quarta-feira, setembro 24, 2008

Partido da Liberdade - A direita que falta a Portugal

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
O Partido da Liberdade (PL) está a chegar à recta final do processo de trabalhos, que durante os últimos nove meses foram desenvolvidos, com vista à criação de um novo projecto político para Portugal. Desta forma, as assinaturas recolhidas já se aproximam às 7500 necessárias, assim como toda a documentação exigível já está a ser ultimada para revisões finais, e posterior entrega no Tribunal Constitucional.

Após mais um ciclo da habitual “rentrée” dos partidos, sentimos mais do que nunca o fosso que existe na direita portuguesa, tornando a razão de ser do nosso projecto uma urgência, para a salvaguarda dos verdadeiros valores de liberdade, justiça, e solidariedade, na renovação da democracia, e no retomar da credibilidade e da elevação dos políticos e da política na nossa Pátria.

Não nos alheando da grave crise política, económica, e financeira que a nível mundial atravessamos, temos por certo que na União Europeia (UE) dado o rumo federalista e capitalista adoptado, esta crise tende a acentuar-se, e que, infelizmente, Portugal dentro desta UE representa um dos elos mais fracos, devido às consequências das sistemáticas políticas de alternância facilitista, que durante décadas se vêm instalando no sistema, e em particular pelo desastre do défice brutal que tem sido provocado às classes médias, durante estes últimos (des)governos PS, e PSD/CDS.

Hoje, após nove meses de contactos directos com os portugueses, podemos afirmar que a direita em Portugal é uma “miragem”, e que dada a “engorda” do “centrão político”, inclusive com a adesão de dois novos partidos (MMS e MEP) também subservientes ao sistema, e obviamente canalizados para o centrão, a oposição de direita vem-se anulando, dando maior espaço ao PCP e BE, e fazendo com que a esquerda continue a florescer no nosso país, ao invés do que acontece na maioria dos países mais civilizados e mais produtivos da Europa.

O Partido da Liberdade, surge como um partido de direita, sem preconceitos nem equívocos, de convicções fortes e duradouras, preparado para desafiar o sistema com novas ideias, e com novas formas de ser e de fazer política, descentralizando-se dos interesses oportunistas e vulgares da maioria dos políticos, e centralizando-se nos problemas reais do país, criando políticas de responsabilização e aproximação de todos os cidadãos, incentivando a intervenção activa dos portugueses na política e na sociedade em geral.

Concluímos que as grandes mudanças necessárias ao sistema, jamais poderão advir dos grandes partidos, eles próprios empregados do sistema. Manuela Ferreira Leite, numa simbiose de que de pior tiveram Marques Mendes e Filipe Menezes, ou o eternamente demagógico Paulo Portas, jamais constituirão uma oposição credível, pois representam eles próprios, o sistema decadente em que vivemos. E em Portugal, a situação política torna-se tão mais grave, porque os pequenos partidos existentes, sobrevivem também com políticos viciados, demonstrando-se mais do mesmo, e sustentando anseios e vaidades pessoais servindo-se para isso da política, em vez de servir o país com projectos coerentes e sérios, e em vez de se demonstrarem capazes de apresentar verdadeiras alternativas ao serviço dos portugueses.

O Partido da Liberdade surge para fazer a verdadeira diferença, agregando descontentes do sistema, sem “medos”, sem “vícios”, e sem receios de erguer a voz contra tanto que vai mal. O PL, surge livre e isento de compromissos com o sistema, sem vaidades nem mordomias, pois só desta forma é possível contestar a falta de rumo da nossa Pátria, apontando novos caminhos com a modernidade necessária, mas cimentados em valores do que considera ser uma verdadeira direita.

Num momento em que o país atolado em problemas sociais, económicos e financeiros, se prepara na Assembleia da República para debater valores de esquerda como o casamento entre homossexuais, o PL, surge para defender valores de direita, como a família, e a natalidade, e ainda para propor políticas de estímulo ao alargamento do conceito de família, a descendentes e a ascendentes, subsidiando a infância e a velhice, dignificando-as, ao invés de subsidiar a preguiça e a degradação das células vitais em sociedade.

O PL surge para uma nova Liberdade com responsabilidade, sem arrogância mas com austeridade, contra políticas facilitistas do neoliberalismo desenfreado e da propaganda socialista, e a favor de uma distribuição mais justa de todos os recursos. O PL surge para defender os valores do trabalho, do mérito, do reconhecimento, da justiça, da educação pelo exemplo, e da solidariedade. O PL surge para desfazer enganos, situando-se numa direita de correcção política, criando planos de reanimação das classes médias, esvaziadas e sangradas pelo actual sistema. O PL, não considera demagogia exigir a baixa generalizada de impostos, mas para tal tem de existir uma forte vontade de resistir, e de fazer abdicar de mordomias, futilidades e luxos um Estado palaciano de uns poucos, para poder melhorar a qualidade de vida e as condições de sobrevivência da maioria.
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...

Miguel Torga

Outono

Azulejo do edifício das « Quatro Estações »

Este Azulejo representa a estação do «Outono». Encontra-se na R. Manuel Firmino nºs 47, 49 na cidade de Aveiro. Uma verdadeira pérola da nossa cidade!

sexta-feira, setembro 12, 2008

Angola com democracia (re)forçada

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
É preocupante o unanimismo em torno dos resultados das eleições em Angola. Será que nos encontramos perante a democracia perfeita? Será José Eduardo dos Santos o nosso novo exemplo de democrata do Ocidente? Perante uma vitória do MPLA nas eleições, que obteve 81,73 por cento dos votos, que representa uma maioria “mais que absoluta”, estaremos realmente perante um reforço da democracia, ou apenas a assistir à legitimação de uma ditadura? É, no mínimo, de considerar este facto um “caso de estudo” para a democracia mundial.

Designadas de eleições “livres e justas”, um pouco por todas as instituições mundiais, e pela maioria esmagadora dos observadores, até mesmo a UNITA, num rasgo de diplomacia através do seu líder Isaías Samakuva, aceitou os resultados das eleições, horas depois de a CNE ter indeferido o seu pedido de impugnação do processo eleitoral em Luanda, apresentado pelo partido do galo negro.

Como é possível tanto consentimento, conformismo e resignação, perante um cenário de eleições que decorreu mesmo, tal como o próprio pedido de anulação do acto eleitoral na capital angolana, e a exigência da realização de nova votação que a UNITA endereçou à CNE, apontava, entre outros motivos, a ausência de cadernos eleitorais e a não abertura de algumas mesas de voto? E se tal aconteceu na própria capital, junto ao poder central, o que poderá ter acontecido pelas restantes cidades e povoações das 18 províncias de Angola?

É no entanto de anotar os observadores que apontaram as falhas, e de salientar o comunicado emitido pela chefe da Missão de Observação da UE, e também vice-presidente do Parlamento Europeu, Luísa Morgantini, que refere que «alguns procedimentos de votação, como os relativos aos cadernos eleitorais, foram aplicados de forma irregular», adiantando ainda que «esta inconstância elimina um dos controlos mais importantes previstos na lei, em contravenção às normas internacionais sobre procedimentos eleitorais». Luísa Morgantini confirma que houve zonas em que os cadernos eleitorais não foram assinalados, tendo sido por isso impossível «conciliar o número de pessoas que votaram». O documento da UE refere ainda «problemas de organização logística que afectaram a distribuição de materiais essenciais, em especial em Luanda, causando atrasos ou não permitindo a abertura de um número significativo de assembleias de voto».

Ainda assim, Morgantini declarou que «as eleições marcaram um passo crucial para a democracia, apesar das dificuldades de organização», recusando no entanto classificar o escrutínio de «livre ou justo», e preferindo utilizar o adjectivo «transparente» para se referir à contagem.

Já o jornalista angolano Rafael Marques, afirmou no seu habitual registo crítico que «a democracia deve validar-se todos os dias, e até se podem validar as eleições em Angola, mas não a democracia» e acrescentou ainda que «as instituições democráticas têm que ser ratificadas» e que «as fraudes não se processam nas bocas das urnas, mas sim durante a preparação das mesmas».

Segundo o relatório para os anos de 2007 e 2008, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os números da macroeconomia de Angola são mais que positivos e é esperado o mesmo ritmo de crescimento nos próximos anos, mas a maioria das famílias angolanas vive no limiar da miséria, com serviços de educação e saúde muito precários, e sofre com uma inflação que no ano passado foi de 12,2%. O mesmo relatório do PNUD, dá-nos conta que no segundo semestre de 2006, Angola se transformou no maior exportador de petróleo de África, com quase 1,9 milhão de barris por dia, e que o lucro gerado pelos diamantes, que rendeu a Angola cerca de US$ 1,1 bilhão em 2006, a par de um nível de corrupção sem freio, torna a distribuição de rendimentos no país, uma das mais desiguais do mundo, o que faz com que cerca de 70% dos angolanos vivam na pobreza ou na indigência.

A corroborar todas estas situações, terminamos citando as palavras de uma ouvinte do programa “opinião pública” da SIC Notícias, que a propósito dos resultados das eleições em Angola afirmou «Que eleições livres e justas, se durante anos se eliminam inimigos e se mantêm milhares de cidadãos famintos?» rematando «É evidente que não se vive em democracia, Angola é rica em petróleo, e aos políticos cheira-lhes o petróleo!»

Constatados os factos, sabendo que o petróleo é o “sangue” da sociedade dos dias de hoje, o maior alimento da corrupção, e a base da guerra, percebem-se os consentimentos, e os silêncios… Democracia? Qual reforço de quê? Do que nem sequer existe?
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

sábado, setembro 06, 2008

Os desconcertantes trilhos dos caminhos portugueses

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Na passada semana, foram noticiadas as acusações feitas pela Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos-de-ferro (APACF), que nos dão a conhecer que «a falta de investimentos que tornem os caminhos-de-ferro num transporte competitivo, é uma acusação que associações de utentes e empresários, de todo o país, fazem à CP e à REFER, contestando o estado de muitos troços».

A APACF adianta ainda, o que já há muito contestamos, e o que muitos sentem por penosa experiência própria, afirmando que «as linhas ferroviárias do nordeste transmontano, do Vouga, da Lousã, do Oeste e Algarve são exemplos dessa falta de investimento, que se reflecte também na ausência de horários adequados e de condições de conforto, que inviabilizam a possibilidade do comboio ser um meio alternativo ao automóvel», recordando que estas linhas «estão situadas em regiões densamente povoadas ou em zonas turísticas e não têm as condições para servir nem as comunidades nem os turistas».

Enquanto se constata este cenário degradante de abandono dos caminhos-de-ferro portugueses, um pouco por todo o país, deixando também assim ao abandono, uma melhor ligação entre o litoral e o interior, e abandonada mesmo a ideia da construção de novas linhas que possam fazer chegar a menor custo, pessoas e mercadorias, a mais regiões, a mais cidades, e a mais vilas, o nosso “glorioso” governo anda entretido com os magníficos e inacabáveis estudos do traçado do TGV, que deixam «interrompidas» as vidas de muitas pessoas, que já vêem em risco as suas casas e os seus empregos, em prol da comodidade de uns poucos que viajarão a alta velocidade, ainda que o país real continue sem acessibilidades, sem comodidades, sem modernidades, e sem possibilidades de usufruir das afortunadas viagens que proporcionará a alguns, o deslumbrante TGV.

Exemplo do que acabámos de referir, foi a notícia desta semana no Diário de Aveiro, que nos deu conta que no lugar de Santiais, freguesia de Beduído, concelho de Estarreja, com a passagem do TGV «Doze habitações particulares e duas empresas locais vão ser destruídas, e todo um lugar vai ficar inóspito, para que o corredor do futuro comboio de alta velocidade entre Lisboa e Porto seja construído». Perante este cenário, não será difícil de imaginar a “revolta do país real”, que neste caso concreto já organizou moradores, que criaram uma Comissão de Dinamização para defenderem os seus interesses, assegurando «Lutaremos sempre pela defesa dos nossos interesses e necessidades».
Ao que parece, a quem vem governando Portugal, as pessoas contam pouco ao lado dos interesses fabulosos das “grandes obras”, que mais uma vez, à porta de um novo ciclo de eleições, servirão de instrumento indispensável à propaganda do falso desenvolvimento, da falsa sustentabilidade económica, e da falsa modernidade, mais não constituindo do que parte do “folclore político” e da “maquilhagem” dos discursos políticos, que querem fazer dos portugueses eternos bobos, pois vão crendo que «com papas e bolos se enganam os tolos».

Mas desenganem-se, porque as pessoas valem mais, a realidade das pessoas fala por si, e a verdade que nos espera é demasiado dura para poupar críticas e revoltas contra tanto que vai de mal a pior. De nada servirá o deslumbramento da centralização do poder, dos grandes investimentos ao serviço da globalização, e das luzes da ribalta da capital, se o país real se degrada e empobrece todos os dias.

(publicado na edição de ontem do Diário de Aveiro)