quarta-feira, agosto 09, 2006

Memórias da Linha do Vouga

A história dos caminhos-de-ferro do Vale do Vouga é longa e cheia de peripécias. A linha do Vouga tem uma das histórias mais ricas da rede ferroviária portuguesa.

Apesar de diversos traçados terem começado a ser estudados a partir de 1877, foi preciso esperar por um novo século para assistir à inauguração do primeiro troço (1908); pela mudança da monarquia para a república para o combóio chegar a Viseu (1914) e pelo fim da I Guerra Mundial para se entrar, finalmente, em exploração normal (1919).

Outra curiosidade desta linha é a sua cacterística «francesa». A nacionalidade da empresa construtora original marcou, por exemplo, o desenho das estações, claramente inspirado no das vias secundárias daquele país.

Dada a topografia da região e a necessidade de servir diferentes centros populacionais, os caminhos-de-ferro do Vale do Vouga acabaram por agregar dois traçados totalmente diferentes: uma via desenvolvendo-se aproximadamente segundo o eixo norte-sul entre Espinho, via Feira e São João da Madeira, Sernada e Aveiro (actualmente designada Linha do Vouga, com aproximadamente 90 Km) e um segundo itinerário, irradiando da Sernada e seguindo até Viseu, com passagem por Paradela do Vouga, Oliveira de Frades, Vouzela e São Pedro do Sul (com cerca de 79 Km, foi desactivada em finais de 1989).

Em 1972, na sequência de um grande incêndio florestal, o combóio a vapor que aqui circulava, cnhecido como «Vouguinha», foi acusado de ter ateado as chamas e todo o serviço foi suspenso. Retomado um ano depois do 25 de Abril, por pressão das populações e autarquias, o serviço ferroviário, agora com automotoras, viria a ser novamente interrompido em 1989 e assim se mantém até hoje, com desaparecimento de parte da via férrea e obstrução da plataforma por matos, derrocadas e construções...

Do historial da Companhia do Vale do Vouga faz parte a construção, em altura de escassez de combustíveis devido à II Guerra Mundial, de automotoras nacionais de via estreita, derivadas de autocarros «Panhard». Equipadas com motores a gasolina, conseguiam reduzir o tempo de viagem entre Aveiro e Viseu em mais de uma hora, relativamente aos combóios a vapor.

(in Portugal de Combóio - Guia Expresso)

3 Comments:

At 10:00 da tarde, Blogger Al Berto said...

Olá Susana:

Vim ver o seu último artigo e...gostei muito.
Que saudades do "pouca-terra" onde andei em menino.
Um abraço,


Novo artigo no EG.

 
At 4:14 da tarde, Blogger Elise said...

Excelente!

 
At 12:23 da tarde, Blogger Terra e Sal said...

Cheguei tarde Susana.

Gostei da explanação sobre a linha do Vouga.
Ela merece isso.

Utilizei muitas vezes esta linha e tenho saudades desse tempo.

Engraçado, pensava que aquela via tinha sido obra dos ingleses.

É uma pena agora não ser utilizada turísticamente.
Com uma restruturação adequada podiamos ter ali mais um modo de valorizar esta região.
Cumprimentos.

 

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