Sobre as incoerências municipais (I)
"O Congelador Municipal", no Aveiro
Todas as decisões estratégicas sobre o futuro de Aveiro estão penduradas na célebre auditoria financeira, que tão cedo não verá a luz do dia. É verdadeiramente inacreditável que para uma situação financeira tão grave se demore tantos meses a apurar a realidade dos números.
E se a responsabilidade do gasto é do PS, a demora no apuramento da verdade é da coligação PSD/CDS/PEM. Entretanto, lá se vai vivendo entre reuniões descentralizadas pelas freguesias, o que é de saudar e a indecisão sobre o que fazer, o que já não é tão aconselhável.
A auditoria desempenha o papel de congelador municipal. Enquanto não chegar o veredicto, nenhuma decisão de fundo é tomada, a reforma da administração municipal tão necessária patina e as grandes decisões de investimento gelam na arca.
Como já por várias vezes tivemos oportunidade de chamar a atenção, a política municipal para as empresas municipais é das áreas onde a desilusão com o actual Executivo é maior. Numa coisa, apesar de tudo, houve alguma rapidez: na definição dos ordenados dos novos administradores…
Quanto ao resto, nada se sabe. Nem por que razão os ordenados são diferentes uns dos outros, nem quais as funções e as medidas que os novos administradores vão ser responsáveis por executar. A falta de objectivo claro, a indefinição sobre o futuro, a falta de dinamismo na respectiva administração, são as marcas da gestão das empresas municipais desde que o rotativismo partidário ditou a sua lei democrática.
Na Assembleia Municipal desta semana a Câmara não conseguiu, não quis, não pôde ou não soube nem dizer o que vão fazer as novas administrações. O que legitima as maiores dúvidas sobre a utilidade das mudanças, a não ser o sacrossanto movimento de clientelas próprio da partidocracia em que vivemos.
O exemplo mais gritante é o da EMA onde nada se faz para rentabilizar o espaço, o equipamento e o investimento. O entusiasmo à volta do provável e desejável regresso do Beira-Mar à Superliga não tem, infelizmente o condão de fazer desaparecer os problemas financeiros.
Sabemos bem que há um tempo para debater e outro para decidir. O problema é que praticamente seis meses depois das eleições está tudo por fazer, até a auditoria. Perdão. Tudo, não. As nomeações estão feitas (nem a Polícia Municipal escapou…) e os ordenados atribuídos.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
4 Comments:
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