quarta-feira, setembro 05, 2007

A crise instalada nas famílias portuguesas

Em pleno período estival, os resultados de um inquérito efectuado às famílias portuguesas, divulgado a semana passada pela Comissão Europeia, em Bruxelas, anunciam que as poupanças estão ao mais baixo nível de sempre, relatam as dificuldades efectivas do orçamento, temem o desemprego e «cancelam planos para proceder a grandes compras».
Ainda de férias, as famílias portuguesas sentem na pele as dificuldades em gerir os próprios subsídios de férias, que afirmam serem rapidamente tomados por dívidas anteriormente contraídas. Os sucessivos aumentos das taxas de juro, reduziram de forma substancial a capacidade de fazer face às despesas comuns, diminuindo à força o consumo doméstico.
A corroborar os resultados deste inquérito, os mais recentes dados sobre a economia, publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referem que as famílias estão a gastar menos em produtos de consumo corrente, essencialmente nos alimentares. Segundo o INE, isto explica mesmo «parte da desaceleração da economia verificada no segundo trimestre do corrente ano, já que, na ausência de compras, o volume de negócios das empresas fica afectado».
«Apertar o cinto», passa a ser uma constante, dado que não se prevêem melhorias para os próximos 12 meses. Apesar das várias tentativas do actual governo, de gerar uma ilusão contrária ao pessimismo das famílias, e à depressão dos pequenos e médios empresários, «contra factos, não há argumentos», a realidade fala mais alto.
Ainda de acordo com os resultados do mesmo inquérito da Comissão Europeia e em sintonia com os últimos dados divulgados pelo INE, os industriais relatam menores expectativas nas exportações, os sectores de serviços como o comércio, seguradoras e banca, prevêem para os próximos meses menos procura por parte dos clientes, a confiança dos patrões da construção civil continua deprimida e os empresários em geral afirmam que a tendência futura da actividade económica em Portugal, em relação aos últimos meses, para piorar.
Segundo o Banco de Portugal, ano após ano, tem-se vindo a verificar a redução da taxa de poupança, tendo mesmo atingido no último ano «uma redução de cerca de um ponto percentual», prevendo para 2007 «uma nova queda da taxa de poupança», só se prevendo uma recuperação para 2008, dado que o aumento dos salários tem sido sempre inferior ao aumento do custo de vida.
Perante um cenário tão desanimador, o que é que ainda leva o governo e mesmo o Banco de Portugal, a acreditarem numa recuperação em 2008? Estarão para implementar uma prodigiosa solução que nós desconhecemos? Se o rumo continuar o mesmo, insistindo mais em cobranças de impostos como medida prioritária, ao invés da criação de planos emergentes de reanimação da economia, podem crer que a «velha história do burro» se repete. Sem sustento, nada resiste.
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

4 Comments:

At 4:42 da tarde, Blogger Nero said...

A situação será bem pior do que transparece.
Cumprimentos.

 
At 6:22 da tarde, Blogger Nilson Barcelli said...

Não saimos mais disto...
Há quem saiba como se faz para que os portugueses vivam como europeus de 1ª. Só que, quando chegam ao poder, vê-se que afinal não o sabem fazer.
Bfds, beijinhos.

 
At 8:58 da tarde, Blogger PintoRibeiro said...

Bfsemana e um bjinho Susana.

 
At 1:52 da tarde, Blogger Pepe Luigi said...

Ola Arestália
Parece que entrámos num circulo viciso tipo pescadinha de rabo na boca.

 

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