quinta-feira, janeiro 29, 2009

A “alta velocidade” é mais um Freeport

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
«Freeport Outlet Alcochete – O Maior Outlet da Europa». Vejam bem, as fantásticas razões, que fazem com que o nosso pobre Portugal mereça distinções de ver incluídas “coisas”, que afinal, nem tão pouco são de sua pertença, nas listas “tão honrosas” que destacam os maiores disto e daquilo!

Por ironia da globalização, apenas o nome do local onde se situa esta desmesurada superfície comercial, é português. De resto, vamo-nos habituando a assistir à atribuição destas nomenclaturas estrangeiras, neste tipo de exploração económica e global, sem protestar, e a ver colocados de parte os nossos maiores patrimónios nacionais: a nossa língua portuguesa, a nossa cultura, a nossa indústria, e o nosso comércio.

Mas mais grave ainda, é constatar que na nossa economia portuguesa, tudo é permeável aos “donos do poder”. O lamaçal em que toda a implantação deste extraordinário “Outlet” se efectuou, jamais permitirá limpar os alicerces do mesmo, e jamais verá dignificada a imagem de Portugal em tão nefasta estrutura. “Compadrios”, “tios”, “primos”, “sobrinhos”, e “outros mais”, “luvas” de tantos e tantos milhões, que para além de lhes perdermos a conta, nos humilham profundamente no nosso ser mais íntimo, enquanto povo que vive com duras dificuldades.

Questionamos então: Perante esta inqualificável corrupção e tráfico de influências, porque ainda não se demitiu o primeiro-ministro? Perante as próprias desconfianças já instaladas mesmo a nível internacional, e as comprovadas escutas telefónicas, porque se permite a José Sócrates que continue a defender o indefensável?

Perguntamos ainda: Porque não exerce os seus poderes, para esta caótica situação, o Sr. Presidente da República?

É que esta situação embaraça a todos, e não é consequente da “crise económica global” que atravessamos, mas sim da crise de valores com que há décadas nos confrontamos.

Em Portugal “vale tudo” em proveito próprio dos protegidos do sistema, e continuará a ocorrer desta forma, enquanto as acusações, as buscas, as averiguações, e as investigações, levadas a cabo pelas entidades competentes, caírem sempre em “saco roto”, e não passarem de imensos folclores “para inglês ver”, pois após eternos “timings” processuais, as “vidinhas” dos iluminados corruptos, continuam bem salvaguardadas, sem nunca chegarem, sequer, a perder, o estatuto do “tratamento VIP”.

É uma vergonha sem “parança” que num país tão pequeno, a corrupção represente um cancro tão enraizado. Todos os dias se aumentam os “tachos” dos homens do poder, esses mesmos que, também todos os dias, por sua vez, têm a lata de pedir sacrifícios, e “aperto do cinto” a todos os portugueses.

E a festa vai continuar… o TGV continua a ser defendido, pois claro! Mais um “elefante branco”, para incremento de obras públicas, para servir os interesses dos lobies instalados, das assessorias contratadas aos amigos, aos tios, aos primos… e mais um agrado ao outro “José”, desta feita, a José Luís Zapatero e à portentosa Espanha.

Porque a nós, simples cidadãos deste tão pequeno rectângulo, não nos faz qualquer diferença os minutos que a extraordinária “alta velocidade” nos trará, comparada com o exorbitante custo de um simples bilhete, ou pior ainda, comparada com a diferença que representa a hipoteca do nosso futuro e do futuro dos nossos filhos, desta luxuosa benesse, que mais não é do que um presente envenenado para Portugal, e uma megalomania de uns tantos (para servir a tão poucos…), que continuam a assentar o nosso desenvolvimento numa verdadeira “fuga para a frente”, sem responsabilidade e sem escrúpulos.

Tudo isto, até que um dia, a corda rebente, e se passe a “gritar” por bom senso e verdadeira Justiça. Se necessário for, à custa da “Justiça por mãos próprias”.
Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

6 Comments:

At 11:14 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Portugal, infelizmente para todos nós, tornou-se num país do terceiro mundo. Ou do quarto, ou do quinto já nem sei! A venalidade é banalidade! A corrupção alastra! O nepotismo grassa! Uns traficam influências, outros, droga. Uns assaltam Bancos, e os Bancos “esfolam” quem podem. Autarcas vendem-se a troco de “sacos azuis”, sob o aplauso de quem aguarda algumas migalhas. Cada qual “desenrasca-se” como pode, de preferência á custa alheia.

Atravessamos uma crise de valores sem paralelo. Quem, ainda, é íntegro e digno, sente a raiva que advém da impotência. E, como o outro, talvez também diga: “A corrupção é tanta que estou farto de ser honesto”!

 
At 12:53 da manhã, Blogger Terra e Sal said...

É Susaninha!
Está mesmo brava com o nosso primeiro-ministro. Então a coisa não está entregue à Justiça?
Não podemos embarcar em tudo o que os jornais publicam já que, a maioria deles, infelizmente, são “governados” por labregos sem escrúpulos, e ou faz-se o que dizem, ou há represálias pela certa.
Depois o nosso povinho o que quer é ver “sangue” e ao dar-lhes o que pretendem, os jornais vendem-se como se de resmas de papel fraco se tratasse.
Vamos esperar para ver como tudo vai acabar.
Penso que a nossa Justiça ainda é imparcial, e portanto, não podemos embarcar em jogos de bastidores do “diz-se que se diz” .
Não sei se houve ou não corrupção. O facto de uma carta anónima fazer fé seja no que for, para mim é absurdo e ridículo.
Andarem pessoas avulsas a jurar que sim, que é verdade, de palpável não vejo nada.
Os próprios adversários políticos que o que queriam era cozido num caldeirão de água a ferver, estão cautelosos e comedidos nos seus comentários.
A coisa é demasiado melindrosa, particularmente, para o nosso país, para todos nós.
Já o ouvi a ser acusado de maricas, e parece-me que de gay não tem nada.
Já passou por ser quase analfabeto, e o homem é fluente na escrita e na oral, e desembaraça-se melhor que eu no inglês, já que, sempre que peço cerveja gelada , trazem-me sempre chá a ferver, e já cheguei à conclusão que o defeito deve ser meu.
Em ano de eleições há sempre engenhocas para tratar da saúde aos adversários.
Oxalá seja isso. Eu não ponho as mãos no lume por ninguém, mas custa-me acreditar que o homem esteja envolvido, seja no que for de corrupções.
Já sei que no nosso país 50% das pessoas são corruptas, e se calhar, as outras 50% gostariam de o ser.
Mas há sempre meia dúzia delas que não pertencem à maioria e portanto não são contabilizadas.Acredito que ele seja uma dessas.
Quanto ao TGV concordo que devia ficar para segundas núpcias.
Bom fim de semana Susaninha e um xi coração, que aqui, neste assunto, foi mázinha nas suas insinuações...

 
At 9:45 da tarde, Blogger Susana Barbosa said...

Caro Terra e Sal,

Pergunto-lhe apenas: sabe como funciona hoje a Justiça e o apuramento da "Verdade" em Portugal?

O povo português começa a não ter paciência para tanta mentira,nem para tantos casos suspeitos entregues à Justiça que dão "em nada", ou ficam em "banho-maria" quando é conveniente!!!

Para corroborar o que digo, aí estão as próprias declarações da PGR e a classificação do próprio PR sobre o caso Freeport, de um "assunto de Estado"... tudo isto não lhe diz nada???

 
At 11:51 da tarde, Blogger Terra e Sal said...

Vamos aguardar Susana, vamos aguardar.
O Senhor Presidente da República que eu saiba não é polícia e parece-me bem que, se fosse, teria pouco jeito para isso.
É verdade que a nossa justiça funciona devagar, devagarinho, mas deve-se a uma série de circunstâncias, inclusive, aos minuciosíssimos métodos que utilizam, o que, não acontece noutros países.
É certo que nos irritam as demoras, e muitas vezes até os resultados, porque nos “defraudam”.
Mas prefiro assim que deixar pormenores à “solta” que possam suscitar dúvidas aquando das condenações.
Se procedessemos como alguns países, tínhamos de fazer cadeias em banda, tipo bairro social, para lá meter tanta “criminalidade".
De quando em vez, vejo e oiço ex-polícias em programas de TV, pagos a preço de oiro, a fazer em meia dúzia de minutos, outra meia dúzia de “julgamentos”.
Fico pasmado com o que oiço e com tanto atrevimento. Penso como tipos daqueles fariam jeito no Zimbabué, e vejo aqueles peitos cheios de condecorações concedidas pelo Mugabe,mas ele acho que prefere dar quintas,ficando com as medalhas para ele.
Ouvi a senhora Procuradora da Republica a dar explicações sobre o caso. Não me lembro de ela ter dito algo que levantasse suspeição.
Claro que há um ditado antigo que diz: “Não há fumo sem fogo!”
Mas isso era em tempos idos, em que as coisas eram detectadas a olho nu. Hoje, faz-se fogo sem fumos, e o contrário também é verdade.
Oxalá toda a verdade venha a ser apurada até porque, eu, como outros que não fogem aos impostos, não têm disposição para andar a manter calaceiros, se é que os há...
Boa semana Susaninha.

 
At 9:11 da manhã, Blogger Terra e Sal said...

Bom dia Susaninha.
Hoje é notícia no Diário de Aveiro.
Parece-me bem que vai ser novamente convidada e "pressionada" a voltar ao seu antigo partido...
Que faça a melhor opção são os meus votos.
Abraço

 
At 2:24 da tarde, Blogger hfm said...

Boa semana, Susana, muito para além de todas as trapalhadas e alhadas deste país de opereta.

 

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