quarta-feira, novembro 16, 2005

Até final de 2005, economia no caos

Hoje inicio este artigo com uma citação que creio ajustar-se ao momento que vivemos na economia portuguesa «Não há ventos que ajudem, quando não temos um rumo».

E não é necessário chegarmos ao final de 2005, como noticiou ontem a SIC Notícias, para sabermos que a economia estagnou, porque em 2006 dir-nos-ão que a economia regrediu, obviamente. Outro fenómeno não poderá acontecer, uma vez que em economia tudo o que não avança só poderá regredir.

Em Julho deste ano, o governo tentou iludir os portugueses, dizendo que no primeiro semestre se havia constatado uma ligeira retoma da economia. E fê-lo antes mesmo dos portugueses saírem na sua maioria de férias, para animar o cenário. É certo que houve um ligeiro aumento nas vendas de bens de consumo acentuado no 2º trimestre, mas só os mais distraídos não perceberam que este aumento só se deveu única e exclusivamente ao anunciado aumento de IVA em dois pontos percentuais. Claro está que aqueles que puderam fazer as suas compras antes do mês de Julho, o fizeram. Imaginem o que poupou num mês quem querendo, e necessitando de o fazer, antecipou por exemplo a compra do automóvel para Junho!

Depois das férias, o governo veio gerar a ilusão de que as exportações iriam aumentar até ao final do ano, e só os tais distraídos ficaram a aguardar. Claro está que também não especificou que espécie de exportações. É que se poderia ter descoberto em Portugal um substituto da Coca-Cola, ou petróleo em algum subsolo.

Agora, junto ao final do ano, é-nos anunciado o caos na economia. Afinal a inflação vai subir, o desemprego vai subir, e as exportações vão baixar. Pasme-se quem continuar distraído, o que eu já não posso crer que ainda exista. Os bolsos dos portugueses andam de tal modo esvaziados, que já não é necessário aguardar a análise dos mais famosos comentadores económicos para perceber o que vai além de teorias, porque se sente na carteira e se sente na angústia do dia a dia.

Como prémio de consolação, tivemos o Ministro das Finanças a anunciar uma possível baixa de impostos lá para o ano de 2009!!! Sr. Ministro, tenha vergonha! Deixem de fazer que enganam os portugueses. Já é tempo do governo parar com a política da ilusão económica e da mentira. Reúnam os estudiosos enquanto é tempo e decidam rapidamente um rumo para o país que vá de encontro com a realidade em que vivemos. Deixem-se de utopias e estudem políticas profundas e reais para melhorar a economia. Comecem por equacionar cortes nas despesas públicas, em vez de continuar a pensar em projectos megalómanos e a viver na obsessão da cobrança de impostos. Há mais vida para lá dos impostos, e só haverá morte se continuarem a insistir no absurdo.
Para Democracia Liberal e Diário de Aveiro