Novos partidos: Movimentos cívicos querem "renovar o panorama político português"
Com a devida a vénia à Lusa NOTÍCIAS.rtp.pt Visão Diário Digital
Lisboa, 28 de Abril (Lusa) - Vários movimentos cívicos e partidos políticos em formação querem renovar o panorama político nacional "gasto e decadente", "debater novas ideias" e acabar com "os políticos profissionais", apontando críticas "aos enormes entraves que existem à formação de novos partidos".
O Partido da Liberdade (PL), o Movimento Mérito e Sociedade (MMS), o Movimento Esperança Portugal (MEP), o Movimento Liberal Social (MLS) e o Partido Respublica e Cidadania (PRC) são, actualmente, cinco dos principais movimentos cívicos de natureza política em Portugal.
O Movimento Mérito e Sociedade (MMS) já terminou, inclusivamente, o processo de recolha de assinaturas e constitui-se formalmente como partido na terça-feira.
"Vamos entregar todo o processo para a formalização do MMS como partido político, terça-feira, dia 29 de Abril, às 14:30, no Tribunal Constitucional", afirmou Eduardo Correia, fundador do MMS, num encontro do movimento ocorrido a semana passada, no Porto.
"Decidi iniciar o movimento por ter percebido que à minha volta não existia um único partido político respeitável", declarou Eduardo Correia à Lusa.
O fundador do MMS disse ainda que "os partidos políticos não debatem ideias" e que "o poder em Portugal tem sido usado para defender interesses que começam agora a ser revelados, basta ver televisão ou ler os jornais".
"Há matérias essenciais que têm sido abandonadas, como a questão do ambiente e das energias renováveis", afirmou.
"O modelo governativo tem de ser revisto e o recrutamento opaco tanto na administração pública como na nomeação dos deputados tem de acabar. Queremos transmitir valores como o rigor, a transparência, o mérito e a responsabilidade", acrescentou Eduardo Correia.
O fundador do movimento concluiu, dizendo que "existe espaço político para fazer coisas bem feitas" e que "o espaço do rigor está completamente desocupado e nós vimos ocupar esse lugar".
Dos outros quatro movimentos, apenas o MLS não tem como objectivo imediato tornar-se partido político.
"A longo prazo temos o objectivo de nos tornarmos partido, mas antes queremos cimentar-nos como movimento e queremos criar uma base estruturada", revelou à Lusa o Presidente do MLS, Miguel Duarte.
O Movimento Liberal Social (MLS), fundado em 2005, "tem como objectivo divulgar o Liberalismo Social em Portugal e agrega indivíduos que acreditam que a velha dicotomia Esquerda/Direita já faz pouco sentido", segundo o portal 'online' do movimento.
"Ideologicamente, o movimento está muito próximo dos Liberais Democratas Europeus, a terceira maior força política no Parlamento Europeu", lê-se na página de apresentação do 'site'.
Em declarações à Lusa, Miguel Duarte disse acreditar que "existe espaço para o liberalismo, visto este não estar representado por nenhum partido em Portugal", considerando no entanto que "é complicado formar novos partidos políticos" e que " os partidos pequenos não possuem bagagem financeira suficiente".
Os outros três movimentos, PL, MEP e PRC que têm, desde o seu início, o objectivo de se tornarem partidos políticos, já estão numa fase adiantada na recolha das 7500 assinaturas necessárias.
Susana Barbosa, líder do Partido da Liberdade (PL), disse à Lusa que conta já "com mais de um terço das assinaturas necessárias" e que "o Partido da Liberdade será um partido para conquistar a verdadeira direita portuguesa, que actualmente não se enquadra em nenhum partido".
"Defendemos os valores da família, da liberdade de expressão e do mérito do trabalho. Hoje em dia não existe liberdade, existe libertinagem", acrescentou.
A líder do PL considerou ainda que "é emergente a renovação política", face a um "panorama político que está gasto, decadente e corrupto".
"Queremos um partido de trabalho, com novas caras e sem 'políticos profissionais'", afirmou.
Susana Barbosa considerou também que "é difícil combater os vícios do sistema" e que "as 7500 assinaturas necessárias são um entrave e blindam a criação de novos partidos".
Rui Marques, líder do Movimento Esperança Portugal, que conta já "com cerca de 2500 assinaturas", acredita neste projecto "para vencer a crise".
"Somos um movimento humanista, com pessoas sem participação partidária, que acredita na política da esperança e que valoriza o esforço e o trabalho", disse o líder do MEP.
"Rejeito visões elitistas, vejo a política como algo que diz respeito a todos e como um meio essencial para lutar por um futuro comum", vincou.
Rui Marques assinalou também que o MEP se destaca por ser "sempre pela positiva, pelo construir, pelo negociar e pelo trabalhar em vitórias comuns".
O líder do movimento rejeitou ainda a ideia de falta de espaço a nível político: "Há espaço, temos entre 35% e 40% de portugueses que habitualmente não votam e outros 20% que flutuam o seu voto, ou seja, metade do eleitorado está disponível".
"O sistema torna a criação de novos partidos quase impossível, isso é um obstáculo muito sério. No entanto é um desafio que queremos cumprir", concluiu Rui Marques.
Manuela Magno, do Partido Respublica e Cidadania (PRC), que foi anunciado este fim-de-semana e que resulta da transformação do Movimento Afirmação da Cidadania (MAC), acredita que como partido terão uma participação mais efectiva do que como movimento.
"Já temos cerca de 2800 assinaturas das 7500 necessárias. Acreditamos que é importante a descentralização do poder, prova disso é a nossa sede de partido em Matosinhos e o facto de contarmos com várias pessoas do norte do país", afirmou Manuela Magno.
"O nosso grande objectivo é o cumprimento da Constituição e a participação política activa dos cidadãos, pois existe actualmente uma grande descrença na política", acrescentou.
Manuela Magno disse ainda estar "muito contente com os milhares de respostas recebidos" e ter como meta "a eleição de um deputado já nas próximas legislativas".
AZF.
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