A Travessia do Deserto
É o título que me ocorre para designar os tempos que vivemos em Portugal. De alternância em alternância, sem projecto, sem rumo, sem esperança, e pior que tudo isso, com muita miséria.
No rescaldo de mais umas eleições autárquicas, sinto-me no dever de aqui deixar alguns testemunhos, que mais não serão do que a síntese de muitos momentos vividos ao longo de mais uma campanha eleitoral que no passado fim-de-semana se encerrou.
1. Sente-se nas ruas um povo nervoso, ávido de mudança, que identifica tudo o que não quer, mas que não tem tempo, nem pachorra, nem confiança, para acreditar em ventos de mudança.
2. Sente-se nos bairros, um povo triste e saturado, que preocupado com o pão de cada dia, onde o ter significa sobrevivência, e o ser se adia para mais tarde, naturalmente aceita mais depressa uma festa ou um presente, do que boas ideias que não alimentam a fome, nem resolvem o imediato.
3. Sente-se nas instituições, o desânimo, a falta de reconhecimento, a luta pela manutenção que ocupa o lugar da inovação, do brio profissional e da obrigação.
4. Sente-se nas empresas a desconfiança, a instabilidade, a falta de recursos que geram desmotivação, desemprego, evasão ou mesmo falência.
5. Sente-se nas famílias a descrença num Portugal melhor, o descrédito em tudo e em todos, a revolta pela injustiça do cinto apertado que ao Estado não chega.
Fica assim explicado o valor da abstenção. Fica assim explicado o preço da falta de alteração. Fica assim explicado o retorno à emigração. Fica assim explicado o sintoma da evasão. Fica assim explicado o sindroma da desmotivação.
Enquanto as dívidas se acumularam, os valores gastos em campanhas triplicaram. Enquanto os políticos cantaram vaidades, o país afundou-se. Enquanto houve prendas e festarolas, a ilusão reinou. E agora, quem pagará as contas? E agora quem suportará a “travessia do deserto” de um povo, que à semelhança de quem o vai governando, já não tem modéstia, nem empenho, nem vergonha, nem crença, nem ambição?
No rescaldo de mais umas eleições autárquicas, sinto-me no dever de aqui deixar alguns testemunhos, que mais não serão do que a síntese de muitos momentos vividos ao longo de mais uma campanha eleitoral que no passado fim-de-semana se encerrou.
1. Sente-se nas ruas um povo nervoso, ávido de mudança, que identifica tudo o que não quer, mas que não tem tempo, nem pachorra, nem confiança, para acreditar em ventos de mudança.
2. Sente-se nos bairros, um povo triste e saturado, que preocupado com o pão de cada dia, onde o ter significa sobrevivência, e o ser se adia para mais tarde, naturalmente aceita mais depressa uma festa ou um presente, do que boas ideias que não alimentam a fome, nem resolvem o imediato.
3. Sente-se nas instituições, o desânimo, a falta de reconhecimento, a luta pela manutenção que ocupa o lugar da inovação, do brio profissional e da obrigação.
4. Sente-se nas empresas a desconfiança, a instabilidade, a falta de recursos que geram desmotivação, desemprego, evasão ou mesmo falência.
5. Sente-se nas famílias a descrença num Portugal melhor, o descrédito em tudo e em todos, a revolta pela injustiça do cinto apertado que ao Estado não chega.
Fica assim explicado o valor da abstenção. Fica assim explicado o preço da falta de alteração. Fica assim explicado o retorno à emigração. Fica assim explicado o sintoma da evasão. Fica assim explicado o sindroma da desmotivação.
Enquanto as dívidas se acumularam, os valores gastos em campanhas triplicaram. Enquanto os políticos cantaram vaidades, o país afundou-se. Enquanto houve prendas e festarolas, a ilusão reinou. E agora, quem pagará as contas? E agora quem suportará a “travessia do deserto” de um povo, que à semelhança de quem o vai governando, já não tem modéstia, nem empenho, nem vergonha, nem crença, nem ambição?
(Para Democracia Liberal e Diário de Aveiro)
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