Horizonte
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando Pessoa
5 Comments:
Que nos reste Fernando Pessoa para nos aliviar do que por aí vai; talvez, por isso, ele, como alguns (poucos) outros serão eternos.
..e tantas são as vezes que até mesmo a linha do horizonte nos recusa o sonho...
a flor.
a tua.
beijos.
Olá!
É de facto um magnífico poema da "Mensagem", um hino aos nossos descobridores, algo mais para nos orgulharmos além do futebol de que toda a gente fala. Intemporal!
Bjs.
A gente não se cansa de beber Pessoa!
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