Céu Azul
As Amoras
O meu país sabe às amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade
("O Outro Nome da Terra")
4 Comments:
Lindo!
O que dizer? quando fala Eugénio e logo este poema...
Gosto requintado o seu Susana.
Uma linda homenagem a um Grande vulto da nossa cultura, Eugénio de Andrade.
Gosto de ler através das suas palavras "pobres" a riqueza duma nobre e grande alma.
Depois recordo com saudade e nostalgia, a poesia que era apanhar amoras pelos silvados.
Bolsos carregados, tingidos de "vinho", chegava-se a casa e numa "malga" pisavam-se, bebendo e dando a beber aos amigos e amigas, até ficarmos de "beiça" roxa, "encharcados e bêbados daquele vinho".
Bons tempos esses.
Beijinho para si,
Terra & Sal
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