Silêncio (II)
Japão. Primeira metade do século XIV, shogunato dos Ashikagaka. Um templo perdido na montanha. Quatro monges zen decidiram fazer um sesshin (espécie de retiro) em silêncio absoluto. Instalaram-se em zazen. Veio a noite. O frio cortante.
"A vela apagou-se!, diz o mais jovem dos monges.
- Não deves falar! É um sesshin de silêncio total, - observa severamente um monge mais velho.
- Porque falam, em vez de se calarem, como tinha sido combinado! - faz notar com humor um terceiro monge.
- Sou o único que não falou!", diz com satisfação o quarto monge.
Este episódio faz sorrir. Mas ilustra com exactidão a justeza do espírito do Zen. Troça-se dos monges, trata-se com humor o silêncio, do qual no entanto se sabe que é um elemento essêncial do caminho. É que o silêncio não é senão silêncio, ou seja, um meio. "Se encontrares o Buda, mata o Buda", diz uma máxima célebre.
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Nada deve ser obstáculo à experiência pessoal.
in O silêncio
Os Melhores Contos Zen
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