quarta-feira, julho 25, 2007

Por uma «Nova Direita»

Após as últimas eleições intercalares à Câmara Municipal de Lisboa, a «Direita» portuguesa entrou em reflexão profunda. Todos os partidos de direita, fragilizados e fragmentados, sofreram uma enorme derrota. O denominado voto de protesto, «ou de comodismo», foi a abstenção. PSD, CDS/PP e PND reuniram os seus Conselhos Nacionais no passado sábado. Nada voltará a ser igual.
A direita portuguesa está em crise e é urgente um refrescamento político nacional. Até Santana Lopes pondera a criação de uma nova força política que mobilize a direita e o centro-direita conforme noticiado no passado fim-de-semana.
«A nova força política poderá chamar-se Aliança Democrática Portugal (ADP). É essa a sigla já registada por Ricardo Alves Gomes, ex-adjunto de Santana no Governo, que abandonou o PSD em 2005 e mantém uma página "em construção" na internet com o logótipo da ADP – em tons verde, branco e azul» conforme artigo do Diário de Notícias.
A solução da direita portuguesa, passará mesmo pela criação de mais partidos políticos ou de uma aliança de direita?
De momento, não estamos certos de nada. Mas o que sabemos é que partidos novos com a imagem de políticos antigos na política, dificilmente conseguirão obter sucesso. Exemplo do que afirmamos foi no passado Ramalho Eanes, e mais recentemente Manuel Monteiro no nosso Partido da Nova Democracia. O primeiro «morreu» pouco depois de nascer e o segundo, o partido de que sou fundadora, com muita pena minha, não conseguiu ainda levantar voo, apesar de já levar cerca de quatro anos de existência.
Desiluda-se pois, Santana Lopes, se pensa que um novo partido com a sua imagem, depressa poderá singrar através da sua notoriedade, ainda que possa constituí-lo com a mais portentosa «máquina de marketing», como faz bem o seu estilo.
Não queremos com isto afirmar que as intenções não sejam boas, cada qual com as suas ideias e a sua forma particular de ser e de estar na política. Mas o que se constata, é que o povo português está farto de políticos que fazem ou já fizeram parte do sistema.
Em relação a uma «reunificação» da direita portuguesa, ao contrário do que afirmou José Adelino Maltez, especialista em Ciência Política, também cremos que ela será muito improvável, decerto mesmo impossível, dadas as características dos actuais líderes da direita, muito diferenciadas das características de «elevação» de políticos como Sá Carneiro ou Adelino Amaro da Costa, que quando criaram a «AD» souberam acima dos interesses pessoais colocar os interesses do país.
Vamos pois lutar por uma «Nova Direita», intenção inquestionável do PND – Partido da Nova Democracia, e objectivo a que nunca deixou de se propor. Acreditamos que ainda é possível fazê-lo no actual contexto partidário, se soubermos renovar a imagem e a organização do nosso partido.
Apresentarmos o PND na política portuguesa, como uma «verdadeira alternativa de direita» face ao estrangulamento de «mais do mesmo» dos demais partidos, é o nosso desiderato. Mas para que tal aconteça, não podemos comungar com o sistema, temos de ter a coragem de nos afirmarmos genuínos, sinceros, num combate sério pelos interesses de Portugal, com uma «nova atitude» na política, porque o povo tem razão para estar saturado da política e dos políticos, e «desconfia», quando sente que o que se diz não corresponde ao que se faz!
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)