SUSANA BARBOSA SAIU DO PND E AVANÇA COM O PARTIDO DA LIBERDADE
Com a devida vénia à Gazeta Popular
ENTREVISTA conduzida por António Veríssimo
"As obsessões e os preconceitos dentro do PND são tantos, que lutar contra a corrente começa a representar «patinar no molhado», não se saindo do mesmo sítio"
Depois de ter protagonizado uma real oposição a Manuel Monteiro, demitiu-se da liderança da distrital de Aveiro, anunciou a intenção de se candidatar à liderança nacional da Nova Democracia e agora demitiu-se do partido. Não valeram de nada estes anos de militância?
A nossa vida é fruto do que conseguimos fazer com a aprendizagem de todos os dias. Cada dia vale a pena se a alma não for pequena, isto é, se soubermos tirar partido pela positiva, do que de bom e de mau nos vai acontecendo. Não teria sido possível candidatar-me à liderança nacional do partido se não tivesse feito o percurso que fiz. Os cinco anos em que me dediquei inteiramente ao projecto do partido, permanecendo em todas as direcções nacionais e sempre na liderança da distrital de Aveiro, deram-me um conhecimento e um traquejo político, sem os quais jamais seria possível conceber-me politicamente naquilo que hoje sou e naquilo que hoje pretendo levar por diante.
Pode dizer-se que tudo isto aconteceu devido aos laços que Manuel Monteiro nunca conseguiu desfazer face ao CDS/PP?
De certa forma sim. Os discursos que o líder do PND protagoniza caem redondos em críticas ao seu antigo partido, é uma espécie de vício, em vez de criar novos rumos, preocupa-se mais com o passado do que com o futuro e é muito difícil conseguir que o partido da Nova Democracia deixe de ser um projecto pessoal, para ser um projecto colectivo, que lute verdadeiramente contra o sistema e por uma verdadeira direita moderna e popular. Eu comecei a sentir que lutava contra o sistema dentro do meu próprio partido.
A entrada de novos militantes de cariz nacionalista, que depois foram “convidados” a sair do partido, o que mereceu da sua parte total repúdio, não terá sido a gota que faltava para o rompimento final?
Essa atitude da direcção criou-me uma enorme revolta e foi sem dúvida o que me levou a parar um pouco e a reflectir sobre a minha continuidade no partido. As obsessões e os preconceitos dentro do PND são tantos, que lutar contra a corrente começa a representar «patinar no molhado», não se sai do mesmo sítio.
Agora, aventura-se na criação de um partido novo. A ideia é este partido ser o herdeiro dos ideais da Nova Democracia?
Eu nunca estive contra os ideais do PND, principalmente depois do II Congresso que organizámos em Aveiro, quando ficou definido para o partido um rumo inequívoco de um partido de direita. O problema é a prática, ou a falta dela, dos princípios e dos valores de direita. Entre a teoria e a realidade do partido existe uma clivagem tão grande, que se torna desconcertante e desmotivante tentar convencer quem quer que seja desses mesmos ideais. Num partido novo, temos mesmo que dar o exemplo daquilo que apregoamos, sob pena de voltarmos a ser mais do mesmo, e para isso já existem tantos a fazê-lo em todas as facções políticas. Só teremos sucesso se contribuirmos para a baixa da abstenção em Portugal, e isso só será possível se conseguirmos convencer os cidadãos que somos realmente diferentes, mas provando-o, porque de discursos está o povo farto.
Numa altura em que se exige que cada partido tenha um mínimo de cinco mil filiados para existir, o que tem levado todos os pequenos partidos a unirem-se no combate a tal pretensão, não acha que é um risco avançar para a ideia de um novo partido?
Sou inteiramente contra essa Lei dos Partidos Políticos, assim como também sou contra a exigência de 7500 assinaturas para formar um novo partido. Trata-se de uma Lei anti-democrática e mal dimensionada para um pequeno país como o nosso, que foi elaborada numa lógica de defesa dos partidos do sistema e isto por si só já demonstra o quanto há para mudar na mentalidade política instaurada. Obviamente que tenho noção do risco que é avançar com um novo partido, mas acredito que os portugueses sentem cada vez mais a falta de um partido de «direita a sério». A minha experiência junto das «bases», diz-me que quando somos verdadeiros as pessoas nos procuram e vêm ao nosso encontro, e esta simbiose de interesses em que existe a partilha no diálogo, motiva e faz com que as pessoas participem de forma livre e espontânea.
O novo partido (o Partido da Liberdade) vai ser um partido de direita. Pondo de lado o rótulo, afinal quem são os destinatários deste seu novo projecto?
Os destinatários para este nosso novo projecto, o Partido da Liberdade, serão todos os cidadãos descontentes com o sistema e que se identifiquem com os princípios duma direita verdadeira acreditada nos valores da família, das nossas raízes e da nossa cultura, do trabalho, do reconhecimento e do mérito, da justiça e da liberdade com responsabilidade. Acredito que são imensas as pessoas que hoje não se revêem em nenhum dos partidos existentes e que anseiam por participar em algo de novo e diferente.
Sabendo nós que o novo partido irá ter sede nacional em Aveiro, não poderá parecer que vai ser mais um partido regional do que um partido nacional?
O Partido da Liberdade virá a ter a sua sede nacional em Aveiro, em primeiro lugar porque a sua concepção foi em Aveiro e simultaneamente porque como se sabe, Aveiro pela sua história política representa em Portugal a capital da liberdade. Por outro lado, agrada-nos muito a descentralização de Lisboa e a ideia da diferença em relação aos demais partidos, queremos provar que é possível e viável fazer política a partir de outros lados que nos aproximem mais do país no seu todo, das pessoas e das suas realidades, e não tanto da ganância dos interesses, e da ofuscação das luzes.
Sem figuras políticas de renome, não lhe parece que vai ser mais difícil vender a ideia de partido novo?
Pelo contrário, entendemos que sem figuras de renome, será mais fácil fazer crer que se trata de algo «verdadeiramente novo». Os portugueses estão fartos daquilo que o sistema lhes tem oferecido, que não passam de presentes envenenados, numa autêntica dança de ambições na roda do poder à volta dos mesmos. É urgente que se criem alternativas sinceras que não passem de meras ilusões.
Além de nacionalistas e democratas cristãos, que presumimos terão lugar no novo partido, que outras correntes ideológicas quer conquistar para o projecto?
Queremos conquistar todos os portugueses que ainda acreditam na independência nacional, nos valores patrióticos da nação e que queiram lutar ao nosso lado sem preconceitos nem amarras, por uma sociedade mais justa e livre. Dirigimo-nos a todos os que queiram lutar pela liberdade com responsabilidade, porque após 34 anos de uma revolução por uma suposta liberdade, todos sabemos que nos encontramos reféns de um sistema que em pouco tempo se tornou caduco e decadente, levando Portugal ao caos em que se encontra, tanto a nível social, como económico, como político. Não podemos continuar a pactuar com interesses que arrastam o país para um lamaçal de corrupção, crime e insegurança, que tiram aos cidadãos a auto-estima e o orgulho de serem portugueses. Queremos lutar ao lado de todos os que também ambicionem por uma Europa livre e que não queiram ser escravos do euro e desta Europa federalista defensora dos interesses de alguns, e ao lado de quem se entenda contra a globalização desenfreada. Queremos uma nova Constituição da República para uma liberdade a sério, que defenda os valores duma democracia sustentável e que não seja apenas baluarte das mentiras dos políticos, espelhando cada vez mais o poder nas mãos de menos!
A nossa vida é fruto do que conseguimos fazer com a aprendizagem de todos os dias. Cada dia vale a pena se a alma não for pequena, isto é, se soubermos tirar partido pela positiva, do que de bom e de mau nos vai acontecendo. Não teria sido possível candidatar-me à liderança nacional do partido se não tivesse feito o percurso que fiz. Os cinco anos em que me dediquei inteiramente ao projecto do partido, permanecendo em todas as direcções nacionais e sempre na liderança da distrital de Aveiro, deram-me um conhecimento e um traquejo político, sem os quais jamais seria possível conceber-me politicamente naquilo que hoje sou e naquilo que hoje pretendo levar por diante.
Pode dizer-se que tudo isto aconteceu devido aos laços que Manuel Monteiro nunca conseguiu desfazer face ao CDS/PP?
De certa forma sim. Os discursos que o líder do PND protagoniza caem redondos em críticas ao seu antigo partido, é uma espécie de vício, em vez de criar novos rumos, preocupa-se mais com o passado do que com o futuro e é muito difícil conseguir que o partido da Nova Democracia deixe de ser um projecto pessoal, para ser um projecto colectivo, que lute verdadeiramente contra o sistema e por uma verdadeira direita moderna e popular. Eu comecei a sentir que lutava contra o sistema dentro do meu próprio partido.
A entrada de novos militantes de cariz nacionalista, que depois foram “convidados” a sair do partido, o que mereceu da sua parte total repúdio, não terá sido a gota que faltava para o rompimento final?
Essa atitude da direcção criou-me uma enorme revolta e foi sem dúvida o que me levou a parar um pouco e a reflectir sobre a minha continuidade no partido. As obsessões e os preconceitos dentro do PND são tantos, que lutar contra a corrente começa a representar «patinar no molhado», não se sai do mesmo sítio.
Agora, aventura-se na criação de um partido novo. A ideia é este partido ser o herdeiro dos ideais da Nova Democracia?
Eu nunca estive contra os ideais do PND, principalmente depois do II Congresso que organizámos em Aveiro, quando ficou definido para o partido um rumo inequívoco de um partido de direita. O problema é a prática, ou a falta dela, dos princípios e dos valores de direita. Entre a teoria e a realidade do partido existe uma clivagem tão grande, que se torna desconcertante e desmotivante tentar convencer quem quer que seja desses mesmos ideais. Num partido novo, temos mesmo que dar o exemplo daquilo que apregoamos, sob pena de voltarmos a ser mais do mesmo, e para isso já existem tantos a fazê-lo em todas as facções políticas. Só teremos sucesso se contribuirmos para a baixa da abstenção em Portugal, e isso só será possível se conseguirmos convencer os cidadãos que somos realmente diferentes, mas provando-o, porque de discursos está o povo farto.
Numa altura em que se exige que cada partido tenha um mínimo de cinco mil filiados para existir, o que tem levado todos os pequenos partidos a unirem-se no combate a tal pretensão, não acha que é um risco avançar para a ideia de um novo partido?
Sou inteiramente contra essa Lei dos Partidos Políticos, assim como também sou contra a exigência de 7500 assinaturas para formar um novo partido. Trata-se de uma Lei anti-democrática e mal dimensionada para um pequeno país como o nosso, que foi elaborada numa lógica de defesa dos partidos do sistema e isto por si só já demonstra o quanto há para mudar na mentalidade política instaurada. Obviamente que tenho noção do risco que é avançar com um novo partido, mas acredito que os portugueses sentem cada vez mais a falta de um partido de «direita a sério». A minha experiência junto das «bases», diz-me que quando somos verdadeiros as pessoas nos procuram e vêm ao nosso encontro, e esta simbiose de interesses em que existe a partilha no diálogo, motiva e faz com que as pessoas participem de forma livre e espontânea.
O novo partido (o Partido da Liberdade) vai ser um partido de direita. Pondo de lado o rótulo, afinal quem são os destinatários deste seu novo projecto?
Os destinatários para este nosso novo projecto, o Partido da Liberdade, serão todos os cidadãos descontentes com o sistema e que se identifiquem com os princípios duma direita verdadeira acreditada nos valores da família, das nossas raízes e da nossa cultura, do trabalho, do reconhecimento e do mérito, da justiça e da liberdade com responsabilidade. Acredito que são imensas as pessoas que hoje não se revêem em nenhum dos partidos existentes e que anseiam por participar em algo de novo e diferente.
Sabendo nós que o novo partido irá ter sede nacional em Aveiro, não poderá parecer que vai ser mais um partido regional do que um partido nacional?
O Partido da Liberdade virá a ter a sua sede nacional em Aveiro, em primeiro lugar porque a sua concepção foi em Aveiro e simultaneamente porque como se sabe, Aveiro pela sua história política representa em Portugal a capital da liberdade. Por outro lado, agrada-nos muito a descentralização de Lisboa e a ideia da diferença em relação aos demais partidos, queremos provar que é possível e viável fazer política a partir de outros lados que nos aproximem mais do país no seu todo, das pessoas e das suas realidades, e não tanto da ganância dos interesses, e da ofuscação das luzes.
Sem figuras políticas de renome, não lhe parece que vai ser mais difícil vender a ideia de partido novo?
Pelo contrário, entendemos que sem figuras de renome, será mais fácil fazer crer que se trata de algo «verdadeiramente novo». Os portugueses estão fartos daquilo que o sistema lhes tem oferecido, que não passam de presentes envenenados, numa autêntica dança de ambições na roda do poder à volta dos mesmos. É urgente que se criem alternativas sinceras que não passem de meras ilusões.
Além de nacionalistas e democratas cristãos, que presumimos terão lugar no novo partido, que outras correntes ideológicas quer conquistar para o projecto?
Queremos conquistar todos os portugueses que ainda acreditam na independência nacional, nos valores patrióticos da nação e que queiram lutar ao nosso lado sem preconceitos nem amarras, por uma sociedade mais justa e livre. Dirigimo-nos a todos os que queiram lutar pela liberdade com responsabilidade, porque após 34 anos de uma revolução por uma suposta liberdade, todos sabemos que nos encontramos reféns de um sistema que em pouco tempo se tornou caduco e decadente, levando Portugal ao caos em que se encontra, tanto a nível social, como económico, como político. Não podemos continuar a pactuar com interesses que arrastam o país para um lamaçal de corrupção, crime e insegurança, que tiram aos cidadãos a auto-estima e o orgulho de serem portugueses. Queremos lutar ao lado de todos os que também ambicionem por uma Europa livre e que não queiram ser escravos do euro e desta Europa federalista defensora dos interesses de alguns, e ao lado de quem se entenda contra a globalização desenfreada. Queremos uma nova Constituição da República para uma liberdade a sério, que defenda os valores duma democracia sustentável e que não seja apenas baluarte das mentiras dos políticos, espelhando cada vez mais o poder nas mãos de menos!
O que penso de:
MANUEL MONTEIRO
Um político ressabiado que não consegue libertar-se do passado.
PAULO PORTAS
Um político ressabido que não consegue libertar-se da ganância.
JOSÉ SÓCRATES
Pior que um cego, é o arrogante e prepotente que se recusa a ver.
LUÍS FILIPE MENEZES
Um homem que ambicionou uma grande nau, só conseguindo ampliar tormentas.
JERÓNIMO DE SOUSA
Um homem sério a gerir um império decadente.
FRANCISCO LOUÇÃ
A triste ilusão da esquerda.
(Publicado na Gazeta Popular em 11.01.2008)
5 Comments:
Contigo Su.
em tudo.
sempre.
abraço.
a desejar-te o Melhor caminho.
tua.
Y.
Um beijo.
Um beijo.
Bom, bom, bom.
Bjinho Susana. Força.
Ao anónimo já «identificado» pela IP:
Agradeço que deixe de perseguir esta casa, para deixar comentários inconvenientes. Veja se arranja mais que fazer... sob pena de ter mesmo que ser indelicada, accionando a moderação neste sítio, que sempre foi livre e democrático , com comentários abertos!
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