quarta-feira, outubro 22, 2008

«O Clarim da Revolta»

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Com este «Clarim da Revolta», pretendemos alertar os portugueses de mais uma das enormes injustiças do nosso Estado, assim como homenagear um amigo, que precisamente no passado dia 18 de Outubro, dia em que fomos informados que o actual governo português, decidiu reduzir o complemento de pensão aos ex-combatentes, comemorava o 42º aniversário da morte de um companheiro de guerra, «algures no leste angolano, em defesa da sua e da nossa Pátria».

Precisamente hoje, no dia em que foi divulgado um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), que coloca Portugal como um dos países mais injustos a nível mundial, ao lado dos Estados Unidos e apenas atrás da Turquia e México. Os autores do estudo “Crescimento e Desigualdades”, colocam a Dinamarca e a Suécia à frente dos países mais justos, com um coeficiente de 0,32, e o México, no topo da tabela dos mais injustos (0,47), seguido da Turquia (0,42) e de Portugal e dos Estados Unidos (ambos com 0,23). «Em três quartos dos 30 países da OCDE, as desigualdades de rendimentos e o número de pobres aumentaram durante as duas últimas décadas», lê-se ainda no relatório.

São constatações vergonhosas como esta, que infelizmente corroboram o que sentimos, e que colocam inequivocamente Portugal numa realidade escondida, que os nossos governantes tanto tentam maquilhar com os grandes desenvolvimentos tecnológicos, com os grandes avanços científicos, com a opção pelos investimentos nas grandes obras públicas, e que todavia mais não representam afinal, do que grandes enganos, e do que grandes mentiras. E assim vivemos, num país imbuído de falsa cosmética, onde não tarda, deixará por força cair a máscara, à semelhança do que já começou a acontecer ao famoso “grande império” dos EUA, e a todos aqueles que lhe seguiram o “mote” do capitalismo “ultra-radical”.

Não tenhamos ilusões, porque crescimentos desenfreados, sem sustentação natural, económica e financeira, não geram a verdadeira riqueza das nações, e mais tarde ou mais cedo, a falta de valores representada no desenvolvimento que não olha a meios para atingir os seus fins, penalizará de forma irreversível as sociedades que menosprezaram a sua natureza, e desprezaram o respeito pela justiça e pela dignidade humana, na falta de humildade de uma “corrida de uns quantos corruptos”, que procuraram alcançar rapidamente o “paraíso” à custa do mal de muitos. O resultado está à vista, e traduz-se num verdadeiro inferno.

Portugal tem-se incluído neste inferno, e todos os dias se continua a assistir a injustiças, e a políticas caóticas. Que futuro pode ter um país que por um lado retira benefícios à velhice, que trabalhou e honrou durante uma vida a sua Pátria, e por outro lado aumenta reformas compulsivas e aumenta subsídios a quem nada faz? Que futuro pode ter um país que não respeita a soberania e a defesa nacional, e que menospreza as forças de autoridade, só gritando “por socorro” quando efectivamente se sente ameaçado e assaltado? Que futuro pode ter um país que não prepara os seus jovens para as dificuldades, mas lhes atira à nascença com um horizonte hipotecado?

No passado, tal como no presente, não são as forças armadas que entram ou saem das guerras, mas sim as políticas e os políticos que o decidem, para os homens que em nome da sua Pátria aceitam essa missão. Assim deixamos a questão, será que os nossos governantes vão ter a mesma atitude, ou tratar de igual modo na reforma, os soldados que enviaram para Timor, para a Bósnia, para o Kosovo, ou para o Afeganistão, tal como estão a tratar agora os ex-combatentes das ex-colónias?

- É que as políticas mudam, e as injustiças transformam-se, mas os homens merecem sempre reconhecimento pelo seu empenho, pelo seu espírito de sacrifício, e pela entrega do seu corpo e da sua alma em prol do seu semelhante ou da sua Pátria!
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

3 Comments:

At 1:01 da tarde, Blogger isabel mendes ferreira said...

Querida Su.


Tu sim des(afias) sempre a vida.


de um modo que ADMIRO!!!!!



beijo-te!!!!!!!!

 
At 8:21 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não sei que diga. O seu artigo comoveu-me, sobretudo pela referência aos ex-combatentes, pois eu também tive companheiros de armas que morreram em defesa da Pátria.
O complemento de pensão pago aos ex-combatentes é tão ridiculamente baixo que é uma afronta. Reduzir, como se pretende, para além da imoralidade que o acto comporta (concretização de uma poupança de 10,9 milhões de euros) não passa de miserável desconsideração e desprezo por quem nunca regateou o seu sangue.
País cada vez mais injusto. Cada vez mais desigual. Cada vez mais imoral, sem Valores, sem Dignidade, sem Honra…

 
At 5:50 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Os políticos actuais estão desencontrados da vida real. As suas políticas de gabinete acomodam-se ao seu bem-estar pessoal. São necessárias vozes como as de V.ª Ex.ª para os despertar, enquanto não surgirem na política os homens e mulheres da vida real.

 

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