quarta-feira, abril 23, 2008

País produtivo versus país subsidiado

Milhares de portugueses emigram hoje, à procura de rendimentos que façam face às dívidas que já não conseguem suportar, enquanto que os grandes grupos económicos portugueses se instalam com sedes em Madrid para poderem usufruir de impostos mais baixos e de frotas automóveis mais baratas, e contribuindo assim para a ascensão da capital espanhola a capital económica e financeira da Península Ibérica.
Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
O país subsidiado está a matar o país produtivo. O país produtivo está em coma. Enquanto isso o país político está, e estará por algumas semanas entretido, com a crise interna do PSD. Mais uma crise… para descanso a termo incerto do governo de José Sócrates, e desgraçadamente para a continuidade da falta de oposição credível, e de soluções reais para os problemas concretos dos portugueses.

Enquanto se continuam a atribuir reformas antecipadas e a pagar reformas milionárias, assim como a sustentar milhares de subsídios de desemprego e a sustentar centenas de salários a peso de ouro, aos gestores da «coisa pública» em Portugal, o «país produtivo» vai asfixiando em cada dia e os cobradores de impostos são hoje considerados «os heróis nacionais», a bem do aumento das receitas do Estado.

«Vende-se», «Trespassa-se», «Aluga-se», são rótulos que se tornaram banais nas vitrinas e nas janelas dos prédios e dos armazéns, que de norte a sul decoram as vilas e cidades do país. Falências e penhoras de bens das empresas e das famílias, ocupam hoje páginas inteiras dos jornais diários, e ainda assim, continuamos a assistir ao folclore político de que «o défice baixou».

Importa questionar, mas que nos interessa que o défice do Estado baixe, se para tal tenhamos de ver o país morrer? É que ao contrário do que seria desejável, o «défice» não baixa à custa da redução das despesas do próprio Estado, mas sim graças às receitas dos impostos que estrangulam as pequenas e médias empresas industriais, os pequenos e médios comerciantes, os pequenos e médios agricultores, e por fim as famílias de classe média/baixa.

E perante este cenário, não se compreende que os portugueses continuem a abandonar o seu país silenciosamente, quase que envergonhados. Milhares de portugueses emigram hoje, à procura de rendimentos que façam face às dívidas que já não conseguem suportar, enquanto que os grandes grupos económicos portugueses se instalam com sedes em Madrid para poderem usufruir de impostos mais baixos e de frotas automóveis mais baratas, e contribuindo assim para a ascensão da capital espanhola a capital económica e financeira da Península Ibérica.

Portugal continuará em estado crítico, enquanto quem nos governa não acreditar que a sustentabilidade do país assenta nas classes médias, que obviamente terão de pagar os seus impostos, mas que não devem ser exploradas como se de «galinhas de ouro» se tratassem, porque até mesmo essas têm um fim.

Não é possível continuar a exigir os sacrifícios aos «crónicos» habituais. Se o governo continuar a «espremer» e a exigir sacrifícios apenas ao país produtivo, a fonte de receitas secará, e a essa altura nem o país subsidiado resistirá. Será bom inverter o sentido de marcha, enquanto há país e portugueses em Portugal!

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

3 Comments:

At 10:45 da manhã, Blogger isabel mendes ferreira said...

25 mil p�talas vermelhas.


de esperan�a.



e aquele abra�o.


SU................!

 
At 6:54 da tarde, Blogger Condor said...

http://nacionalistas.wordpress.com/2008/04/26/falar-de-cultura-ou-arte-e-ter-de-sacar-a-pistola/
Cumprimentos.

 
At 11:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito obrigado por postar isso , It? S simplesmente o que eu costumava ser pesquisando em bing . I? D um pouco comparativamente ouvir opiniões de um indivíduo , quase que uma página web a organização , isso é porque eu gosto blogs de forma tão significativa . Muito obrigado !

 

Enviar um comentário

<< Home