segunda-feira, novembro 06, 2006

A Direita e a Corrupção no III Congresso da Nova Democracia

no Diário de Notícias, via TomarPartido

Maria José Morgado, procuradora-geral adjunta do Tribunal da Relação de Lisboa, tem "a sensação" de que a "direita é muito mais sensível" ao combate à corrupção do que "a esquerda, que tem uma dependência crónica do aparelho do Estado e das suas funções sociais". O combate à corrupção, para a direita, está "associado à autoridade do Estado e à defesa da ordem e da lei".
A magistrada arrancou com estas palavras um coro de palmas no III Congresso do Partido da Nova Democracia, que se iniciou ontem no Hotel Altis, em Lisboa. O deputado socialista João Cravinho, que já foi ministro das Obras Públicas, também convidado pelo PND a dissertar sobre o mesmo tema, não quis refutar a ideia de Morgado.
Tanto mais que ambos, moderados pelo dirigente do PND Jorge Ferreira, foram coincidentes nas análise do tema. Utilizaram palavras diferentes, mas defenderam que "os portugueses têm hoje consciência de que o fenómeno da corrupção é grave", que é um problema de sistema que "corrompe a democracia" nas suas diferentes vertentes.
Maria José Morgado, enunciou os "factores de risco" à escala nacional potenciadoras do fenómeno. Entre eles destacou a "estrutura feudal" de uma sociedade que depende "excessivamente do Estado, a par de uma economia pobre e de um mercado fechado". Não podendo mudar os factores de risco, a magistrada pugnou por uma "cultura de prevenção".
Cultura que, na sua opinião, deveria ser assumida pela Procuradoria-Geral da República, "se se organizasse". Considerou, porém, "admissível" a criação de um órgão pluridisciplinar - constituído, entre outros, por magistrados, forças policiais e agentes económicos - capaz de desempenhar aquela função.
João Cravinho gostou desta sugestão. Tanto mais que um dos seus três projectos já entregues no Parlamento relativos ao combate à corrupção, propõe a criação de uma comissão pluridisciplinar, sob a tutela da AR, nesta missão de prevenir e observar o fenómeno. Trata-se da proposta mais polémica, à qual o próprio PS recusou a bênção.
Segundo o deputado socialista, só se pode impedir a "italianização da vida pública portuguesa" se se conseguir instalar um sistema contra o sistema de corrupção, numa "perseguição implacável ao dinheiro".
Maria José Morgado já tinha dito que as autoridades internacionais alertam os Estados para o facto de a corrupção se associar ao crime organizado, ao branqueamento de capitais e até ao financiamento do terrorismo, numa aproximação ao poder político e capturando as funções sociais do Estado.
"Criminalizar a corrupção" e especializar agentes no seu combate, dotados dos devidos meios financeiros, foram a receita da magistrada. que gostaria de ver exigido ao procurador-geral da República a divulgação semestral ou anual das notificações de operações de branqueamento de capitais e o volume do seu confisco. Cravinho subscreveu a receita e acrescentou-lhe ingredientes: pôr em prática uma cultura de responsabilidade e de responsabilização na administração pública.
Os congressistas do PND aplaudiram os convidados e prosseguiram os trabalhos de uma reunião magna cujo lema é "Em nome da direita".

2 Comments:

At 7:11 da tarde, Blogger Al Berto said...

Olá Susana:

Tal com em tudo na vida a corrupção está onde estiverem pessoas de má formação cívica e moral.
Que eu saiba estes "predicados" não são exclusivos nem da direita nem da esquerda.
A Sr.ª Morgado anda é afectada do cérebro para fazer análises desta natureza e de forma tão vulgar e irresponsável.
Ribalta...são as luzes da ribalta que a "cegam".

E então em Portugal onde a direita tem uma tradição de 50 anos que fez "escola".
Ou será que, por exemplo, já foi esquecido o Julinho da CMA.

Um abraço,

 
At 12:01 da manhã, Blogger Migas (miguel araújo) said...

Cara Susana
Não consigo não falar.
Vai-me desculpar, mas há coisas que são mais fortes do que a minha capacidade de contenção. Como dizia a minha avó: "não consigo aguentar as urinas".
Com todo o respeito que tenho por si, sbae muito bem que sou, por convicção do cds e, felizmente, por opção já não militante activo, portanto, livre de algumas amarras do dever partidário.
Mesmo contrariando os conceitos político-ideológicos do Manuel Monteiro, considero-me, por isso, alguém de direita. Qual?! Também não é relevante. Mas de direita.
E é espantoso que alguém que sempre se mediatizou e se pautou publicamente pelo combate à corrupção, quase até de forma religiosa (para não dizer fanática) venha publicamente expressar uma afirmação daquelas. A não ser por uma questão de conveniência circunstancial.
Mas que raio... a direita é mais sensível à corrupção do que a esquerda?! Desde quando, com que fundamentos e com que lógica?!
Infelizmente a corrupção existe desde que os homens se relacionam social e economicamente. Sejam elas à direita, à esquerda, ao centro, a trás e à frente.
Ou a corrupção no futebol, que a Dra. Maria José Morgado tanto pretende combater, só existe nos clubes "à esquerda"?! E só nas empresas com empresários "à esquerda"?! E todo o funcionalismo público é de esquerda?! E, como hoje se afirma tão levianamente, a corrupção é relevante nas autarquias, estas são todas de esquerda?!
E os cidadãos julgados e por julgar, por casos de corrupção, são todos de esquerda?!
São estas leviendades tornadas públicas e tornadas dogmáticas que tornam o combate ao flagelo da corrupção mais difícil, denegridem a política e a afastam, cada vez mais, dos cidadãos - sejam eles à esquerda ou à direita.
Cumprimentos

 

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