Corrupção – miséria e alavanca
O cancro social de mais difícil tratamento que existe nos dias de hoje é sem dúvida a corrupção. De braço dado com a criminalidade, a corrupção é um mal global, transversal a todas as sociedades, e a todas as classes. Em pleno século XXI, com o avanço da ciência e da tecnologia, também ele oportunistamente aproveitado ao serviço dos corruptores, a corrupção ganha contornos cada vez mais perfeccionistas e por conseguinte gera também mais embaraços a todos os que, a bem, o querem combater.
No recente relatório publicado pela OCDE, é considerada «insuficiente a luta que Portugal tem travado contra a corrupção», denunciando que «Portugal tem que apostar na eficácia da investigação da criminalidade económica e financeira». O relatório deixa ainda recomendações importantes a Portugal como a proibição de despesas confidenciais não declaradas de forma a fortalecer a capacidade das entidades fiscais para detectar subornos, o reforço dos meios das autoridades para detectarem e investigarem os crimes de corrupção e de tráfico de influências, e a maior prevenção e investigação entre os sectores públicos mais relevantes e o conhecimento sobre a detecção, prossecução e investigação da corrupção nas transacções económicas internacionais.
Nos crimes de tráfico de influências e corrupção, segundo o relatório, Portugal não apresenta dados satisfatórios. Em 2004, foram registadas 49 condenações, num universo de 69 acusações e é na área da administração central e local que se registam mais casos de actividades suspeitas – em 2005 foram iniciados 169 inquéritos nessa área por alegado crime de corrupção, seguindo-se de 54 inquéritos no seio das forças de segurança e 31 nas unidades de fiscalização rodoviária.
Como poderemos corrigir a sociedade civil, se o próprio estado não dá o exemplo?
Crimes, tráficos, aliciamentos e subornos, são-nos dados a conhecer todos os dias pelos meios de comunicação social, ocorrendo de norte a sul do país, praticados por cidadãos anónimos, por empresas, por Universidades, por Câmaras Municipais, por Ministérios Públicos… não admira pois, que o referido estudo aconselhe Portugal «a ser mais activo na luta contra a corrupção quer no sector público, quer no sector privado».
É urgente “denunciar” e intervir a todos os níveis sociais e políticos, para combater o antinatural e já instituído ditado dos nossos dias de que “O Crime Compensa”. A miséria humana avoluma-se tanto mais, quanto se avoluma a corrupção, e esta só serve de alavanca de sucesso aos oportunistas do sistema, enquanto o próprio sistema não apresentar mecanismos competentes de fiscalização. Há-de existir sempre alguém interessado que isto aconteça!
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)
5 Comments:
Um GRANDE post.
Bom dia Susana, bjinho.
Boa Páscoa e um beijinho Susana.
Concordo com tudo o que está escrito, mas...
"Como poderemos corrigir a sociedade civil, se o próprio estado não dá o exemplo?"
A pergunta também pode ser formulada de outra maneira:
Como poderá o Estado corrigir-se se a sociedade civil não dá o exemplo, sabendo que é desta que saem as pessoas que ocupam os diversos cargos no Estado?
O que eu acho é que a corrupção está-nos no sangue. Toda a gente a pratica, pela menos a pequena corrupção. Desde a cunha para arranjar emprego para o filho até às gincanas que fazemos para arranjar uma consulta médica à frente dos outros, passando pela fuga aos impostos, etc.
Daí até à grande corrupção é apenas um passo bem pequeno.
O tráfico de influências, por exemplo, quase toda a gente que esteve no poder há décadas a praticou.
Porque essas pessoas pertencem a uma sociedade onde a permissividade é a palavra de ordem. Quem é honesto é apelidado de ingénuo e de outros nomes bem menos agradáveis.
É a sociedade do chico-espertismo. Onde a corrupção é uma parte integrante dessa opção de vida.
Boa Páscoa.
Beijos.
com um estado destes não há decência.!!!!!!!!!!!!
disse!
______________
beijo pascal..:)))))))))))))Su.
brilhante o grito.
Boa Noite, Arestália.
Não concordo com tudo o que está escrito no seu post por achar que existe alguma injustiça para com este Governo.
É certo que os tubarões das fugas continuam no auge das suas actividades, intocáveis, protegidos por paraísos fiscais, sedeados algures neste planeta.
Mas não é menos verdade, que no ano transacto, o Estado levou a cabo investigações com a PJ a alguns bancos, empresas e profissionais liberais, no sentido de descobrir o rasto de milhões de euros que aparentemente teriam fugido ao fisco.
É certo que fiquei com algumas dúvidas se estas buscas iriam dar alguma coisa ou se pelo contrário iriam ficar em "águas de bacalhau" como de costume.
No entanto, este Governo conseguiu recuperar uns bons milhões de euros, em dívida há alguns anos ao fisco e à Segurança Social, graças aos mecanismos implantados.
Uma boa Páscoa
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