quinta-feira, setembro 13, 2007

Retratos do país real

Numa breve volta pelo nosso país, sem menosprezo para todos os fantásticos destinos turísticos que existem pela nossa Europa e pelo resto do mundo, o turismo em Portugal poderia dispor de uma qualidade de excelência aliada aos dotes naturais que temos para oferecer ao nível dos «melhores dos melhores». Podemos desfrutar de um sem fim de opções entre as serras e os rios, os ribeiros, as cascatas, as planícies, as rias, as praias e o mar, sem no entanto nos maçarmos em viagens de milhares de quilómetros.
De uma imensa diversidade e riquezas naturais, ao significativo património histórico que Portugal pode exibir, à extraordinária gastronomia tão variada quanto as paisagens que nos rodeiam, de tudo um pouco, temos para oferecer, sem deixar ficar mal o mais ilustre dos mortais.
Face ao exposto, poderíamos estar cientes que o turismo deveria ser uma das maiores fontes de receitas do país, não fosse a má gestão nacional dos sucessivos governos nos incentivos regionais, e face aos programas de apoio ao turismo que ano após ano se têm vindo a sentir insuficientes e redutores, num contexto de aproveitamento de recursos e iniciativas propostas.
Para além de que a própria recessão económica transparece em cada esquina, nas visitas a que os turistas se propõe de norte a sul do país. E como contra factos não há argumentos, é evidente que a imagem de país civilizado e de uma Europa «limpinha», se desvanece sempre que nos retratamos num país com jardins à beira-mar plantados, mas onde proliferam as plantas ressequidas e onde os lixos empurrados pelos ventos se amontoam pelos cantos tristes e obscuros.
Um país onde as vias romanas que deveriam ser preservadas, são substituídas por alcatrão e por um sem fim de rotundas que já nos deixam tontos, por vezes em tão pequenas vilas e aldeias, não está de bem consigo próprio. Um país que tem ao abandono milhares de prédios e casas, e que tem em degradação património classificado, não pode ter a pretensão de ambicionar a «excelência» tão almejada para o turismo nacional.
A aumentar a desolação, e ainda como sinónimo do que efectivamente não corre bem, não nos faltam às centenas e aos milhares, as placas que já se tornaram um «decor» da paisagem, com «vende-se», «aluga-se», «trespassa-se», ou ainda «encerrado para liquidação total».
Este é o retrato do país real que nos estraga o turismo nacional, e não nos deixa cair nas teias da ilusão do «socratismo» que para a festa lança os foguetes, admira o fogo, mas não apanha as canas. E quanto ao mais, quem venha a seguir, «com obra», ou «sem obra», que pague as contas. Até quando?
(publicado nas edições de ontem do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

6 Comments:

At 6:34 da tarde, Blogger veritas said...

É verdade. Estas férias tive mais uma vez oportunidade de o verificar...

Bjs. Boa semana.

 
At 9:16 da tarde, Blogger PostScriptum said...

Alguns - bons - raros exemplos de como guardar as memórias também são possiveis de observar. Por exemplo: o centro histórico de Viseu.
Admito que devemos fazer mais e melhor. Uma dica: existem associações de defesa do património. Uma causa cívica a abraçar.
Deixo-te um link onde encontrarás uma série de mais..

http://pt.wikipedia.org/wiki/Registo_Nacional_das_Organiza%C3%A7%C3%B5es_n%C3%A3o_Governamentais_de_Ambiente_e_Equiparadas

Abarço

 
At 10:18 da tarde, Blogger hfm said...

Até quando continuarmos a desconhecer os nossos deveres de cidadania.

 
At 4:36 da tarde, Blogger PintoRibeiro said...

Precisamente: até quando...
Bom fim de semana, bjinho Susana.
( Vou reenviar o número ).

 
At 10:02 da tarde, Blogger martim de gouveia e sousa said...

um retrato directo, fundo. bjo.

 
At 9:03 da manhã, Blogger hora tardia said...

Su....


vim. devagar. muito devagar.



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beijos. sempre.

 

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