Quando a Contabilidade é poesia
Provavelmente Élio Maia não tem consciência do triste espectáculo que a Câmara de Aveiro está a dar ao país. Provavelmente, é pessoa de contas certas e ideias seguras. Provavelmente é bem intencionado e devoto das aventuras do espírito. Tudo isto ao mesmo tempo. Assim se perceberá que ao mesmo tempo que numa louvável iniciativa cultural a Câmara Municipal de Aveiro tenha criado o Prémio de Poesia Nuno Júdice, não consiga alcançar uma coisa simples, que é calcular decentemente uma dívida. O Prémio de poesia será pago em dinheiro. Serão as contas municipais um poema?
Ora aí está: em Aveiro, também a contabilidade é poesia. Aliás, sabe-se como o emérito exército dos Poetas está cheio de soldados contabilistas, bastando por todos citar o caso universal de Fernando Pessoa. A contabilidade é por certo ciência árida e sem encanto para lá dos números. E já Jesus Cristo não percebia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca. A ciência do deve e do haver pode perfeitamente navegar em mar alto, à vista, ou pelo litoral, ao sabor dos ventos, dos dias e da inspiração dos contadores, dos auditores, dos vereadores.
Continue a ler, por Jorge Ferreira, no Aveiro
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