segunda-feira, junho 20, 2005

Eros


Platão
...« Eis o que penso, Fedro, de Eros, o primeiro e mais belo dos deuses, além disso autor, para os outros, de outras felicidades da mesma espécie; e o ritmo surge muito naturalmente na minha fala, para dizer que é ele quem produz:
a paz entre os humanos, a calma nas águas,
o silêncio dos ventos, o sono do cuidado.
É ele quem nos esvazia do estranho, nos enche de analogia, nos reúne como aqui mesmo em semelhantes sínodos; nas festas, nos coros, nos sacrifícios, faz-se o nosso guia; proporciona bom humor, expulsa o espírito melancólico; semeia a bondade; a maldade merece o seu ódio; favorável às pessoas de bem, digno do olhar dos sábios, maravilha dos deuses. Quem não o tem aspira a ele; quem o tem gostaria de tê-lo mais; as delícias têm-no por pai, como o requinte, a vida doce, com as graças o desejo e a paixão. Tem a preocupação do bem, não se preocupa com o mal. Com mágoa, medo, desejo, discurso, governa-nos, combate por nós e guarda-nos, entre todos, o nosso salvador. É o ornamento dos deuses e dos homens, o melhor, o mais belo guia, que cada homem deve seguir, participando no hino que ele próprio entoa para encantar o espírito dos homens e dos deuses!»...
Platão, O Banquete