quinta-feira, junho 26, 2008

Sementes de Revolta

«É tão simples quanto isto – é hora de apertar os cintos ao governo e aos poderosos em geral, e não a quem se deixa governar. Enquanto é tempo.»
Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
Quando o ministro da Economia, Manuel Pinho, afirmou há cerca de um ano que a crise estava para acabar, efectivamente a crise ainda estava a começar. Desde então até hoje, Portugal tem vivido em crescente agravamento de sustentabilidade económica, e de tal forma descontrolado, que nos interrogamos até quando será possível continuar a viver pacificamente num país governado na base da mentira recorrente, alimentando mordomias e luxos de uns poucos à custa da cada vez maior miséria de muitos, sem que o nosso povo entre em estado de verdadeira revolta e desencadeie protestos e atitudes radicais, que a essa altura, já não poderão dar lugar a quaisquer «concertações».

Numa economia cada vez mais asfixiada, onde para além de assistirmos a contestações semanais de grupos organizados por sectores, mas transversais a toda a sociedade, como foi o caso dos professores, dos pescadores, dos camionistas, ou agora dos agricultores, sentimos paralelamente uma asfixia e uma pressão constante sobre as famílias que são inerentes a todos estes grupos, e que constituem as células base da construção de uma nação e da formação de um povo.

Sob o total autismo de um governo que insiste em continuar a vender «mentiras de sucesso», a arrogância da defesa do «indefensável» continua a ser nota dominante, e assim sendo, as razões dos seus argumentos continuam a elevar-se em relação aos números constatados, aos estudos divulgados, ou a quaisquer manifestações de rua que possam ocorrer. Nada demoverá esta maioria socrática absoluta, até que as já instaladas sementes de revolta brotem das entranhas deste «brando povo», e façam aparecer e crescer a força necessária para serem vistas e ouvidas.

E tudo isto afirmamos, na desilusão da atitude da política e dos políticos, e da incapacitada oposição que observamos no nosso Parlamento. Todos foram eleitos e estão a ser pagos para defenderem os interesses dos portugueses, mas quase todos que lá se instalam, depressa passam a pensar mais em si e nas suas máquinas partidárias do que na defesa do que mais sublime os lá depositou - a esperança de um povo de ver melhorado e defendido o seu país, na contrapartida de ver servido o interesse do bem comum, ao invés do resultado do bem individual, servido pelo sacrifício dos mais pobres e dos mais debilitados.

Os acontecimentos do fim-de-semana, com a eleição do novo líder do maior partido da oposição, não nos trouxeram novos alentos. Antes pelo contrário, este PSD leva-nos a um regresso óbvio ao passado, e com Manuela Ferreira Leite agora presidente, nenhuma proposta deste partido assentará no que de mais essencial necessita com urgência Portugal – em primeiro lugar a redução da máquina estatal; em segundo lugar a redução dos salários aliados às benesses de quem nos governa e de quem dirige a «panóplia» de empresas públicas inerentes ao Estado; e em terceiro lugar, depois de ocorridos os primeiros, a possibilidade concreta e definitiva de uma baixa generalizada de impostos, libertando finalmente as famílias e as pequenas e médias empresas em geral.

E tudo isto é possível, e só assim cremos que poderiam ocorrer a partir destes três pressupostos, todas as reformas e mudanças verdadeiramente necessárias. É tão simples quanto isto – é hora de apertar os cintos ao governo e aos poderosos em geral, e não a quem se deixa governar. Enquanto é tempo.

(publicado na edição de ontem do Diário de Aveiro)

segunda-feira, junho 23, 2008

O Oportunismo

O oportunismo é, porventura, a mais poderosa de todas as tentações; quem reflectiu sobre um problema e lhe encontrou solução é levado a querer realizá-la, mesmo que para isso se tenha de afastar um pouco de mais rígidas regras de moral; e a gravidade do perigo é tanto maior quanto é certo que se não é movido por um lado inferior do espírito, mas quase sempre pelo amor das grandes ideias, pela generosidade, pelo desejo de um grupo humano mais culto e mais feliz.
Por outra parte, é muito difícil lutar contra uma tendência que anda inerente ao homem, à sua pequenez, à sua fragilidade ante o universo e que rompe através dos raciocínios mais fortes e das almas mais bem apetrechadas: não damos ao futuro toda a extensão que ele realmente comporta, supomos que o progresso se detém amanhã e que é neste mesmo momento, embora transigindo, embora feridos de incoerência, que temos de lançar o grão à terra e de puxar o caule verde para que a planta se erga mais depressa.
Seria bom, no entanto, que pensássemos no reduzido valor que têm leis e reformas quando não respondem a uma necessidade íntima, quando não exprimem o que já andava, embora sob a forma de vago desejo, no espírito do povo; a criação do estado de alma aparece-nos assim como bem mais importante do que o articular dos decretos; e essa disposição não a consegue o oportunismo por mais elevadas e limpas que sejam as suas intenções: vincam-na e profundam-na os exemplos de resistência moral, a perfeita recusa de se render ao momento.
Depois, tempo virá na Humanidade - para isso trabalham os melhores - em que só hão-de brilhar os puros valores morais, em que todos se voltarão para os que não quiseram vencer, para os que sempre estacaram ante o meio que lhes pareceu menos lícito; eis a hora dos grandes; para ela desejaríamos que se guardassem, isentos de qualquer mancha de tempo, os que mais admiramos pela sua inteligência, pela sua compreensão do que é ser homem, os que mais destinados estavam a não se apresentarem diminuídos aos olhos do futuro.
Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'
[1906-1996] Filósofo/Poeta/Ensaísta

quinta-feira, junho 19, 2008

A história da política portuguesa repete-se…

O que faz então com que a história da política portuguesa, na sua vertente mais inglória se venha a repetir ao longo dos tempos em Portugal?
Com devida vénia ao Diário de Aveiro
«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o Estadista. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?»

À primeira vista, o parágrafo acima transcrito, parece-nos ter saído em qualquer livro ou em qualquer artigo de revista ou jornal da actualidade. Por triste fado ou ironia, este texto conta já, com cento e quarenta e um anos, tendo sido escrito por Eça de Queiroz em 1867, e extraído da sua obra “O distrito de Évora”. Este grande autor da literatura clássica portuguesa, ao seu inconfundível estilo perspicaz e sarcástico, deixou-nos ao longo das suas obras, retratos fiéis da sociedade portuguesa da sua época e em particular dos políticos e da política, descrevendo formas de ser e de estar dos mesmos, que por incrível que nos possa parecer, hoje, se voltam a ajustar como «uma luva» à nossa caótica realidade.

O que faz então com que a história da política portuguesa, na sua vertente mais inglória, mais corrupta, e mais pejorativa, se venha a repetir ao longo dos tempos em Portugal?

Por onde andam princípios como «o amor à Pátria», e a defesa de causas da nação para «bem servir e não para servir-se da mesma»? Por onde andam valores como «honra, dignidade e respeito» ou mesmo «simplicidade e austeridade»?

Talvez fruto de anos e anos de «desgovernos políticos» sistemáticos em Portugal, a nossa sociedade enfrenta sérias dificuldades de mudança e ultrapassar crises económicas com crises de valores em simultâneo, torna-se tarefa quase impossível, e cremos que infelizmente só irá ser levada a rigor, quando as agruras causadas pelo sistema forem tão extremas, que só própria revolta trará os «ventos das mudanças necessárias».

Enquanto isso, enquanto o sistema não der mostras de verdadeira mudança, e enquanto o exemplo não voltar a «vir de cima» em termos de trabalho, mérito, empenho e integridade, a displicência continuará latente e transversal a todos os sectores de actividade, e o nosso país continuará a definhar em défices, em aumentos de pobreza, em mau estar geral, em falta de coragem e de engenho, arrastando-se numa agonia avassaladora.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

Parabéns ao Diário de Aveiro

Que hoje completa 23 anos ao serviço dos aveirenses, de Aveiro e da região, de Portugal e da Europa, com independência, dignidade, elevação e excelência!

domingo, junho 15, 2008

Partido Nova Democracia fecha sede em Aveiro

Desde Final de Maio

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro
por João Peixinho
Desde finais de Maio que se encontra encerrada a sede distrital de Aveiro do Partido da Nova Democracia (PND), liderado por Manuel Monteiro, fechada pouco mais de um ano depois da sua inauguração, a 22 de Abril do ano pasado. Durante os últimos dois dias, o Diário de Aveiro não conseguiu contactar com o presidente Manuel Monteiro. As instalações ocupavam um apartamento da Rua Eng. Von Haff, com janelas para a Av. Lourenço Peixinho. O fecho de Aveiro sucede ao da sede do Porto, e cinco meses depois da demissão da antiga coordenadora distrital, Susana Barbosa, incompatibilizada com o líder nacional na polémica de elementos conotados com a extrema-direita, afastando-se para formar um novo partido.
A sedes "foram encerradas com processos de contencioso", refere comunicado difundido esta semana. Diz ainda que solicitou que a «excluíssem da qualidade de fiadora do contrato da sede, e foi algo que nunca cumpriram». Por isso foi "incomodada pelo senhorio, pelos consecutivos incumprimentos do partido", onde diz haver um "desgoverno e falta de princípios".
Manuel Monteiro "perdeu a militância e os apoios necessários para a manutenção desta sede, que se mantinha inactiva desde a saída da anterior direcção distrital", afirma. Descrevendo a acção pública, destaca as 25 sessões de debate sobre "temas da actualidade de interesse nacional e internacional".

sexta-feira, junho 13, 2008

Políticos do blá, blá, blá...

«Portugal necessita com urgência de ultrapassar este espírito de oportunismo...»

«Encerrada a sede do Porto, e encerrada a sede de Aveiro, ambas passando por um cenário de desgoverno e de falta de bom senso, associados à "falência deste Partido"...»

Com a devida vénia ao Diário de Aveiro

Foi encerrada a sede do Partido da Nova Democracia (PND) em Aveiro. Apenas após cinco meses da demissão da antiga coordenação distrital, encabeçada pela minha pessoa, Manuel Monteiro perdeu militância e os apoios necessários para a manutenção desta sede. É importante referir que se trata do encerramento de uma, das apenas duas sedes distritais daquele partido, que marcava presença em Aveiro e Lisboa. Resta-lhes apenas a ilusão e a ganância da capital, e resta-lhes ainda o tempo e os sonhos perdidos em blá, blá, blá, de mais do mesmo.

Triste exemplo, e triste percurso o do PND. Fundado em 2003, com sede inicialmente no Porto, recheado de bons apoios financeiros e de grandes «figuras», vi ao meu lado na primeira direcção do partido, ex-deputados e politólogos como o inesquecível Paulo Ferreira da Cunha ou o inconfundível José Adelino Maltez, há muito demitidos deste projecto.

Encerrada foi a sede do Porto, e encerrada foi a sede de Aveiro, ambas passando por um cenário de desgoverno e de falta de bom senso, associados à «falência» deste partido, que as deixou envolvidas em incumprimentos e serviços em contencioso, não dignificando em nada os princípios nem os valores que apenas apregoa defender.

Como se já não nos bastassem os partidos do sistema a ludibriar-nos todos os dias, ainda temos de levar nesta falsa democracia com supostas alternativas de mais do mesmo… exemplos destes, só ajudam a destruir ainda mais a imagem da política e dos políticos, e a afastar lamentavelmente os cidadãos de novos movimentos que possam surgir. O povo está cansado dos «profissionais da política» e das mentiras e da falta de respeito que lhes estão associados.

Portugal necessita com urgência de ultrapassar este espírito de oportunismo e de descrédito por um lado, e de extrema desilusão e de desânimo por outro. Com a crise definitivamente instalada um pouco por todo o mundo, aguçam-se as dificuldades e não pode haver lugar a comodismos, já que a nossa situação se transformou num elo tão frágil, que a qualquer momento pode desmoronar.


É importante que surjam novos partidos, mas que constituam mais-valias construtivas para a renovação da nossa democracia, assim como é importante que surjam cada vez mais associações e movimentos de cidadãos livres, que oportunamente se organizem por sectores, interesses e causas, que possam reflectir de forma sincera sobre os problemas do país e fazer acções sérias com propostas e intervenções activas na nossa sociedade.

O país precisa da mobilização das pessoas que sentem a sua realidade, o país precisa de deixar de dar tanta importância aos «iluminados da política», que vivem abrigados à luz do mesmo sistema que por sua vez tentam condenar. É fácil «debitar discursos» bonitos sobre a demagogia de ultrapassar dificuldades, quando simultaneamente se vive alojado no governo de Portugal, nas universidades do Estado, ou nas empresas do Estado com ordenados milionários.

Oxalá que a Selecção de Portugal nos continue a dar mais alegrias, pelo menos para nos elevar a auto-estima, e nos fazer crer que com trabalho, empenho, competência e coragem ainda é possível vencer.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

quinta-feira, junho 12, 2008

Encerrada a sede do PND de Aveiro

Com a devida vénia à Rádio Tera Nova

Foi encerrada a sede do Partido da Nova Democracia (PND) em Aveiro, cinco meses depois da demissão da antiga coordenação distrital, encabeçada por Susana Barbosa.
Trata-se do encerramento de uma das duas sedes distritais do partido, que marcava presença em Aveiro e Lisboa. O PND foi fundado em 2003, com sede inicialmente no Porto.

terça-feira, junho 10, 2008

III aniversário "arestália"

... Já o afirmou Almeida Garrett, somos como poucos, um povo capaz de trocar a servidão pela liberdade. É preciso voltar a lutar por uma nova liberdade, por uma liberdade responsável.

Breve simbologia da bandeira portuguesa

Bandeira instituída em Novembro de 1910, pouco depois da implantação da República em Portugal (5 de Outubro de 1910)

Verde: O verde no ideário positivista e republicano (séculos XIX e XX), simboliza as nações que são guiadas pela ciência. Na versão popular simboliza a esperança no futuro.

Vermelho rubro: O vermelho é a cor das revoluções democráticas desde o século XVIII percorreram a Europa, como a revoluções de 1848, a Comuna de Paris (1871) ou a revolução republicana em Portugal de 31 de Janeiro de 1891. Simboliza a luta dos povos pelos grandes ideais de Igualdade, Faternidade e Liberdade. Na versão popular simboliza os sacrifícios do povo português ao longo da sua história.

Esfera armilar: Emblema do rei D. Manuel I (1469 -1521) e que desde então esteve sempre presente nas bandeiras de Portugal. Simboliza o Universo e a vocação universal dos portugueses. Na versão popular simboliza os descobrimentos portugueses.

Escudo: O Escudo de Armas remete para a fundação de Portugal. Simboliza a afirmação da cultura ocidental no mundo, e em particular dos seus valores cristãos. Os castelos, quinas e os besantes evocam conquistas, vitórias e lendas ligadas à fundação de Portugal por D.Afonso Henriques (1109-1185).