Escândalo BPP
Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Por dia, quantas empresas entram em colapso em Portugal? E quantos trabalhadores perdem hoje, por dia, os seus postos de trabalho? Lançamos aqui estas duas perguntas, que damos como sugestão para um estudo a efectuar por alguma(s) entidade(s) credível, a fim de auxiliar o raciocínio dos iluminados governantes e gestores deste país, sendo certo que partimos do pressuposto que as empresas a falirem, aumentam às centenas, e que trabalhadores no desemprego aumentam aos milhares…
Gostaríamos de esclarecer, portanto, as razões reais que levam a tanto empenho e preocupação, por parte do governo e do governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, pelo futuro do Banco Privado Português (BPP), ao ponto de coordenarem em conjunto, uma operação de salvamento que pretende impedir o colapso da instituição liderada por João Rendeiro, se ao que sabemos, estas mesmas entidades “fecham os olhos” aos colapsos da economia real, que dia à dia, vêm agravando a situação de milhares de portugueses.
Sendo público que o BPP é um banco vocacionado para a gestão de poderosas riquezas, dos investidores que nele depositaram confiança, e sendo público também, que no ano passado o resultado líquido do banco ascendeu a 24 milhões de euros, tendo sido distribuídos pelos accionistas dividendos no valor de 12 milhões de euros, porque é que a desvalorização repentina dos activos do BPP, que nos últimos meses, contribuíram para as dificuldades vividas pelo banco liderado por João Rendeiro, tanto preocupam Vítor Constâncio? Será de crer que numa instituição a este nível de investimentos, os accionistas devem estar prontos para receber os seus lucros, mas não arriscam os seus capitais para arcar com os prejuízos?
É importante que não esqueçamos que tendo sido vedado ao BPP, acesso às garantias do Estado para obter um empréstimo de 750 milhões de euros no Citigroup – devido ao seu reduzido peso no financiamento às empresas e às famílias – o BPP poderá agora ser salvo da falência por um grupo de seis outros bancos: a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Millennium BCP, o BPI, o Santander Totta, o Banco Espírito Santo (BES) e o Crédito Agrícola, e que por sua vez, estes bancos estão a negociar com o Banco de Portugal e com o BPP, as condições de um empréstimo entre os 500 e os 600 milhões de euros, de modo a que a instituição possa resolver os seus problemas de liquidez.
Mas, por outro lado, na passada sexta-feira, José Sócrates à saída do Parlamento após a aprovação do Orçamento de Estado 2009, assumiu a disponibilidade do Governo para apoiar a instituição, assegurando que «Quem acompanhou a situação foi o Banco de Portugal, que está a ultimar uma operação que permita liquidez ao BPP, através de um consórcio bancário», e acrescentando ainda, «Estamos à espera para também ajudar. Vamos utilizar o sistema de garantias aos bancos sólidos, mas atenção que estes nos têm de prestar contra-garantias. Penso que o mais importante é explicar aos portugueses que os seus depósitos estão seguros e que tudo faremos para que esta crise tenha uma menor repercussão».
Como conclusão desta grandiosa “operação de salvamento”, hoje sabemos que todo este “jogo” não passou de uma grandiosa “operação de maquilhagem”, pois o Estado vai servir de fiador no empréstimo ao BPP, recebendo como penhor supostos activos detidos pelo banco liderado por João Rendeiro, que opera no segmento da gestão de grandes fortunas. Se por um lado foi recusado ao BPP o acesso às garantias do Estado, que anteriormente foram abertas ao Banco Português de Negócios (BPN), por outro lado esse mesmo Estado, serve de fiador ao BPP, o que se trata de outra via de garantir a sua sobrevivência de forma mais encapotada, e tudo o resto não passa de “malabarismo”, para enganar o país distraído e afundado em tanta crise e em tantos problemas!
Se o BPP não contasse com vários veículos de investimento ligados ao controle de empresas cotadas como o BCP, a Brisa e a Mota-Engil, entre outras, e se o BPP não contasse com o próprio João Rendeiro, com Francisco Pinto Balsemão, com Stefano Saviotti, ou com a família Vaz Guedes, entre outras, como principais accionistas, estariam Vítor Constâncio e o Governo tão preocupados com o seu “salvamento”?
É uma vergonha e um escândalo que em Portugal se continue a pactuar com os investimentos dos poderosos e a salvaguardar os interesses dos mais ricos, recorrendo sem escrúpulos ao erário público que a todos diz respeito!
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
Gostaríamos de esclarecer, portanto, as razões reais que levam a tanto empenho e preocupação, por parte do governo e do governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, pelo futuro do Banco Privado Português (BPP), ao ponto de coordenarem em conjunto, uma operação de salvamento que pretende impedir o colapso da instituição liderada por João Rendeiro, se ao que sabemos, estas mesmas entidades “fecham os olhos” aos colapsos da economia real, que dia à dia, vêm agravando a situação de milhares de portugueses.
Sendo público que o BPP é um banco vocacionado para a gestão de poderosas riquezas, dos investidores que nele depositaram confiança, e sendo público também, que no ano passado o resultado líquido do banco ascendeu a 24 milhões de euros, tendo sido distribuídos pelos accionistas dividendos no valor de 12 milhões de euros, porque é que a desvalorização repentina dos activos do BPP, que nos últimos meses, contribuíram para as dificuldades vividas pelo banco liderado por João Rendeiro, tanto preocupam Vítor Constâncio? Será de crer que numa instituição a este nível de investimentos, os accionistas devem estar prontos para receber os seus lucros, mas não arriscam os seus capitais para arcar com os prejuízos?
É importante que não esqueçamos que tendo sido vedado ao BPP, acesso às garantias do Estado para obter um empréstimo de 750 milhões de euros no Citigroup – devido ao seu reduzido peso no financiamento às empresas e às famílias – o BPP poderá agora ser salvo da falência por um grupo de seis outros bancos: a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Millennium BCP, o BPI, o Santander Totta, o Banco Espírito Santo (BES) e o Crédito Agrícola, e que por sua vez, estes bancos estão a negociar com o Banco de Portugal e com o BPP, as condições de um empréstimo entre os 500 e os 600 milhões de euros, de modo a que a instituição possa resolver os seus problemas de liquidez.
Mas, por outro lado, na passada sexta-feira, José Sócrates à saída do Parlamento após a aprovação do Orçamento de Estado 2009, assumiu a disponibilidade do Governo para apoiar a instituição, assegurando que «Quem acompanhou a situação foi o Banco de Portugal, que está a ultimar uma operação que permita liquidez ao BPP, através de um consórcio bancário», e acrescentando ainda, «Estamos à espera para também ajudar. Vamos utilizar o sistema de garantias aos bancos sólidos, mas atenção que estes nos têm de prestar contra-garantias. Penso que o mais importante é explicar aos portugueses que os seus depósitos estão seguros e que tudo faremos para que esta crise tenha uma menor repercussão».
Como conclusão desta grandiosa “operação de salvamento”, hoje sabemos que todo este “jogo” não passou de uma grandiosa “operação de maquilhagem”, pois o Estado vai servir de fiador no empréstimo ao BPP, recebendo como penhor supostos activos detidos pelo banco liderado por João Rendeiro, que opera no segmento da gestão de grandes fortunas. Se por um lado foi recusado ao BPP o acesso às garantias do Estado, que anteriormente foram abertas ao Banco Português de Negócios (BPN), por outro lado esse mesmo Estado, serve de fiador ao BPP, o que se trata de outra via de garantir a sua sobrevivência de forma mais encapotada, e tudo o resto não passa de “malabarismo”, para enganar o país distraído e afundado em tanta crise e em tantos problemas!
Se o BPP não contasse com vários veículos de investimento ligados ao controle de empresas cotadas como o BCP, a Brisa e a Mota-Engil, entre outras, e se o BPP não contasse com o próprio João Rendeiro, com Francisco Pinto Balsemão, com Stefano Saviotti, ou com a família Vaz Guedes, entre outras, como principais accionistas, estariam Vítor Constâncio e o Governo tão preocupados com o seu “salvamento”?
É uma vergonha e um escândalo que em Portugal se continue a pactuar com os investimentos dos poderosos e a salvaguardar os interesses dos mais ricos, recorrendo sem escrúpulos ao erário público que a todos diz respeito!
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
2 Comments:
Su....
estamos tão no "baixo"....
_________________.
haja quem. que como Tu nunca se cala.
beijo.te e re.beijo-te.
A desculpa é “salvar e economia, salvando o sector financeiro”, como se este mesmo sector não tivesse sido o culpado da situação. No “tempo das vacas gordas” embolsavam quanto podiam, unicamente preocupados com o enriquecimento próprio. É dever assumirem, agora, os prejuízos, pois é esse o risco da actividade. Quem comeu a carne, roa os ossos, diz, e muito bem, o nosso Povo!
A “operação de salvamento” é tão imoral que o nosso preclaro Governo a disfarçou, intrometendo no esquema um consórcio bancário. E contra-atacou logo, de maneira imparável, com outra imoralidade: vai, ao que parece, buscar algum dinheiro, em coimas, aos bolsos de quem não tem outra hipótese de sobrevivência que não seja trabalhar a “recibo verde”.
Que apetece ir para algures, bem longe, não há dúvida nenhuma. O problema é para onde!
Parabéns por mais um excelente e oportuno artigo. Não desista.
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