quarta-feira, dezembro 06, 2006

Pelo Não a Cavaco, pelo Sim à Vida

Eu que não sou católica-praticante como Cavaco, eu que não sou social-democrata como Cavaco, eu que não devo favores políticos de conveniência, eu que sou acima de tudo uma pessoa livre para dizer o que penso e para defender as minhas convicções, digo “Não” a Cavaco e “Sim” à Vida!
Da mesma forma que não posso concordar com a posição hipócrita e desajustada da igreja católica que desaprova o uso de preservativos e de anticoncepcionais, também não concordo com a leviandade irresponsável e igualmente desajustada de todos os que defendem a liberalização do aborto sem limites de bom senso nem respeito pelo que de mais valioso deve ser assegurado à humanidade: a Vida.
Cavaco Silva, desiludindo a muitos, que não a mim, veio na passada semana tornar pública a sua concordância com o governo de José Sócrates, anunciando já a data de 11 de Fevereiro de 2007 para a realização do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), que foi considerada “adequada” pelos partidos com assento parlamentar, fazendo desta questão uma prioridade nacional dos problemas a resolver em Portugal.
À questão proposta pelo PS para o novo referendo: "Concorda que deixe de constituir crime o aborto realizado nas primeiras dez semanas de gravidez, com o consentimento da mulher, em estabelecimento legal de saúde?", que sempre me pareceu mal enunciada e tendenciosa, portanto, contraponho outra questão que me parece deveras importante: “Concorda que neste processo de avaliação sobre a IVG, se fale sempre, e só, em nome da mulher e jamais do homem”?
Na verdade é que, excluindo raras excepções de inseminação artificial por vontade própria apenas da mulher, uma gravidez não é fruto de um acto isolado da mulher mas sim resultado de uma relação homem/mulher que deve ser assumida com a responsabilidade dos dois. Tal como hoje não podem existir filhos de pais incógnitos, também uma gravidez ainda que as primeiras semanas, não pode existir de forma incógnita. Parece-me desta forma uma questão deveras importante para o debate desta matéria, creio que o homem é parte integrante desta problemática desde o momento em que é parte activa no acto da relação sexual. Se compreendemos que naturalmente é o corpo da mulher que vai sustentar fisicamente a criança, será de um egoísmo atroz equacionar que só por esse facto ela será dona exclusiva do ser que alimenta.
Dizer sim à despenalização da IVG, é pactuar como em tantas outras situações, com a desresponsabilização dos actos que se praticam. Num mundo civilizado e moderno da era das novas tecnologias pode-se e deve-se “fomentar a prevenção” ao invés de optar pela displicência do “deixa andar” e pelo facilitismo do “não interessa, deita fora”.
O maior problema desta delicada questão, é que o “politicamente correcto” se concentra em fazer da mulher uma vítima, quando existem meios para colmatar uma gravidez indesejada atempadamente. E ao invés, são por sua vez descurados os princípios éticos e morais do respeito pela própria vida que é na nossa essência o nosso maior bem.
(publicado nas edições de hoje do Diário de Aveiro e do Democracia Liberal)

7 Comments:

At 3:21 da tarde, Blogger José Manuel Dias said...

Só as sociedes mais atrasadas continuam a criminalizar a mulher por interromper a gravidez. Países como a Espanha, França, Alemanha, Suécia, Inglaterra consideram que o flagelo do aborto é uma questão de saúde pública e pemitem a interrupção da gravidez, em condições pré-determinadas. A Igreja mais retrógada defende que o acto sexual só deve visar a procriação. Nesta situação, compreende-se que sejam contra despenalização do aborto. Pela minha parte, tenho opinião diversa e, porque sou contra o aborto, votarei, como a maioria do povo português ( a avaliar pelas sondagens): SIM, no referendo.
Cumprimentos

 
At 4:53 da tarde, Blogger axadresado said...

exelente post.
a dignidade da vida, acima de tudo,tenho razões para votar sim, mas muitas para votar não.
bjs

 
At 5:05 da tarde, Blogger veritas said...

Olá!
"Também não concordo com a leviandade irresponsável e igualmente desajustada de todos os que defendem a liberalização do aborto sem limites de bom senso nem respeito pelo que de mais valioso deve ser assegurado à humanidade: a Vida."

É precisamente nisto que estou a reflectir, que estou a colocar num dos pratos da balança...Compreendo o drama das mães adolescentes, compreendo o drama dos abortos sem o mínimo de segurança e com riscos de vida...mas penso que se deve investir mais na divulgação dos meios contraceptivos...na responsabilização, ponha-se os centros de saúde e as escolas numa parceria, a trabalhar neste sentido...dêem-se mais consultas de planeamento familiar...

Bjs.

 
At 11:37 da tarde, Blogger martim de gouveia e sousa said...

quanto ao não a cavaco, claro. e um bjo.

 
At 12:44 da manhã, Blogger Al Berto said...

Cara Susana:

O que está em discussão não é absolutamente nada do que está transcrito neste artigo de qualidade questionável.

O que está em causa é se as mulheres mais necessitadas, sim porque nesta matéria o artigo esconde que há portuguesas de 1.ª e portuguesas de 2.ª, o que está em causa dizia eu é se as mulheres mais necessitadas que, por razão que lhes assista e que seguramente não deve ser pequena, devem ou não passar a ter assistência médica legal ou não, caso respeitem o periodo das 10 semanas consignados na proposta de referendo porque para lá desse periodo continua a ser criminalizado.

Esta é a verdadeira questão... o resto é hipocrisia e falsidade.

Todos sabemos que quem pode vai a Espanha e que quem não pode aborta em condições que fazem perigar a vida da mulher... para além de a poder mandar para a prisão.
Já lhe não basta o sofrimento.
A menos que quem escreveu o artigo parta do princípio que a mulher faz um aborto "por desporto".

Sejamos sérios na análise desta matéria que não pode pactuar com demagogia barata, populista e sem sentido.

Se por convicção, ou por razões que a própria razão desconhece, se defende o não que, no mínimo, se vote em conformidade mas que se não faça apelo ao obscurantismo demagógico como se quem vote sim seja menos sério perante a vida do que quem vote não.

Não é sério, não é justo... e é absolutamente mentira.

Um abraço,

 
At 8:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pouco sério!
Porque nem mesmo o autor deste artigo desconhece que a continuação do actual estado de coisas permite a morte de mulheres por aborto feito sem condições e a fuga para Espanha de quem quer abortar.
Mas talvez eu esteja a ver mal o problema e o autor do artigo apenas queira defender a prosperidade continua das clinicas de Badajoz...de outro modo, como se pode entender tanta cegueira?

 
At 3:18 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Julgo que seria importante que os cidadãos estivessem esclarecidos sobre a distinção entre descriminalizar e despenalizar.
Evidentemente, que, exactamente porque defendemos a vida humana não podemos aceitar que a solução para um aborto seja a de enviar a mulher que o praticou para uma prisão, não concorda?
Acha que não se devem praticar abortos?
Eu sou absolutamente contra a prática de abortos e por isso só posso vou votar SIM. Porque sou conservadora e liberal, porque entende que a criminalização do aborto tem em vista, tão somente, a desresponsabilização do Estado em relação ás suas funções minimas, nesta caso, a de criar alternativas ás mulheres que pretendem abortar.
Um Bem Haja.

 

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