Metamorfose
Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.
Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.
E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter...
uma luz desce o rio
gente passa e não sabe
que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem
as nuvens não passem
tão alta tão alta
que a solidão possa tornar-se humana.
Jorge de Sena
3 Comments:
Bom dia!
É um belo poema mas triste!...
Há que tentar mudar. A vida é só uma e é para ser vivida da melhor forma. E isso também depende muito de nós.
Beijo e um bom fim-de-semana.
OLá Susana:
O Jorge de Sena devia estar com uma crise existêncial quando escreveu isto.
Um abraço,
"que a solidão possa tornar-se humana." belíssimo!
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