quarta-feira, agosto 15, 2007

O Artesanato e as nossas raízes

Diz-se do artesanato, que consiste na manufactura de objectos, com matéria-prima existente numa determinada região. Assim, os resultados conseguidos no produto final, representam em si mais do que um simples objecto, também a denúncia das características da própria terra onde são produzidos, da sua história, da sua cultura, dos seus usos e costumes, da sua tradição.
Por tão relevantes factores, se torna nos dias de hoje de interesse nacional, a conservação e preservação do artesanato português. Numa época em que os objectos se massificam e se despersonalizam, uma peça artesanal pode ter um valor incalculável, porque tal como qualquer elemento natural, possui a rara qualidade de uma peça única e exclusiva.
Portugal, que é por natureza um país de características heterogéneas, traduzindo entre o Minho e o Algarve, as mais raras e belas paisagens e ambientes naturais, por serras, rios, ribeiros, cascatas, rias, mar, praias, planícies e planaltos, como não poderia deixar de ser, espelha no seu artesanato a riqueza do património da sua formação.
Assim, num país considerado de pequena dimensão como o nosso, podemos no entanto encontrar numa Feira Nacional de Artesanato, peças tão diferentes, como uma toalha de linho bordada, uma escultura de barro, uma manta de lã de ovelha, uma cesta de verga, um tapete de Arraiolos, um cavaquinho, uma guitarra, e um sem fim de outras peças provenientes de todas as regiões, em que cada qual se identifica com as tradições e características do local donde é proveniente.
Descobrir uma peça de artesanato, é também conhecer, valorizar e respeitar as nossas raízes e as nossas tradições. Cada objecto transmite-nos uma sabedoria ancestral e reporta-nos às nossas origens, sem as quais jamais poderíamos ser nesta vida, o que hoje somos.
Importa, pois, que no percurso da nossa civilização não deixemos morrer o que de melhor nos oferecem as nossas tradições. Dentro destas, o artesanato deve ser elevado como um dos pilares primordiais da nossa cultura, para a ajuda da compreensão da nossa história, e para a educação das gerações vindouras.
As entidades responsáveis pela organização das Feiras de Artesanato, um pouco por todo o país, têm a obrigação de fazer mais e cada vez melhor pelo nossos artesãos e por todos os que a estas se dirigem, têm de ser dinâmicas e têm de assumir a responsabilidade de as tornar em eventos atractivos e merecedores do prestígio que cada região exige. Não querer compreender a importância destes eventos, e não prestar a devida atenção aos artesãos e às suas obras, é o mesmo que não respeitar o nosso povo e as nossas raízes.
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

4 Comments:

At 5:46 da tarde, Blogger Nero said...

De enaltecer tudo o que ainda tenha a ver com as nossas raízes.

 
At 9:42 da manhã, Blogger hfm said...

"Descobrir uma peça de artesanato, é também conhecer, valorizar e respeitar as nossas raízes e as nossas tradições."

Susana, não podia estar senão de acordo. Penso que nunca soubemos valorizar o que é realmente nosso, vivemos de imitações e a criatividade nunca foi muito valorizada.

Um abraço

 
At 11:20 da manhã, Blogger PintoRibeiro said...

As raízes, urgente.
Bjinho Susana.

 
At 2:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

se te chamar árvore? entendes?


____________sei que sim.




beijo Su.


y.

 

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