quinta-feira, novembro 03, 2005

Até quando a economia a preto e branco?

Como se não nos bastasse o aumento abusivo de IVA para 21%, fomos agora surpreendidos com a notícia do aumento das taxas de juro à habitação. Até quando aguentarão os portugueses tamanhas crueldades?

Será que um destes dias acordaremos com a notícia de que o IVA aumentará para 23%?
É que este país está a tornar-se um verdadeiro pesadelo. Bem sabemos que o governo fez a promessa de que não voltaria a aumentar o IVA, mas já não havíamos ouvido a mesma promessa em plena campanha eleitoral feita pelo próprio José Sócrates? E mal tomou posse como 1º Ministro de Portugal, qual foi a primeira principal medida que veio à baila pelo então Ministro das Finanças Luís Campos e Cunha? Nem mais nem menos que o aumento do imposto!

Como afirmou ontem Belmiro de Azevedo, Portugal continua sem rumo e sem estratégia para a sua Economia. E ouvir falar o governo de aumento de exportações para 2006 é tão utópico quanto pensar que sem medidas ajustadas e renovados quadros de incentivos empresariais, é possível fazer baixar o desemprego como que por magia.

Na realidade, se o governo só se continuar a preocupar com as cobranças de impostos e com as consequentes penhoras de bens por falta de meios para o respectivo cumprimento das mesmas, se continuar sem equacionar em primeiro lugar a forma de estimular as actividades económicas, não tardará muito que a própria máquina estatal se ressinta de tão graves erros cometidos.

No dia em que as próprias estruturas do Estado comecem a não ter meios de se pagar a si próprias, no dia em que também caia por terra a sua sustentação, talvez nessa altura haja finalmente quem entenda que o país não suportará mais viver a preto e branco e que na verdade todos de igual forma necessitamos de respirar.

Neste país à beira de um ataque de nervos colectivo, o que de pior acontece é que já ninguém se surpreende com nada. E a acomodação é tão grande quanto a revolta, até ao dia em quando menos se esperar, se passe mesmo à rebelião.

(Para Democracia Liberal e Diário de Aveiro)