quarta-feira, setembro 26, 2007

Programas de Facilitismos versus Programas de Valores

Nas próximas semanas, será posto à prova o Programa Específico de Troca de Seringas (PETS). Segundo declarações à imprensa de Rui Sá Gomes, director dos Serviços Prisionais, os «kits» de seringas já estão prontos, prevendo-se que o PETS arranque nos estabelecimentos prisionais de Lisboa e Paços de Ferreira, locais escolhidos para a promoção de acções de formação.
Constatamos que continuam a avançar, portanto, as políticas de «programas cor-de-rosa». Assim aconteceu com a «liberalização ao aborto», assim acontecerá com as «salas de chuto». Numa sociedade cada vez mais assente no «fast food», os valores do «saber fazer», do «saber ser» e do «saber estar», são cada vez mais relegados para segundo plano, e o que se realça como importante «consiste no remediar e não no corrigir», e aqui é que reside o erro incontornável, principalmente para a educação das novas gerações.
«Facilitar em vez de prevenir», é a lacuna do liberalismo desenfreado das sociedades de consumo, sendo mais fácil deseducar do que educar. Criam-se «coisas» para usar e não se criam «valores» para preservar. Assim, também as políticas se encaminham para a «compra de soluções» em vez de procurarem o caminho mais árduo mas mais consistente do «planeamento e da prevenção».
Todos sabemos que a toxicodependência já é um grave problema fora das prisões, e claro está, que se torna um gravíssimo problema dentro delas. Mas então, porque se recorre com insistência a tornar um ser humano que perdeu sua liberdade de movimento, ainda menos livre, permitindo que continue a drogar-se na prisão? Não seria mais assertivo, investir dentro e fora das prisões na educação, na prevenção e no tratamento dos toxicodependentes, do que pura e simplesmente oferecer-lhes as condições para dar continuidade ao vício?
A via do facilitismo é sempre a via da cobardia, é o adiar dos problemas, é não apresentar a capacidade de conseguir fortalecer o ser humano, nem a própria vida, enquanto pessoas de bem e de bom senso. Desacreditar da correcção, é sempre desistir de lutar.
Continuemos, pois, a acreditar que vale a pena lutar pela dignidade humana, ainda que este seja o caminho mais trabalhoso e o trilho mais difícil de percorrer. A luta pela vida e contra a droga, não pode cingir-se à permissividade, há que implementar com urgência acções de intervenção desde as escolas até às prisões, no sentido de em primeiro lugar educar para os valores fundamentais do ser humano, como a defesa natural da própria saúde, e alertar com profundidade, para a caótica realidade com que se deparam aqueles que tiveram a infelicidade de um dia cair nas garras do vício.
Ajudar um toxicodependente, jamais será pactuar com a situação em que se encontra, mas sim fazê-lo lutar para dela sair, dentro ou fora das prisões. Não nos devemos satisfazer, como alguns nos querem fazer crer, com «males menores», mas sim empreendermo-nos, todos juntos, em causas de «bens maiores».
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

4 Comments:

At 9:39 da manhã, Blogger Bernardo Kolbl said...

Excelente texto.
Bom dia e um abraço.

 
At 11:16 da manhã, Anonymous Anónimo said...

"bora" lá prevenir educar relembrar.


em vez de facilitar...tão em voga..por cá...


beijos Brilhante Su.


y.

 
At 5:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Será que este Governo me vai surpreender mais.

 
At 8:47 da tarde, Blogger Migas (miguel araújo) said...

Cara Susana
Para já, porque ainda não retomei a 100% a normalidade, só passei para deixar cumprimentos e agradecer as visitas mesmo na minha ausência.
Com muita consideração e respeito
OBRIGADO
ESTOU DE VOLTA

 

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