terça-feira, janeiro 09, 2007

Portugal gira ao contrário

O endividamento das famílias ocupou o lugar das poupanças, o endividamento das empresas ocupou o lugar do investimento, o endividamento do estado ocupou o lugar do bom senso e da arte de bem governar.
Apesar de termos conhecimento de que as famílias portuguesas já atingiram limites de endividamento nunca antes imaginados, na passada época festiva, foi no entanto notícia o facto de os portugueses terem batido o seu recorde no valor total de compras adquiridas durante as festas. Parece um contra-senso mas é verdade, a irresponsabilidade dos portugueses começa a ser uma constante.
Por sua vez as empresas demonstram-se também com um endividamento cada vez maior. Os custos e os juros bancários devidos desse endividamento asfixiam principalmente as pequenas e médias empresas que sem recursos nem apoios se vêm sem grandes possibilidades de gerar novos investimentos, restando-lhes apenas a arte e o engenho da criatividade para a procura de novas soluções. Mas o caminho não é fácil e os resultados estão à vista desarmada, as falências do dia-a-dia não nos deixam tranquilos nem nos deixam esquecer esta realidade.
O Estado não foge à regra nem dá o exemplo em matéria de endividamento. No último Semanário Económico, foi-nos dado a conhecer que o Estado e as autarquias devem mais de 2000 milhões de euros às empresas. Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz, Guarda, Maia e Vila do Conde, são autarquias com um prazo médio de pagamentos que já atinge os 13 meses e, em casos limite, atingem mesmo os dois anos. Vítor Bento, Presidente da SIBS, afirmou a semana passada que «Portugal é um caso preocupante em termos de défice externo» e considerou mesmo que «se trata em termos relativos, do maior défice externo do mundo. O país só não corre o risco de catástrofe porque está no euro. Mas a situação terá consequências, uma das quais poderá ser a perda do domínio da economia portuguesa».
E neste Inverno sem fim, assim vai Portugal. Quando o Estado dá o mau exemplo, não pode atribuir culpas à sociedade civil de fazer o mesmo que o próprio Estado, e vice-versa. O país gira num interminável círculo vicioso de endividamento que se estende desde o governo e das instituições, até às empresas e às famílias. O incumprimento tornou-se lugar comum e a desresponsabilização passou a ser uma atitude e uma forma de estar que não olha a meios para atingir fins.
Todos sem excepção, queremos que em Portugal se viva melhor, mas neste momento, para que tal aconteça, não é possível alcançar melhorias sem passar primeiro por grandes sacrifícios. E é desta realidade que os governantes, as instituições, os empresários e as famílias, decididamente não se conformam. Tudo tem um fim, pena será, é que se para pôr um ponto final ao caos a que se chegou, se tenha de atingir extremos e se torne necessário “actuar à força”!
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

8 Comments:

At 3:47 da manhã, Blogger Terra e Sal said...

Mediante tal relatório em que estão envolvidos o Estado, as Instituições, as Empresas e o cidadão comum, o que dizer amiga Susana?
Apenas que, desde lá de “cima” até cá baixo, ninguém tem vocação para trabalhar nem tão pouco para sermos pobres...

Eu penso que cada povo tem os seus próprios comportamentos marcados pela sua natureza, e, algo de sobrenatural, não respeita estes factores genéticos, factor importante e único, razão porque ninguém nos compreende na E.U. e no mundo. Anda tudo de pernas para o ar por causa dos deficits que ninguém entende porque não entra no nosso orçamento familiar, e porque carga de água havia de cá vir parar se não nos preocupamos com ele?

O judeu poupa, poupa, são riquíssimos e sentem-se uns desgraçados, com meio mundo a atirar-lhes pedras. Não gastam um chavo mal gasto, sempre a amealhar, morrem como nasceram, sempre uns desgraçados.
Acha que comportamentos assim, é sinónimo de vocação milionária, isso é ter vocação para serem ricos, e que mereciam sê-lo assim tanto?

Os mais desenvolvidos, os do norte da Europa, fartam-se de trabalhar, auto disciplinam-se, impõem-se a si e ao mundo com o seu trabalho, vivem infelizes por causa dele, até para apanharem uma bebedeira têm de programar uma sexta, ou um sábado à noite, porque nem sequer têm o expediente de meter atestado médico no outro dia. Perdem a juventude absorvidos pelo trabalho, não têm a noção da vida, e da sua plenitude, e quando dão por ela, estão velhos, obsoletos, todos escolerezados e com os pés para a cova. Então arranjam-se apressadamente e vêm acabar a meia dúzia dos dias que lhes restam, ali em Palma de Maiorca, mas já algaliados e de fraldas, quando nós vamos para lá desde a nossa puberdade.

Acha que isto é modo de viver de um ser humano, e com vocação para ser rico ou até remediado como nós?

Os africanos, todos, vivem uma vida boa, enquanto dura, já que, enquanto aqui em Portugal o Estado para nos obrigar a trabalhar mais diz que a esperança de vida está a aumentar, lá, o Estado, diz o contrário,
que a esperança de vida está a diminuir, portanto nem vale a pena começar a trabalhar...

De todos os países do mundo, creio que são nosso irmãos genuínos por hábito e tradição os brasileiros.
Têm tudo, mas eles não ligam a nada...
Deus quando fez o mundo avisou-os.
“Ides ter tudo, mulheres bonitas, praias de sonho, bom clima, bom terreno e bom gado para vos alimentar, mas ides ser um povo muito foleirão, porque não quereis fazer a “ponta dum corno. Eles aceitaram e já viu?
Passam fome, estão carenciados dos meios mais básicos, mas são uns felizardos tal como nós, têm vocação para serem ricos, e não são.

Portanto Susana, a vida é um livro em que se vai lendo ou fazendo uma página de cada vez, Não temos culpa de sermos assim. E só assim estamos enquanto não chega um profeta que diga que houve um lapso e a parte do mundo que nos devia calhar, não era aqui, mas no Kuwait.
Tudo o resto é jogo de diversão...
Um beijinho para si

 
At 3:56 da manhã, Blogger PSousa said...

Cara amiga Susana,o fim parece longe do limite, e pena que nem tudo vale para atingir um fim, que estará longe de chegar.
Espero que me tenha compreendido.

Bem Haja

 
At 1:44 da tarde, Blogger osangue / PR said...

Se, por acaso, ainda gira.
Boa tarde Susana.

 
At 6:04 da tarde, Blogger Pé de Salsa said...

Olá Susana,

Nós costumamos arranjar desculpas para tudo mas o que é certo é que Portugal viveu demasiados anos na obscuridade. Com muita tacanhez. E isso fez com que se tenha vindo a cometer alguns excessos. Hoje, apesar de nem tudo estar bem, penso que alguns caminhos turtuosos estão a ser rectificados. E, apesar de muitas coisas menos boas, não é possível comparar o "antes" e o "agora". Temos agora algumas situações muito piores que antes? Temos sim! E, mesmo comparativamente, nos países considerados mais desenvolvidos a sua proporção é muito maior. Mas não queiramos voltar ao "antes". Eu não quero.
Um beijinho e o meu agradecimento pelas lindas palavras que sempre me deixa.

 
At 7:09 da tarde, Blogger AC said...

Este é o Portugal moderno!
Cpts

 
At 9:11 da tarde, Blogger Migas (miguel araújo) said...

Susana
Paradoxalmente o nível de vida sobe, disparam os preços, disparam os juros.
E gastam-se milhões de euros em prendas no último Natal.
Cumprimentos

 
At 3:05 da tarde, Blogger isabel mendes ferreira said...

meu Amor...Portugal não gira ao contrário.


não gira.

não gira mesmo.


_______________.



:)


beijos....todos. em espiral.

 
At 4:59 da tarde, Blogger nnannarella said...

mas Portugal é giro...

 

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