quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Que urgências na “nova rede de urgências”?

Será que com a aprovação da nova lei do aborto, uma grávida de nove semanas e seis dias, chegando a um estabelecimento de saúde legalmente autorizado para a interrupção voluntária da gravidez, terá prioridade no serviço de urgências? É que vinte e quatro horas poderão fazer toda a diferença para que uma mulher seja ou não considerada criminosa pelo mesmo acto!
A comissão de peritos que apresentou no início deste mês de Fevereiro, a proposta final para a nova rede de urgências, terá procedido nos seus estudos relativos à reorganização da rede de urgências hospitalares, à análise dos casos de mulheres grávidas, que mesmo não se encontrando em situação para serviço de urgência para abortar, terão urgência para o fazer?
E quando tal vier a acontecer, qual a prioridade da urgência a estabelecer nos escassos e já superlotados serviços de urgências?
A proposta já avançada para a nova rede de urgências, prevê o encerramento de quinze serviços de urgências no nosso país, tendo os actuais utentes dos mesmos que se dirigirem a urgências alternativas. Aveiro será de forma vergonhosa o distrito mais penalizado, sendo que cinco dos serviços a eliminar se concentram no nosso distrito, correspondendo portanto, a um terço do total dos enceramentos nacionais dos serviços de urgências.
Estão assim previstos ser encerrados os serviços de urgências dos hospitais de Espinho, de Ovar e de São João da Madeira, sendo todos estes serviços acumulados, transferidos para os serviços de urgências de Santa Maria da Feira. Encerrarão os serviços de urgências de Estarreja que serão transferidos para o hospital de Aveiro e encerrarão os serviços de urgências de Anadia que serão transferidos para Coimbra. A par destes encerramentos, estão ainda previstas ser encerradas várias especialidades em hospitais do distrito de Aveiro, que de serviços de urgências polivalentes passam a nível intermédio de urgências e apenas médico-cirúrgicas, obrigando ainda a uma maior concentração de doentes nos hospitais centrais de Coimbra e Porto.
Sob a justificação da abertura de novas unidades básicas de saúde no interior do país, que correm mesmo o risco de não chegarem a abrir por falta de médicos, recorre-se à lei do mais fácil fechando as portas das urgências de hospitais concelhios, e pior ainda, propondo a suas transferências para hospitais que já por si se encontram superlotados a avaliar pelo número de camas nos corredores e pelas horas de espera no atendimento.
Infelizmente, ou propositadamente, a proposta final deste estudo apresentada pela comissão de peritos liderada por António Marques, foi levada ao conhecimento público no início do mês, em plena campanha eleitoral para o referendo ao aborto, o que a fez passar despercebida da maioria da população. Por outro lado, a reorganização da rede de urgências hospitalares, valorizou durante o período de consulta pública os únicos contributos da Direcção Geral de Saúde e das Administrações Regionais de Saúde, cujos responsáveis são, naturalmente, nomeados politicamente pelo Ministro da Saúde.
Esta “nova rede de urgências” nasce assim de forma “camuflada”, incoerente e desajustada das reais necessidades das populações. Mais uma vez, este governo na figura do Ministro Correia de Campos, ludibria os portugueses sob uma pretensiosa imagem de modernismo, mas encobrindo as verdadeiras causas que originam as falsas mudanças, que mais não representam do que o corte no orçamento do essencial e um aumento cada vez mais disparatado no supérfluo.
(Publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

10 Comments:

At 8:29 da manhã, Blogger isabel mendes ferreira said...

é mentira Su...já não temos serviço nacional de saúde.....

antes serviço nacional de assalto aos mais desfavorecidos....


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bom dia de "hoje" para TI.


beijo.

 
At 11:31 da manhã, Blogger PintoRibeiro said...

A passo de corrida, bjinho.

 
At 8:48 da tarde, Blogger Manel said...

Há país antes e depois de 11 de Fevereiro de 2007.
Há símbolos, bastões de poder, que perderam a sua fantasia em favor da modernidade.
E isso está a provocar azia.

 
At 7:42 da tarde, Blogger PintoRibeiro said...

Boa noite Susana. Bjinho.

 
At 7:42 da tarde, Blogger PintoRibeiro said...

Hoje li.

 
At 11:04 da tarde, Blogger José Manuel Dias said...

...que preocupação tão salutar para quem votou Não...As coisas estão muito melhor!

 
At 12:56 da manhã, Blogger Al Berto said...

Olá Susana:

... e nós todos, que ao ler esta notícia ficámos obviamente de sobreaviso, vamos ficar á espera dos resultados para comprovar, ou não, na prática os resultados de tais alterações.
O povo não é tão burro como por vezes se tenta fazer crer.
Tenho para mim que pior do que fazer alguma coisa perante uma situação que esteja mal... é não fazer nada.

Quanto á Isabel Ferreira tem que se informar melhor e saber a história do SNS-Serviço Nacional de Saúde.
Quem o defendeu, quem o construiu e quem o pôs em prática... tendo tido contra, também e já nessa altura, a posição duma direita trauliteira e passadista.
Pois fique também descansada que de desfavorecidos nós todos sabemos, em política, de quem se preocupa com eles.

Mudando de assunto, cara Susana, neste dia de S. Valentim não podia deixar de lhe vir dizer que o meu desejo é que o amor e a felicidade a invadam 365 dias por ano.

Um beijinho,

 
At 10:13 da manhã, Blogger Nilson Barcelli said...

Mas... será que as mulheres que pretendam abortar serão atendidas na urgência...?
Se assim for, estamos mal, muito mal...
Bom fim-de-semana.
Beijos.

 
At 11:24 da manhã, Blogger SÓNIA P. R. said...

Bom fim de semana Susana.

Bjinho.

 
At 12:03 da manhã, Blogger Arauto da Ria said...

Começo a ficar farto dos politicos e da politica nacional,os interesses destes estão em primeiro do que os do "Zé-Povinho".
Sempre assim foi, mas agora está pior que nunca.
Bfs

 

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