quinta-feira, julho 02, 2009

A subida de impostos e a asfixia das famílias

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
«Portugal está entre os países em que o peso dos impostos suportados pelas famílias nos seus respectivos rendimentos tem vindo, durante esta década, a subir mais.»
De acordo com o relatório publicado na passada semana pelo gabinete europeu de estatísticas, o Eurostat, as taxas implícitas dos impostos sobre o consumo, o trabalho e o capital, registaram subidas significativas em Portugal durante o período de 2000 a 2007, último ano para que foram disponibilizados valores.

É uma realidade, já por nós anteriormente referida, que Portugal está entre os países em que o peso dos impostos suportados pelas famílias nos seus respectivos rendimentos tem vindo, durante esta década, a subir mais.

A taxa implícita nos impostos sobre o trabalho, passou de 27 por cento em 2000 para 30 por cento em 2007. A subida de três pontos foi a mais forte entre os 27 países da União Europeia analisados, sendo que a média europeia registou mesmo uma redução de 0,6 pontos percentuais. O mesmo acontece para a variação entre 1995 e 2007 (o aumento foi em Portugal de 3,5 pontos percentuais).

Vejamos que a taxa implícita, mede o peso dos impostos efectivamente cobrados no total do rendimento auferido. É também designada como taxa média efectiva e pode dar, em comparação com a taxa nominal de imposto, uma ideia mais correcta da carga fiscal que, em média, as famílias e as empresas suportam. Ainda no que diz respeito aos impostos sobre o consumo, a taxa implícita calculada para Portugal atinge em 2007 os 20,3 por cento, mais do que os 19,2 por cento de 2000. Este acréscimo de 1,1 pontos percentuais pode comparar-se com uma estagnação da média europeia durante o mesmo período.

Ainda sob análise do mesmo relatório Eurostat, nos impostos sobre o capital, que incluem os impostos sobre as empresas e sobre a riqueza, a taxa implícita portuguesa foi, em 2007, de 34 por cento, apresentando uma subida face aos 32,7 por cento de 2000, e principalmente face aos 20,8 por cento de 1995, e constata-se que a média europeia tem vindo a subir, mas de forma mais moderada.

É lamentável que, em resposta à agência Lusa, Teixeira dos Santos e o Ministério das Finanças continuem a afirmar que o aumento da carga fiscal registada em Portugal desde o início da década se deve apenas aos «avanços no combate à fraude e evasão fiscais e à diminuição da economia paralela».

Não admira pois, que no final do ano passado, o ranking anual do jornal inglês "Financial Times" (FT) sobre o desempenho de 19 ministros europeus das Finanças, tenha colocado Teixeira dos Santos no último lugar. Este ranking analisou a actuação dos ministros em três vertentes: económica, política e de estabilidade, e Teixeira dos Santos ficou em 17º., 19º. e 11º., respectivamente, o que não lhe permitiu escapar ao “último” lugar, na classificação final. «A fraca economia e o pequeno impacto de Portugal a nível europeu, explicam a classificação» conforme concluiu na altura o FT.

É vergonhoso que o Estado português continue a traçar as suas estratégias, sem olhar a meios para alcançar os seus fins. Em tempo de pré-campanha eleitoral, Sócrates insiste hoje nos mesmos erros, e continua a acalentar autodefesas para as maiores mentiras a que a nossa história política já assistiu. Em contrapartida as classes médias são todos os dias esvaziadas do seu património, e colocadas à prova da maior dependência de todos os tempos, de um Estado desmesurado, prepotente, falso e centralista, onde se defendem os interesses de uns poucos, à custa do mal estar da esmagadora maioria.

Susana Barbosa
1ª Signatária do Partido da Liberdade
(publicado na edição de ontem do Diário de Aveiro)

2 Comments:

At 12:14 da tarde, Blogger isabel mendes ferreira said...

e a cada dia mais a asfixia "mata".


deixando um rasto de medo. e de incompetências.



Su....


beijo-te.

 
At 6:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O aumento subtil, que aqui denuncia, vem sustentando o incontrolável despesismo estatal, graças a alguém muito claramente lesado: uma classe média em crescente empobrecimento.
Uma baixa generalizada dos impostos, além de moralmente justa, é necessária e seria, até, benéfica, para a nossa economia em crise.
Nas campanhas eleitorais que se avizinham, não faltará quem venha defender esta ideia. Conquistado, porém, o lugar ambicionado, rapidamente se esquecerá o que se prometeu, em nome de interesses supostamente superiores, iludindo-se, uma vez mais, as expectativas dos crédulos deste sistema iníquo.

 

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