quarta-feira, setembro 07, 2005

Este País é um Monólogo de Valentim

Visto de frente, era um homem na televisão a falar para o lado. Atacava ferozmente o líder do seu (ex) partido, exibindo um simulacro como se este estivesse em estúdio ao seu lado. Com o desdém de pausas excessivas e um sorriso irónico, dizia-se um líder menor. E assim esteve Valentim em cena televisiva, durante alguns minutos.

Filiados em partidos, que à revelia dos mesmos são candidatos independentes. Independentes, que de acordo com partidos são candidatos partidários super dependentes… Mas afinal, será que nunca mais nos vemos livres de toda esta gente? Não há nada nem ninguém, que consiga mandá-los embora?

As cidades, as vilas e as aldeias deste país, estão de tal forma invadidas com cartazes, que chega a ser inquietante pensar como é que existem orçamentos tão cheios de euros, para programas autárquicos tão vazios de ideias.

As mentes poluem-se de vinganças, o povo alheia-se de sentenças, e o que vinga são apenas as festanças.

Apostam-se vitórias, limpam-se as fatiotas, apagam-se as rugas, maquilham-se os pontos negros, pintam-se os cabelos… a imagem tudo vale, e já não sobra espaço onde caibam as ideias. O que conta para além da fotografia é o mero despique destrutivo e a desenfreada politiquice. Tudo sabem sobre números e nada sobre valores.

Dou comigo a pensar, será que Portugal tem os políticos que merece?
- Decerto que sim, dizem os votos na alternância. -E decerto que não, diz a minoria da mudança.

Que aplique já o direito da renúncia, quem não queira um país assim, num Monólogo de Valentim.
(A publicar no Democracia Liberal)
(A publicar no Diário de Aveiro)