A dignidade na obrigação da verdade
Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
«Quando olhamos um espelho, pensamos que a imagem à nossa frente é exacta. Mas basta movermo-nos um milímetro para a imagem se alterar. Aquilo que estamos realmente a ver é uma gama infindável de reflexos. Mas às vezes o escritor tem de quebrar o espelho — porque é do outro lado do espelho que a verdade nos encara. Estou convencido de que, apesar dos enormes obstáculos existentes, há uma obrigação crucial que recai sobre todos nós enquanto cidadãos: de com uma determinação intelectual inflexível, inabalável e feroz, definir a verdade autêntica das nossas vidas e das nossas sociedades. É de facto uma obrigação imperativa. Se essa determinação não se incorporar na nossa visão política, não tenhamos esperança de restaurar aquilo que já quase se perdeu para nós — a dignidade do homem.»
Este texto acima transcrito, extraído do “Discurso de Aceitação do Prémio Nobel” de Harold Pinter, sugere-nos uma inserção perfeita, e uma reflexão profunda, aos momentos mais duvidosos e mais críticos da actualidade portuguesa.
O descrédito generalizado que se instalou nos portugueses, provocado pelo mau funcionamento e pela corrupção nas Instituições, no Estado, e em última análise nas mais altas figuras responsáveis da nação, levou a um clima tão caótico de desconfiança, que se torna emergente “quebrar todos os espelhos”, de uma vez por todas, ainda que doendo, chiando, gemendo… a ver se ainda é possível encarar do lado de lá desses espelhos, a verdade autêntica, e marcar um novo ponto de partida.
Os obstáculos são infindáveis, mas temos de exigir a verdade, não podemos continuar a aceitar “meias-verdades”, não podemos continuar a pactuar com “o faz de conta”, não podemos permitir que a nossa sociedade se torne um circo de vaidades, onde tudo se permite e nada é obrigado. Temos o direito e o dever de exigir esclarecimentos, sem medos e sem receios das consequências. Pior do que conhecer a verdade, por muito que ela nos doa, é constatar que somos enganados!
Afinal quem mente e quem fala verdade?
- Não queremos mais desculpas, nem justificações, queremos a verdade.
Que estourem todos os “casos”! Escândalo BCP, escândalo BPN, escândalo BPP, escândalo Casa Pia, escândalos estatais, escândalos municipais… que envolvam tudo e todos que tiverem de envolver… desde Fátimas Felgueiras, a Pedrosos, a Jardins, a Loureiros, a quem preciso for…. se todos estiverem na senda da dúvida de crime e da desconfiança para o cargo que ocupam. Mas que haja justiça e verdade nas sentenças, não nos continuem a enganar.
Infelizmente, a crise económica que atravessamos é tão avassaladora, que em breve se tornará impossível continuar a alimentar as “bocas do sistema”, e portanto, em breve se saberão muitas verdades só possíveis de despoletar quando se chega ao “fundo do poço”. Portugal está a caminho, mas quem sabe, por vezes nas crises, aliás como na própria vida, há males que vêm por bem, e depois de assaltados trancas à porta!
Temos pois a esperança, que após uma “limpeza geral” à nossa Pátria, que a todos nós sairá muito cara, dado o preço da verdade, se tornará possível voltar a restaurar «aquilo que já quase se perdeu para nós – a dignidade do homem», como nos designou um dia Harold Pinter.
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
Este texto acima transcrito, extraído do “Discurso de Aceitação do Prémio Nobel” de Harold Pinter, sugere-nos uma inserção perfeita, e uma reflexão profunda, aos momentos mais duvidosos e mais críticos da actualidade portuguesa.
O descrédito generalizado que se instalou nos portugueses, provocado pelo mau funcionamento e pela corrupção nas Instituições, no Estado, e em última análise nas mais altas figuras responsáveis da nação, levou a um clima tão caótico de desconfiança, que se torna emergente “quebrar todos os espelhos”, de uma vez por todas, ainda que doendo, chiando, gemendo… a ver se ainda é possível encarar do lado de lá desses espelhos, a verdade autêntica, e marcar um novo ponto de partida.
Os obstáculos são infindáveis, mas temos de exigir a verdade, não podemos continuar a aceitar “meias-verdades”, não podemos continuar a pactuar com “o faz de conta”, não podemos permitir que a nossa sociedade se torne um circo de vaidades, onde tudo se permite e nada é obrigado. Temos o direito e o dever de exigir esclarecimentos, sem medos e sem receios das consequências. Pior do que conhecer a verdade, por muito que ela nos doa, é constatar que somos enganados!
Afinal quem mente e quem fala verdade?
- Não queremos mais desculpas, nem justificações, queremos a verdade.
Que estourem todos os “casos”! Escândalo BCP, escândalo BPN, escândalo BPP, escândalo Casa Pia, escândalos estatais, escândalos municipais… que envolvam tudo e todos que tiverem de envolver… desde Fátimas Felgueiras, a Pedrosos, a Jardins, a Loureiros, a quem preciso for…. se todos estiverem na senda da dúvida de crime e da desconfiança para o cargo que ocupam. Mas que haja justiça e verdade nas sentenças, não nos continuem a enganar.
Infelizmente, a crise económica que atravessamos é tão avassaladora, que em breve se tornará impossível continuar a alimentar as “bocas do sistema”, e portanto, em breve se saberão muitas verdades só possíveis de despoletar quando se chega ao “fundo do poço”. Portugal está a caminho, mas quem sabe, por vezes nas crises, aliás como na própria vida, há males que vêm por bem, e depois de assaltados trancas à porta!
Temos pois a esperança, que após uma “limpeza geral” à nossa Pátria, que a todos nós sairá muito cara, dado o preço da verdade, se tornará possível voltar a restaurar «aquilo que já quase se perdeu para nós – a dignidade do homem», como nos designou um dia Harold Pinter.
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
3 Comments:
Verdade!!!!!!!
o meu elo. a ti!!!!!!!
sempre.
(obrigada querida Su)
A dignidade do homem anda tão mal tratada por este mundo fora...
Um beijo.
É, com certeza, presunção minha acreditar que Harold Pinter deu finalmente resposta à dúvida de Pilatos (Quid est veritas?) referindo a “obrigação crucial…definir a verdade autêntica das nossas vidas e das nossas sociedades”.
Nunca, como neste pequeno artigo, a “obrigação imperativa” foi tão oportuna!
Tanta Verdade em tão poucas palavras!
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