Dia de Portugal
As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obdeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
"Os Lusíadas", I. 1,2,3.
Luís de Camões
5 Comments:
..pobre Camões e pobre país. Lembrei do poema "Camões e a Tença", mais actual do que nunca.
Saúdo a sua entrada na blogosfera!
abraço da
Júlia
CAMÕES E A TENÇA
Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu nomeias e não nasce.
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou mais ser que a outra gente.
E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.
Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.
Este país te mata lentamente.
Sophia de Mello Breyner Andresen
então como é?
Não vale preguiçar nos posts.
Bemvinda ao amravilhoso mundo da blogosfera e parabéns por ter escolhido Camões para estrear...
Jorge Ferreira
um link para a pagina da europa da constituição um link importante
Muito obrigada a todos pela vossa atenção. Para começar, já é um grande estímulo!
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