quarta-feira, novembro 30, 2005

Portugal dependente comemorando a Independência

Em véspera de mais um feriado comemorativo da Restauração da Independência de Portugal em relação a Espanha, incomoda sentirmos que hoje mais do que nunca estamos dependentes desta Independência…

Importa reflectir um pouco sobre os motivos que levam a que Portugal se deixe invadir cada vez mais pelo domínio económico espanhol em pleno século XXI. O efeito da globalização nem sempre se dá a par das melhores escolhas, ou das melhores opções, pois com este fenómeno somos por vezes conduzidos a consumir produtos de pior qualidade mas que nos são oferecidos no mercado a preços aliciantes.

Assim vem acontecendo com o mercado espanhol que todos os dias conquista Portugal. Compramos batatas, laranjas, maçãs, roupas, calçados e seguros provenientes do mercado espanhol. E até compramos dinheiro que os espanhóis nos conseguem colocar nas mãos a taxas de juro mais baixas que a banca portuguesa! Vamos com isto criticar o povo português por não ser nacionalista e por não optar pelas saborosas laranjas do Algarve, pela batata das Beiras ou pelos tradicionais calçados do norte?

Claro está que não temos legitimidade alguma para criticarmos, nem para estimularmos a compra de produtos nacionais, quando sabemos que os salários em Portugal são por vezes em sectores de actividade similares, cinquenta por cento inferiores aos dos nossos vizinhos espanhóis, que dispõem com salários superiores aos nossos dos mesmos preços de produtos espanhóis que em Portugal se vendem cinquenta por cento mais baratos que os que são por nós produzidos. E assim vai a nossa economia…

Enquanto isto, anda o nosso primeiro-ministro mais preocupado com os choques tecnológicos, anda o ministro das finanças mais preocupado em cobrar impostos e em denunciar os infractores em haste pública, e anda o ministro da economia saberá Deus por onde.

A continuar assim, um destes dias não serão apenas as laranjas portuguesas que repousarão nos laranjais apodrecidas, quando este governo despertar do delírio da megalomania económica, não existirão estruturas capazes de produzir o que quer que seja, pelo simples facto de que podres estarão todos os instrumentos produtivos e em outras paragens se encontrarão os investidores portugueses.

Hoje, na véspera de mais um 1º Dezembro, Portugal está dependente dos vizinhos mais próximos e igualmente dependente dos vizinhos mais distantes, e o ditado que sempre nos disse que «De Espanha nem bom vento, nem bom casamento» passou definitivamente de moda, porque de Espanha aceitamos hoje tudo!

Para Democracia Liberal e Diário de Aveiro