quarta-feira, março 25, 2009

«Dívida externa aumentou 54% com o governo de Sócrates»-Porque é que poucos ousam falar disto?

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Já no final de 2008, mais propriamente no final do passado mês de Dezembro, fizemos uma chamada de atenção para os “alertas” do fiscalista e ex-ministro das finanças Medina Carreira, que na altura afirmou publicamente que a dívida externa de Portugal estava a aumentar «dois milhões de euros por hora», e que esta, já estaria cifrada naquela data, em cerca de 353 mil milhões de euros, o que representa praticamente 100% do PIB nacional.

Agora, segundo a publicação do Boletim Estatístico de Março de 2009, do Banco de Portugal, constata-se que «entre 2005 e 2008, o "Activo" de Portugal no estrangeiro, ou seja, tudo aquilo que o País possui no exterior, aumentou apenas 29.353,9 milhões de euros, ou seja, somente 11,6%, enquanto o "Passivo" de Portugal ao estrangeiro, ou seja, a Dívida Bruta (aquilo que o País deve ao estrangeiro) cresceu em 86.203,6 milhões de euros. A Dívida Líquida do nosso País ao estrangeiro, que se obtém subtraindo ao "Activo" do País o "Passivo" do País, aumentou em 56,849,7 milhões de euros, atingindo, em 2008, 161.531 milhões de euros. Como consequência, a Dívida Bruta (o "Passivo" do País), em 2008, era 2,67 vezes superior ao PIB, ou seja, a toda a riqueza criada em Portugal nesse ano. E a Dívida Líquida do País ("Passivo" menos "Activo"), medida em percentagem do PIB, cresceu de 70,2% para 97,2%. Por outras palavras, o "Passivo" do País ao exterior (aquilo que ele deve ao estrangeiro) é já superior ao seu "Activo" no estrangeiro (o que tem a haver do estrangeiro) em 161.531 milhões de euros».

De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal no seu Boletim Estatístico de Março de 2009, constata-se pois, que como consequência do aumento vertiginoso do défice da Balança Corrente, o endividamento do País ao estrangeiro disparou durante o governo de Sócrates, e que «EM QUATRO ANOS, A DÍVIDA EXTERNA LÍQUIDA PORTUGUESA AUMENTOU EM 54%», o que tratando-se de uma matéria de extrema gravidade para o futuro de Portugal, e tratando-se de uma crescente, e já mesmo alucinante, hipoteca do futuro de todos os portugueses, muito nos admira que esta temática, passe mais uma vez, à margem da maioria dos principais meios de comunicação social.

Ainda segundo o mesmo Boletim Estatístico, «EM 2008, O CRÉDITO BANCÁRIO APLICADO NO IMOBILIÁRIO E NA HABITAÇÃO, ERA DEZ VEZES SUPERIOR AO CRÉDITO APLICADO NA AGRICULTURA E NA INDÚSTRIA», o que mais uma vez nos vem corroborar o que temos vindo a afirmar, pois prendendo-se esta consequência com a política de crédito, consentida pelo próprio Banco de Portugal, com uma maior abertura a sectores especulativos da banca na economia, premiando o lucro fácil mas incerto, em vez de dar apoio a sectores produtivos da economia, como à nossa agricultura, ao nosso comércio e à nossa indústria, que em suma representam a nossa sustentabilidade e a independência económica do nosso país.

Portugal, continua pois a girar ao contrário, constata-se que o governo de Sócrates continua a apoiar actividades especulativas em prol das actividades produtivas do nosso país. A par do crédito excessivo concedido à construção civil e à habitação, há que aduzir os elevados empréstimos concedidos a reconhecidos especuladores de investimentos na bolsa, que para além dos bancos privados se estendeu à concessão por parte da própria Caixa Geral de Depósitos, que se encontra agora também em sérias dificuldades para obter o reembolso dos mesmos.

É tempo de perceber que a política seguida pela governação de Sócrates, é favorável ao facilitismo e ao lucro desmesurado de alguns, e desfavorável aos interesses do desenvolvimento nacional assente em políticas produtivas de sustentabilidade. Sócrates ao longo destes quatro anos continuou a destruir o aparelho produtivo do nosso país, e com isso esgotou as classes médias, atirando o desemprego para níveis incomportáveis.

Agora com mais uma medida propagandística, Sócrates diz que os 25 mil estágios profissionais para jovens, existentes em 2008, serão aumentados para 40 mil em 2009. Desiludam-se, pois não se trata mais do que de uma política de “tapa-olhos”, para fazer baixar temporariamente o desemprego enquanto decorrerão os próximos actos eleitorais, pois após as formações e estágios em causa, não existirão empresas no activo para proporcionar empregos reais. Esta é a realidade.

Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

Primavera

Azulejo do edifício das « Quatro Estações »

Este Azulejo representa a estação da «Primavera». Encontra-se na R. Manuel Firmino nºs 47, 49 na cidade de Aveiro. Uma verdadeira pérola da nossa cidade de Aveiro.

quinta-feira, março 19, 2009

O privilégio da segurança privada em Portugal

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Efectivamente é um facto, a segurança é cada vez mais um privilégio para quem a pode ter em Portugal, e não um direito garantido pela defesa nacional do Estado a todos os cidadãos.

Esta semana soubemos que de acordo com o Relatório Anual de Segurança Privada de 2008, elaborado pelo Ministério da Administração Interna (MAI), e citado pelo «Público», Portugal já tem mais seguranças privados do que agentes das forças policiais, o que é verdadeiramente escandaloso e representativo da incompetência e da má gestão, que o Estado português tem andado a fazer com o dinheiro dos nossos impostos.

O referido Relatório refere que há mais de 61 mil pessoas habilitadas a desempenhar a função de seguranças privados, apesar de apenas 39 mil a terem exercido no ano passado, e que o somatório dos efectivos da PSP e da GNR ronda apenas os 48 mil. O relatório indica ainda que o negócio movimentou em 2008, cerca de 650 milhões de euros, o equivalente ao orçamento da PSP.

A segurança privada, que o Ministério da Administração Interna (MAI) afirma estar a ganhar terreno desde 2001, tem vindo a modernizar-se, sobretudo através da utilização de tecnologias avançadas, como sejam os sistemas de alarme e detecção, ou a vigilância electrónica e controlo de acessos. Mas, para além de vigiarem instalações e bens, os seguranças privados têm hoje um mercado ainda emergente: a protecção de pessoas, tarefa para as quais são cada vez mais requisitados.

O crescimento das empresas de segurança privada ficou também a dever-se, de acordo com o MAI, ao acordo firmado para que estas empresas pudessem vigiar um milhar de postos de abastecimento de combustíveis em todo o país. Este acordo, que o MAI afirma estar a funcionar na plenitude, mas que muitas empresas ligadas ao sector petrolífero afirmam não estar a ser cumprido, compreende a partilha de informação entre a segurança privada e os postos policiais.

Não será pois por acaso, que as empresas de segurança privada tenham vindo a aumentar a um ritmo extraordinário, mas sim porque contam com a cobertura e parceria do próprio Estado. E de tal ordem se verifica este desordenado crescimento, que Portugal já conta com uma associação para a defesa dos direitos dos Agentes de Segurança Privada, designada por Associação Nacional de Agentes de Segurança Privada (ANASP), que por sua vez já faz alertas para as ilegalidades que proliferam no sector, tal como a concorrência desleal, o incumprimento de obrigações fiscais, ou as denúncias de formação profissional ilegal e de situações de violência física exercida pelos próprios agentes de segurança privada.

É lamentável, que para além da insegurança com que todos nos confrontamos nos dias de hoje em Portugal, ainda constatemos que a própria segurança que deveria ser um direito de todos os cidadãos, exercida pelo próprio Estado, é também ela própria, motivo de oportunismo político, permeável ao incremento desmesurado de actividades de índole meramente lucrativa.

Assim como se tal não bastasse, ainda se constata que o exercício da segurança privada é gerador de receitas, também, por via das multas, pois ainda segundo o Relatório do MAI, os números de 2008 referem a aplicação de coimas num montante superior a 1,3 milhões de euros, relatando-se ainda que deste valor, apenas 222 mil euros foram pagos voluntariamente e pouco mais de 23 mil por determinação dos tribunais, que por sua vez têm ainda mais 600 mil euros para executar, e já tendo absolvido pagamentos no valor de 11.500 euros.

Acabamos de concluir, que somos obrigados a conviver com o «absurdo do sistema». Em Portugal, quem nos governa é incompetente, e pior ainda, não fazendo o que lhe compete, ainda pactua com o incremento da insegurança da segurança. E tudo isto parece ter uma óbvia explicação, é que há sempre minorias por detrás destes desgovernos, que sem quaisquer escrúpulos, lucram sempre com estas situações. Até que ainda haja quem pague multas, quem pague coimas… e impostos!
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade

(publicado na edição de ontem do Diário de Aveiro)

quarta-feira, março 11, 2009

A Crise Criminosa

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Já ninguém a consegue negar. A crise é nacional, a crise é europeia, a crise é mundial. A crise veio para ficar, e torna-se tanto mais grave, quanto mais transversal se manifesta em todos os sectores sociais e económicos de todo o mundo, e tanto mais criminosa, quanto maior é a “ganância” que se constata na sua origem.

Esta semana, pela primeira vez, o Presidente da República Cavaco Silva, afirmou não ter soluções para o país e expressou publicamente a sua preocupação e tristeza com a situação de Portugal, e no mesmo dia, o analista político e fiscalista, Medina Carreira, veio afirmar numa entrevista a Mário Crespo na SIC Notícias, que para esta crise “nem Jesus Cristo teria soluções” e de seguida, arrasou a democracia portuguesa e expressou a sua total descrença no sistema e nos partidos políticos.

Em cada acção de rua que semanalmente fazemos, constatamos que os cidadãos na sua generalidade nos afirmam a nós, o mesmo que Medina Carreira afirmou ao país na SIC Notícias. Dizem-nos que já não acreditam em nada, que os políticos andam todos “ao mesmo”, ou seja, à procura de um “tacho”, dizem-nos que já nada vale a pena fazer, dizem-nos que não querem saber da política para nada, dizem-nos que “já não há remédio para nada”…

Com todo o respeito que temos por todos os cidadãos, sejam estes o próprio povo, o Presidente da República, ou qualquer conceituado analista político, damos connosco a interrogarmo-nos:

- Que fazer então?
- Admitimos que não há soluções e “encerramos o país”?
- Deixamos que nos continuem a (des)governar e a enganar desalmadamente?
- Se acreditamos que já nada vale a pena, vamos “dormir” até que a crise passe?

Se a origem desta crise é tão criminosa como pensamos, será também crime, “rendermo-nos” ao comodismo, pactuando com ela, ainda em vida!

Há pois que fazer a “desmontagem” da própria crise. Para lutar contra a crise é necessário perceber porque é que ela existe. De uma forma directa e simplista, podemos afirmar que a crise é fruto da falência do sistema, e que este sistema é o mesmo que nos quis iludir que era possível viver com muito dinheiro sem trabalhar!

Visto assim, é fácil compreender que um dia a falência “bateria à porta” de tanto facilitismo… A ganância dos homens, a sua ascensão e a sua queda, repetem-se ao longo da história da humanidade, com a diferença de que dado o caminho da globalização desenfreada por que enveredámos, desta vez, o seu efeito é também avassalador, pela própria repercussão totalitária em que nos vemos enredados.

Durante décadas a fio, o poder mundial foi-se moldando à volta da concentração dos grandes capitais, à volta da “alta finança”, e para a obtenção de lucro, e mais lucro, não se olhou a meios para atingir fins. A bem dizer, passou-se do “oito para oitenta”. Passou-se do dinheiro guardado “debaixo do colchão”, para o “dinheiro virtual”, isto é o mesmo que dizer que passámos de uma filosofia de poupança para uma filosofia de endividamento. E quem lucrou com esta mudança? Claro que foram os sistemas financeiros mundiais e todos os que os tornaram permissíveis, sob o lema “use agora, deite fora, e pague depois”!!!

De “mãos dadas” com o desenvolvimento deste capitalismo ultra-radical, andaram as políticas e os políticos a nível mundial e os lobies financeiros, aos quais pelo aumento imparável de ganância, se associaram a concentração de poderes, a corrupção e o crime. Entretanto, quase sem dar conta, as classes médias trabalhadoras foram sendo esvaziadas. A nível mundial, os campos foram abandonados, a terra, antes sinónimo de riqueza, passou a representar subdesenvolvimento, os plásticos substituíram as cerâmicas e as porcelanas, e em última análise, os “hambúrgueres” e a “coca-cola” impuseram-se ao mundo como “alimento universal”, colocando-se de parte os velhos sabores tradicionais de cada continente, de cada país, de cada região.

Sofremos hoje com os erros que se cometeram, e fruto disso é a crise mundial em que nos encontramos. É urgente inverter políticas e valores, é urgente perceber que o mundo tem de parar de girar ao contrário. Não podemos dormir descansados, enquanto uns tantos nos continuam a mentir, enquanto engordam à custa dos juros do capital que já não existe, e do dinheiro dos nossos impostos enquanto vamos pagando, não podemos deixar que a riqueza se concentre cada vez mais nas mãos de poucos.

A mudança tem de ser possível, esta crise tem de ter um fim, a corrupção e o crime têm de ser combatidos, os equívocos têm de ser corrigidos. Não podemos continuar a consumir sem produzir, não podemos continuar a ver aculturar as nossas crianças com os falsos progressos dos “Magalhães”, e se queremos ter uma vida melhor, temos de começar por salvar a nossa própria casa, antes de querer salvar o mundo.

Mais vozes alternativas têm de emergir, mais vozes incómodas têm de gritar, mais sede de justiça e de bom senso tem de ser motivo, mais liberdade com maior responsabilidade, tem de ser uma luta para se tornar realidade.

Susana Barbosa

1ª Signatária do Partido da Liberdade

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quarta-feira, março 04, 2009

Portugueses mais inseguros

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Não é novidade para ninguém, mas apenas a constatação do que todos já vimos sentindo há muito tempo: cada vez existe maior insegurança em Portugal.

Segundo um estudo sobre "Segurança, Protecção de Dados e Privacidade em Portugal", os portugueses sentem-se cada vez mais inseguros em Portugal e 61,8 por cento dos inquiridos admitem que a segurança irá piorar. «Cerca de 44,5 por cento dos inquiridos consideram Portugal um país pouco ou nada seguro», diz o estudo, desenvolvido pela consultora PremiValor Consulting para a ADT Fire & Security e que envolveu 860 questionários, no período entre 10 de Novembro e 11 de Dezembro de 2008, em Lisboa, Porto, Faro, Évora, Castelo Branco, Amadora e Loures.

Para além do "carjacking" (roubo de viaturas sob ameaça ou violência contra o condutor/proprietário) que é uma situação que preocupa 33,3 por cento dos entrevistados, que consideram «elevada ou muito elevada a possibilidade de ser alvo de uma situação deste tipo», os três locais vistos como menos seguros são a via pública / ruas (80,1 por cento), discotecas e bares (77,5 por cento) e parques de estacionamento (77,5 por cento).

Nas nossas cidades para além dos tradicionais assaltos em série a viaturas e a habitações, passaram a ter lugar comum, os assaltos em plena via pública, de dia ou de noite, a pessoas que de repente se vêem ameaçadas com facas ou navalhas, o que faz com que elas rapidamente entreguem ao assaltante os haveres que no momento transportam consigo.

Ainda no dia de ontem tomámos conhecimento de um assalto a um jovem, que sob ameaça do assaltante, entregou a sua carteira na qual guardava também as chaves de casa. Pois o assaltante, não satisfeito com o que lhe terá rendido o crime, retirou a morada do jovem que se encontrava inscrita no seu cartão de estudante, e já na companhia do grupo que o esperava de carro, procurou a respectiva habitação, e na companhia de colegas tentaram assaltar também a casa, em pleno fim de tarde.

Todavia, relativamente à segurança em casa quando comparada com outros locais exteriores a ela, o referido estudo refere que 82,4 por cento dos inquiridos sentem-se mais seguros na sua habitação. Mas infelizmente, hoje os profissionais do crime apuram de forma cada vez mais perfeccionista, todas as possibilidades de poderem dar continuidade ao assalto, através dos dados recolhidos nas anotações ou documentos encontrados.

Todos os cuidados são poucos, pois a criminalidade vai tomando novos formatos todos os dias, e à medida que aumenta o desemprego, aumenta por consequência o número de assaltos. A Investigação revela ainda que para 58,5 por cento dos inquiridos, o desemprego contribuiu para a sensação de insegurança, seguido das novas formas de criminalidade (46,2 por cento), alterações na composição da sociedade (45,3 por cento), e aumento da violência na sociedade (39 por cento).

Estamos perante sinais inequívocos dos tempos de crise económico-financeira, que a par de uma imensa crise de valores, se repercute de imediato na criminalidade, pois entre os entrevistados, 37,9 por cento afirmaram já terem sido eles mesmos, vítimas de um crime ou acto ilícito. Na proposta de soluções para melhorar a segurança em Portugal, 49,0 por cento apontam a introdução/aplicação de leis mais rígidas e 43,0 por cento defenderam o aumento do número de efectivos das forças de segurança.

Cremos pois, que é de extrema importância a defesa e a protecção das pessoas, e que em vez da preocupação com o fim da vida, se dê maior importância à própria vida. Infelizmente vivemos tempos tão difíceis, que nos custa aceitar que se despenda tanto discurso, tanto jornal, e tanto tempo a debater temas como os casamentos entre homossexuais entre uns poucos, ou a eutanásia para alguns, e por outro lado se percam tempos preciosos na emergência de criar mecanismos de segurança e defesa na protecção de todos!

Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)