terça-feira, abril 18, 2006

De mal com as responsabilidades

Nem a Páscoa nos ressuscita do mal-estar que é viver num país que todos os dias se demite das responsabilidades.

É um governo que não cumpre com o que diz, é um parlamento que já não conta com os deputados, são os funcionários que fazem greve para tirar férias… que exemplo se está a dar às novas gerações?
Bem sei que já foi muito falada a debandada dos deputados da passada semana, mas perante tão vergonhoso episódio não resisto a dizer que como cidadã me senti insultada. Afinal os nossos impostos também servem para pagar a essa gente que na primeira oportunidade se furta às responsabilidades. “Ganham demais” diz o povo, e com toda a razão se sente ludibriado. O descrédito pelo sistema aumenta todos os dias, mas desta vez passou todos os limites, porque de uma só vez arrastou todos os partidos com assento parlamentar.
Desta forma todos se sentem mais ou menos à vontade para incumprir com tudo. Por que razão se haveriam de ver obrigados os funcionários dos museus a trabalhar na sexta-feira santa? Nem o salário em dobro os aliciaria, sabendo que perderiam a regalia de umas mini-férias. Para mim que sou empresária e “voluntária política” e que trabalho à noite, aos feriados, aos fins-de-semana, ou mesmo quando estou de férias me é impossível poder desligar de todo do trabalho, estas coisas fazem-me muita confusão.
Vivemos de facto no Portugal dos pequeninos. Não crescemos porque não produzimos.Não pode haver qualidade, quando não há responsabilidade. Temos ambições curtas porque escasso é o empenho e a vontade de vencer. E esta forma de estar, espelha de forma transversal em toda a sociedade. Na política, no futebol, nas empresas, nos serviços públicos e nos serviços privados.
Esta situação torna-se tão preocupante quanto a forma circular que tem vindo a assumir, é uma espécie de”pescadinha com o rabo na boca”, em que tantos são os cúmplices, que já ninguém tem legitimidade para julgar. Esperemos que pelo menos ainda haja o bom senso de uma chamada de atenção na próxima intervenção à Nação do Presidente da República. É que se torna urgente perceber que temos de começar a ficar de bem com as responsabilidades. E é igualmente urgente começar a sentir que o exemplo tem que surgir de cima, sob pena de qualquer dia não existir exemplo para dar o exemplo!
(publicado no Democracia Liberal e no Diário de Aveiro)

6 Comments:

At 10:15 da manhã, Blogger isabel mendes ferreira said...

subscrevo. subscrevo.


excelente texto. Susana. traduz-nos. e muito. infelizmente.


beijo-te. oh acutilância.

 
At 1:55 da tarde, Blogger Elise said...

espero que a próxima geração seja resiliente o suficiente para lidar com toda esta trapalhada.

beijos.

 
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