta da NovaDemocracia é Jorge Amado, eleito em Cogula, Trancoso, Guarda, como independente que liderou lista do PSD. Em Barcelos a NovaDemocracia elegeu com 1470 votos, o primeiro deputado na Assembeleia Municipal de Barcelos.
As listas apresentadas pela NovaDemocracia para os diversos órgão autárquicos obtiveram cerca de 6.780 votos, comparáveis com cerca de 2.750 nas legislativas e 2.150 nas europeias, nas mesmas localidades.

Democracia Liberal

segunda-feira, outubro 10, 2005

Pois...

Os políticos têm os portugueses que lhes interessam,
O povo tem os políticos que merece!

O que se ouvia em campanha

- Não tem camisolas?... Olhe que o PSD está a dar guarda-chuvas!
...
- E bonés?... Ali em cima o PS está a dar cachecóis...
...
- Nem uma esferográfica?
...
- um panfleto?... p`ra que é que eu quero isto?

domingo, outubro 09, 2005

Viva Portugal

VivaPortugal!
Podia ter sido bem melhor, mas enfim...
Ganhámos! A nossa selecção está apurada para o Mundial 2006.

sábado, outubro 08, 2005

Portugal Vs Liechtenstein - Força Portugal!

Fase de Qualificação - Campeonato do Mundo 2006

Estádio Municipal de Aveiro - Aveiro

Aveiro apoia Portugal! E eu vou para lá!

sexta-feira, outubro 07, 2005

O melhor que ouvi na Campanha

"Oh minha linda, ele são dois comedouros... um dos que estão no poleiro, e outro dos que estão à espreita p`ra subir p`ra lá outra vez! Enquanto vós pecanitos não medrar p`ra lhes fazer ver... isto é uma pouca vergonha! Ou comem todos, ou não há democracia nenhuma!"
Vendedora na Feira do Loureiro
Oliveira de Azeméis

terça-feira, outubro 04, 2005

Experiência

«Uma contrariedade nunca é uma má experiência,
mas uma etapa na curva da aprendizagem.»
Richard Branson

O Estado está torto

A Crónica de Manuel Monteiro no Expresso online, aqui

Presidenciais: um imenso vazio

Por Jorge Ferreira, no tomarpartido

Mais uma vez o país se vai iludir nas próximas eleições presidenciais. Pelo andar da carruagem já se percebeu como vai ser o debate. Os problemas fundamentais do regime, das instituições e da sociedade, que todos passam a vida a dizer que é necessário enfrentar, vão ficar à margem do suculento debate que se aproxima. Mário Soares já decretou que este não será um combate ideológico e o seu adversário terá ficado aliviado com a ideia de não ter de fazer um debate ideológico com Soares.
Com quem gostaria que o seu filho tivesse aulas? Com quem preferia jantar? A quem emprestava o seu carro? A quem pedia ajuda na matemática? Quem gostava que fosse seu professor? Com qual preferiria passar um serão à lareira a ouvir histórias? Quem gostava que tratasse da sua contabilidade pessoal? As repostas variarão consoante os casos: Soares ou Cavaco, Cavaco ou Soares.
Este é o terreno que está preparado para o debate presidencial. É o debate dos perfis. Naturalmente apimentado com o lado emocional da política, que será meticulosamente atiçado por falsas polémicas e falsas divergências.
Cavaco Silva e Mário Soares são muito mais parecidos do que parecem e querem o mesmo de muito mais coisas do que jamais admitirão. A candidatura de Mário Soares e a candidatura de Cavaco Silva são duas faces da moeda, de um sistema que ajudou a salvar o país das ditaduras, mas que o tem condenado, nos últimos 25 anos, a uma outra espécie de ditadura: a democracia de fachada. E se na primeira face apenas participou Soares, já na segunda ambos registaram direitos de autor.
As presidenciais disputam-se num momento em que o desencanto dos portugueses com o sistema partidário, político, económico e social nunca foi tão grande. O ambiente é o ideal para a projecção de uma ilusão presidencial. A ilusão de que os homens em quem se vai votar em Janeiro virão salvar Portugal do défice, ou o Iraque da guerra, ou o mundo do terrorismo. Nada mais enganador.
Tomemos dois exemplos: o sistema institucional e a Europa.
É de bom tom pensar que Mário Soares é menos autoritário, menos interventivo e mais conciliador do que Cavaco Silva. Já será politicamente correcto pensar que Cavaco acentuará o pendor presidencial do semipresidencialismo e que Soares preferirá o pendor semi ao pendor presidencialista do semipresidencialismo. Mas será assim? Definitivamente não. Nem era de esperar que fosse. No essencial ambos concordam com este sistema. E para quem tivesse dúvidas tê-las-á certamente resolvido no sábado passado ao ler o artigo que Cavaco Silva, preventivamente, fez publicar no Expresso e em que faz uma profissão de fé no semipresidencialismo.
Isto é, quanto ao essencial do sistema, tudo continuará exactamente na mesma com Cavaco ou com Soares.
E quanto à Europa, que se tornou hoje um problema de política interna de todos e de cada um dos Estados europeus? Haverá diferenças de pensamento e de acção entre cada um dos candidatos? Também não. Ambos são federalistas, ambos têm crédito e curriculum firmes na defesa do modelo de Europa de que os cidadãos estão cada vez mais longe, como se tem visto nos últimos referendos sobre a Constituição europeia. Que ambos, aliás, apoiam e de que suponho não terem entretanto desistido.
Numa palavra: o que poderá eventualmente distinguir Soares de Cavaco é a circunstância, não a essência. Ambos querem representar ao mais alto nível um regime que os satisfaz, de que são, cada um à sua maneira, co-autores e o mais que desejam é uma consagração política dourada.
Cada um trará consigo os oportunistas do costume, a corte de Abranhos recachutada e com visual século XXI, que se afadigarão a discutir com ciência e pose qual deles será melhor ou pior para Sócrates, se saber muito de Finanças é recomendável ou indispensável para as conversas de quinta-feira com o Primeiro-Ministro, se um é mais parecido com Salazar do que o outro com Kerenski.
No fundo a história vai repetir-se: os eleitores serão chamados a votar numa eleição para eleger o símbolo vivo da República, em cujo arsenal jaz uma bomba atómica, o poder de dissolução do Parlamento, mas onde não existem fisgas, pistolas, espingardas, tanques, aviões ou barcos.
Depois de Janeiro o país será de novo confrontado com o vazio. Passado o ciclo das três eleições e, eventualmente, do referendo sobre o aborto que o PS quer fazer a saca-rolhas, Portugal será novamente confrontado com um sistema desacreditado e esgotado, que terá em Belém mais um fiel intérprete.
(publicado na edição do Expresso do último sábado)

domingo, outubro 02, 2005

De Eça à actualidade...

Recordando Eça

... O que, porém, mais completamente imprimia àquele gabinete um portentoso carácter de civilização eram, sobre as suas peanhas de carvalho, os grandes aparelhos, facilitadores do pensamento - a máquina de escrever, os autocopistas, o telégrafo Morse, o fonógrafo, o telefone, o teatrofone, outros ainda, todos com metais luzidios, todos com longos fios. Constantemente sons curtos e secos retiniam no ar morno daquele santuário. Tique, tique, tique! Dlim, dlim, dlim! Craque, craque, craque! Trrre, trrre, trrre!... Era o meu amigo comunicando. Todos esses fios mergulhados em forças universais. E elas nem sempre, desgraçadamente, se conservavam domadas e disciplinadas! Jacinto recolhera no fonógrafo a voz do conselheiro Pinto Porto, uma voz oracular e rotunda, no momento de exclamar com respeito, com autoridade:

- Maravilhosa invenção! Quem não admirará os progressos deste século?

in "Contos" de Eça de Queirós