Artigo da Lusa
MANUEL MONTEIRO CONTRA A EXTREMA DIREITA
O Partido da Nova Democracia está a ser invadido por indivíduos de extrema-direita, "gente treinada politicamente e orientada com o objectivo de tomar conta do partido", disse hoje à Lusa Manuel Monteiro, líder do partido.
Manuel Monteiro acredita que "estes indivíduos não estão no partido a titulo individual, mas sim em grupo, cuidadosamente organizados", de tal forma que, durante o Conselho Geral do PND, realizado no passado fim-de-semana, "tiveram o cuidado de se sentar estrategicamente na sala, uns à frente e outros a trás, de forma a parecerem muitos".
Com a devida vénia à Lusa
A polémica surgiu quando o semanário Sol noticiou, no inicio de Outubro, que o SIS e a PJ se encontravam a investigar a migração de alguns membros do Partido Nacional Renovador (PNR) para o PND e culminou com a ameaça de Manuel Monteiro de expulsar do partido os militantes que demonstrem afinidades com a ideologia de extrema-direita.
Durante o Conselho Geral do PND, realizado em Guimarães, Manuel Monteiro pediu aos militantes do partido que apoiam a ideologia de extrema-direita que abandonem a Nova Democracia e propôs a expulsão daqueles que se recusarem a abandonar o partido de livre vontade.
"Os princípios preconizados pelo PND, como partido de direita e conservador, são incompatíveis com ideias racistas ou xenófobas e nesse sentido vamos fazer uma identificação das pessoas que escreveram textos racistas e que participam ou participaram em blogues orientados por estes ideais", revelou o líder da Nova Democracia.
Diz ainda Manuel Monteiro que, depois da identificação destes indivíduos, o partido enviará uma carta aos visados, explicando que "os ideais do partido são incompatíveis com a ideologia de extrema-direita" e onde os militantes serão convidados a abandonar o PND.
Da mesma opinião é Susana Barbosa, líder da distrital de Aveiro e candidata à sucessão de Monteiro, advertindo, no entanto, para a necessidade de se distinguir entre nacionalistas e nacional-socialistas.
"É obvio que não sou xenófoba nem racista e, relativamente à expulsão dos indivíduos de extrema-direita do partido, estou de acordo com Manuel Monteiro", disse a líder distrital.Susana Barbosa foi uma das subscritoras de uma moção, apresentada no fim-de-semana, contra a direcção de Manuel Monteiro e que contou com o apoio da ala nacionalista do partido.
Contudo, a líder da distrital de Aveiro recusa qualquer conotação com a extrema-direita, dizendo contar com o apoio dos nacionalistas e não dos nacional-socialistas."Eu não tenho nada contra os nacionalistas, que são apenas uma parte do meu apoio, tenho sim contra o nacional-socialismo, é preciso distinguir", declarou Susana Barbosa, acusando ainda alguma comunicação social de agir de má fé ao colar os nacionalistas aos indivíduos de extrema-direita.
Segundo Manuel Monteiro, os indivíduos de extrema-direita terão começado a "invadir" a Nova Democracia após a sua demissão da liderança do partido.
"Eles pensaram que eu me ia embora e acharam que era o momento de atacar", disse o líder da Nova Democracia, acrescentando que a partir dessa data o número de fichas de inscrição de militantes aumentou de tal forma que, actualmente, "o número de fichas que estão para avaliação é incontável".
"Gostava de perceber os motivos que os levou a querer vir para a Nova Democracia", disse Manuel Monteiro, revelando ter informação que, caso venham a acontecer, as expulsões não serão pacíficas.
Contudo, diz Monteiro, o PND acordou e, como ficou claro neste Conselho Geral que foi o mais concorrido da história do partido, os militantes não apoiam esta ideologia.
Susana Barbosa, por seu lado, diz desconhecer se de facto existem indivíduos de extrema-direita no partido, preferindo criticar a postura de Manuel Monteiro, alegando que "o partido não pode ser de uma pessoa só".
O que a dirigente distrital afirma é vai seguir com a candidatura à liderança do partido, acreditando que dispõe de sérias possibilidades de enfrentar com êxito o actual líder.
Manuel Monteiro não sabe ainda se será candidato à liderança do PND, adiantando apenas que até ao Congresso, que deverá acontecer em meados do próximo ano, "é preciso arrumar a casa" e alcançar alguns objectivos internos.
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